Muitos dizem que, antes de se casarem, duas pessoas precisam morar juntas por um período de experiência, para conhecerem os defeitos do outro e incompatibilidades mútuas. Quem compra um imóvel na planta não tem esse tempo.
Promessas de venda não cumpridas e defeitos construtivos precisam ser pensados antes da entrega para não quebrarem o encanto da casa nova.
Com relação às primeiras, a recomendação é guardar até folders e anúncios publicitários do empreendimento -eles servem como prova de itens anunciados que, assim, terão de ser entregues. Outra dica é pedir que o corretor dê informações sobre o imóvel por escrito.
Foi pela vista para uma reserva biológica do Tamboré (Barueri), prometida pelo corretor, que o empresário Alessandro Steffen pagou R$ 35 mil extras por uma unidade mais cara do empreendimento Ereditá, da construtora Inpar.
"Há três semanas, após mais de um ano sem visitar o local, voltei ao apartamento decorado para verificar o andamento das obras. Lá, fiquei chocado quando percebi que a mata foi desmatada", relata.
A Inpar disse à Folha que "os apartamentos do empreendimento jamais foram vendidos com o apelo de vista eterna para a reserva biológica".
Olho especializado
Se algumas promessas podem ter de ser provadas na Justiça, identificar erros construtivos muitas vezes requer o olhar de um especialista. Dessa forma, antes de se mudar para a casa nova, é indicado fazer uma vistoria cuidadosa do imóvel com a ajuda de profissionais -encanador e eletricista, por exemplo. Eles identificarão mais facilmente problemas como vazamentos e falta de impermeabilização.
A consultora de vendas Vanessa Palleta fez uma lista com 26 problemas no imóvel que comprou da construtora Tenda. O muro de uma das laterais do empreendimento caiu sobre brinquedos do playground.
À Folha, a Tenda informou que a equipe de engenharia da empresa já foi até o local e agendou um plano de ação, com datas definidas. Palleta diz que entrou em acordo com a empresa em reunião realizada na última quinta-feira.
A relação de defeitos apontados pelo publicitário Celso de Souza Alexandre, 36, no apartamento que comprou da construtora Gafisa no Tatuapé (zona leste) inclui paredes fora de prumo, manchas de umidade em paredes e um erro no direcionamento da queda da água no terraço gourmet.
"O ralo está para um lado, e a queda da água, direcionada para o outro", detalha Alexandre. "Desde quando recebemos as chaves, em maio de 2009, foram mais de 40 protocolos de reclamação", afirma. "Sem que nenhum deles fosse atendido."
Segundo a Gafisa, o cliente assinou a vistoria do imóvel sem apontar qualquer problema. As infiltrações, diz a construtora, devem-se à troca do piso do apartamento de cima, feita pelo dono sem impermeabilização adequada. (RM)