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Risco marca aquisições em áreas em recuperação

Comprar um imóvel em áreas em processo de transformação, como ocorre no centro expandido da capital em função da alta de lançamentos, é uma aposta na incerteza. Os preços mais baixos são, sem dúvida, um atrativo a quem aposta na renovação. Mas a imprevisibilidade da chegada de melhorias - dependentes de ações públicas e privadas - transformam os negócios em investimentos de risco.


Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), José Augusto Viana Neto, é preciso ter cautela antes de realizar uma aquisição: “A pessoa pode comprar um imóvel imaginando um resultado positivo e nada acontecer. Se eu tivesse vendido um apartamento na Rua dos Estudantes (no bairro da Liberdade) há dez anos, o que diria hoje para o cliente?”. Segundo ele, as tentativas frustradas de revitalização na cidade mostram a importância da avaliação prévia.


Entre prós e contras, a dentista Elaine de Moura Campos, de 39 anos, tornou-se proprietária de um apartamento recém-inaugurado em Santa Cecília, a uma quadra do Minhocão e a 350 metros da Rua Apa - um ponto de concentração de viciados em drogas.


“O prédio está a menos de 200 metros do meu trabalho. Em segundo lugar, gosto do comercio do local, e a localização me favorece: estou perto do centro e das saídas da cidade”, explica.


Para a gerente da Lello Imóveis, Elaine Baiter, a localização costuma ser determinante na decisão de compra: “Isto suplanta todas as coisas. Você convive com isso por um tempo com a expectativa mudança”.


A presença de mendigos preocupa a moradora - casada e mãe de um bebê -, mas ela diz respeitar a vizinhança. A dentista frequenta a área desde a infância e mora lá há três anos. Na atual residência, está há dois meses.


A familiaridade com o local é uma característica comum dos compradores, segundo especialistas. “As pessoas, quando compram um imóvel, conhecem as imediações. E procuramos mostrar o que há no entorno”, diz a diretora de atendimento da Lopes, Mirella Parpinelli. Ela garante que a empresa realiza estudos do possível impacto sobre os clientes.


Novos ares. No último fim de semana, a Lopes comercializou em 11 horas todas as 157 unidades do Capital Augusta, lançamento da incorporadora Esser previsto para ser instalado na Rua Paim, Bela Vista. “Há um canteiro de obras na área. Em três anos, quando os prédios forem entregues, haverá outra atmosfera”, prevê.


A diretora de marketing da Abyara Brasil Brokers, Paola Alambert, acredita que a presença de empreendimentos alavanque o desenvolvimento de áreas degradadas: “O movimento do mercado imobiliário acabara empurrando a administração pública para fazer o papel dela”.


Para Mirella, a chegada de novas unidades também movimenta o comércio, gerando um ciclo de renovação. “A verticalização traz infraestrutura de serviços. Se um prédio tem 300 unidades, há no mínimo, 600 pessoas consumindo.”


A expansão informal dos domínios de bairros consolidados explica o dinamismo imobiliário no centro expandido, na opinião do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), Nabil Bonduki: “Essa região está passando por certo dinamismo, porque está muito próxima de uma área já valorizada”.


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