O professor universitário Rodrigo Tosso Dias Lopes já ficou várias noites tentando pegar no sono e demorou a dormir por conta do barulho da música e do burburinho dos freqüentadores de shows que acontecem no estádio ao lado do seu prédio.
“Nestes dias sofremos com o som alto”, critica Lopes. Ele comenta que a proximidade também causa uma certa insegurança noturna, já que durante a semana o local quase não é freqüentado ou fica vazio.
Em São Paulo, por exemplo, quem mora na região do estádio do Morumbi sofre em dias de jogos. Muitas pessoas antecipam a saída do trabalho para evitar o congestionamento na volta para casa.
“O tráfego fica alterado. É um fator negativo, que interfere na logística do morador”, exemplifica Paulo Tadeu Rivalta de Barros, conselheiro da regional do SindusCon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e diretor da construtora Habiarte Barc.
Na hora de comprar um imóvel, a pessoa deve ficar atenta a vizinhança. Fazer uma pesquisa detalhada sobre obras em fase de aprovação a serem construídas na região, pode ajudá-lo a investir de maneira correta.
Ter uma praça próxima à sua residência, por exemplo, além de ser um atrativo pode pesar em caso de uma futura negociação. Já a construção de um cemitério pode afastar futuros compradores.
Ribeirão Preto está se expandindo com a construção de condomínios residenciais, além da zona sul, a leste e mesmo a oeste já possuem este tipo de empreendimento.
Segundo especialistas da área, o fator mais importante na avaliação do imóvel é a sua localização. “A gente costuma brincar que o imóvel tem de ter três ‘pês’. Ponto, ponto e ponto”, conta Barros.
O conselheiro afirma que o imóvel precisa estar localizado no vetor de crescimento ordenada da cidade, com qualidade de infra-estrutura adequada, e com os equipamentos urbanos necessários.
A existência de shopping center agrega valor ao imóvel.
“Os shoppings são empreendimentos bem pensados, que unem o útil ao agradável. Você tem disponível uma grande variedade de serviços, acesso às compras, restaurantes, com conforto”, diz.
Um sistema viário eficaz que proporcione conforto e facilidade de acesso ao imóvel são elementos de valorização.
“Há existência de avenidas com trânsito menos adensado, que não provoquem congestionamento e permitam ao morador chegar e sair fácil de casa”, explica Barros.
Equipamentos do setor da educação, como berçários, escolas e faculdades trazem uma conotação positiva, pois a maioria das famílias tem filhos.
A presença de clubes pode representar algo positivo por conta da manutenção de áreas verdes, proximidade de uma opção de lazer e da garantia de visibilidade, já que não há risco de construção de outro empreendimento no local.
Mas para alguns especialistas depende muito da pessoa que vai comprar o imóvel, já que em dias de festas os ruídos podem tirar o sossego.
Ter uma feira livre uma vez por semana na rua de sua casa pode ser benéfico para algumas donas de casa, mas quando o assunto é valorização do preço do imóvel, pesa negativamente.
Neste dia o trânsito fica impedido na rua, dificultando o acesso.
Está em andamento na Secretaria Municipal de Planejamento o projeto de construção de um cemitério na avenida Celso Charuri, na zona leste de Ribeirão Preto, onde várias empreendimentos estão sendo desenvolvidos.
Cemitério na Charuri
“O projeto está em fase de análise do licenciamento ambiental e aguarda um parecer do Tribunal de Contas do Estado sobre a licitação”, afirma José Aníbal Laguna, diretor do departamento de Urbanismo.
“Um cemitério pode afastar alguns compradores por questões culturais, já que as questão sanitárias são rigorasamente aprovadas”, analisa o conselheiro.
Para checar os projetos em fase de avaliação e a tendência do bairro em que você vai investir Barros sugere que a pessoa procure a Secretaria Municipal de Planejamento e de Gestão Ambiental.
CRESCIMENTO PLANEJADO
A Fiúza se valorizou com a criação do Santa Ângela
O conselheiro do SindusCon comenta que o foco de apartamentos de alto padrão em Ribeirão Preto mudou na metade da década de 90, com a implantação do bairro Jardim Santa Ângela, na zona sul.
“Antes a produção maciça destes imóveis estava concentrada no quadrilátero central”, diz Barros.
Essa nova área já surgiu com um conceito diferente. “Houve um planejamento do bairro, da implantação dos acessos e até mesmo da dimensão dos lotes”, explica.
Estes fatores imprimiram características aos empreendimentos bem diversas das que marcam os imóveis do centro da cidade.
O surgimento de bairros planejados permite uma ocupação e uso muito mais racional.
“No Santa Ângela, os terrenos têm grande porte, os prédios têm grandes recuos, o que permite mais conforto aos moradores”, cita.
Por isso a região atraiu projetos de edifícios de alto padrão, que se valorizam ano a ano.
“Outra âncora determinante foi a construção de shopping, que puxou este crescimento”, analisa o diretor.
Além disso, o bairro está circundado por outros que possuem ampla oferta de serviços e comércio.
“Fica a três minutos do RibeirãoShopping e do Jardim Irajá, que possuem equipamentos como farmácias, padarias e supermercados, por exemplo”, conclui.
São pontos como esses que, segundo especialistas, determinam a valorização de imóveis numa região.
“São atrativos para compradores e até mesmo empreendedores de outras cidades”, conclui o conselheiro do SindusCon.
VALESKA MATEUS