Uma churrasqueira é mais que um utensílio para a casa: é um excelente argumento para reunir amigos. E não é só quem mora em casa que tem direito a curtir um churrasco no domingo, não. Os moradores de apartamentos também podem assar a carne no conforto do lar, doce lar (desde que não haja nada contra na convenção do condomínio, é claro). Muitos empreendimentos novos, inclusive, já oferecem esse atrativo nas varandas das unidades. Mas, se não é o caso do seu imóvel, não tem problema: há modelos portáteis de todos os tamanhos, materiais e preços no mercado. A primeira coisa a fazer é escolher o tipo - de carvão, elétrica ou a gás. E o que vai te ajudar a escolher entre uma e outra, inicialmente, é um fator muito simples: o andar onde você mora.
A churrasqueira de carvão tem combustão, no caso, do carvão, e isso faz fumaça. A gordura da carne cai no carvão quente, o que faz ainda mais fumaça. Essa fumaça com cheiro de gordurinha subindo defuma a carne e é por isso que fica gostoso. O problema é que ela não pára na carne, continua subindo, subindo, e invade os apartamentos superiores. O imóvel onde está sendo feito o churrasco, é claro, também fica com aquele cheiro de fumaça impregnado. Para quem mora numa cobertura, na opinião dos churrasqueiros de plantão, é a melhor opção, pois o churrasco fica mais gostoso. Mas, para os moradores dos demais apartamentos, pode ser sinônimo de briga com a vizinhança.
No caso dos apartamentos que já são construídos com churrasqueira a carvão, o projeto do edifício inclui um duto de exaustão de fumaça. Bom complemento para o sucesso da exaustão é o chamado dumper, ou registro, uma chapa metálica localizada na base da coifa acionada manualmente por uma alça. Quando fechado, impede o retorno do cheiro e da fumaça das churrasqueiras vizinhas. Aberto, com a churrasqueira acesa, ajuda a expelir a fumaça pelo duto do edifício. Vale checar se as paredes e a câmara de fogo (lugar do carvão) têm tijolos e rejunte refratários. Esses materiais têm dupla função isolante - intensificam a temperatura interna e impedem que o calor afete as partes de fora.
Já a churrasqueira elétrica não tem combustão, e sim uma grande resistência que fica logo abaixo da grelha. Quem entende do assunto diz que esse tipo assa a carne “direitinho” e é uma boa opção para os apartamentos. Para tentar simular a questão da gordurinha caindo no carvão, é preciso colocar um pouco de água na bandeja. A gordura cai na água, que evapora, vai subindo e pega na carne. Mas não sobe tanto quando no caso do carvão. No máximo, a churrasqueira elétrica vai deixar o apartamento com um pouco de cheiro de churrasco, mas definitivamente, a fumaça que faz é muito menor do que a de carvão.
Quem explica é o empresário paulistano Daniel Rodrigues, autor do blog Deitando o gato na grelha , sobre churrasco, que tem dez mil visitantes únicos por mês. Daniel cresceu em casa com quintal e, depois que se casou, precisou se adaptar à vida em apartamento. A carne no espeto, portanto, também teve de ser adaptada.
“Sabendo fazer, dá pra preparar quase todos os tipos de carne de churrasco na churrasqueira elétrica. O grande problema é o consumo de energia. Costumo brincar que quando acendemos uma churrasqueira elétrica, desligamos um bairro no Paraguai. Mas é muito prática e versátil”, afirma Daniel.
A churrasqueira a gás funciona de maneira parecida à elétrica, e também é uma boa opção para quem não quer fazer fumaça nem ter trabalho com limpeza. Mas a maioria dos modelos são de embutir e, como não é comum os condomínios permitirem a instalação definitiva neste espaço, ela acaba por ser descartada em muitos casos. Até existem churrasqueiras a gás portáteis no mercado, mas o preço é bem mais alto do que o de uma similar elétrica. Outro impeditivo é o botijão, que é proibido em vários condomínios. Assim, o proprietário do imóvel teria de fazer a instalação da tubulação de gás. Em muitos novos empreendimentos que já são construídos com churrasqueira na varanda, no entanto, elas são embutidas na parede e esse é o tipo de combustível usado.
O engenheiro de produção Wladimir Motta é só elogios para a churrasqueira a gás. Há dois anos, ele se mudou com a família para um apartamento no condomínio Cote d’Azur, dentro do Rio 2, na Barra. O imóvel, construído pela Calçada, já foi vendido com o aparelho na varanda (além de forno de pizza).
“Já fizemos aniversários, festa de réveillon, enfim, várias comemorações nesse espaço. Fazemos churrasco, assamos peixe. Não faz sujeira alguma. Há um reservatório com água na parte de baixo para escorrer a gordura. Quando o churrasco termina, basta despejar essa água e lavar a bandeja”, ensina Motta.
As construtoras têm levado esse pequeno espaço de lazer dentro dos apartamentos muito a sério. No empreendimento UpLife, da Even, em Barra Bonita, as unidades com plantas do estilo UpHouse, onde os apartamentos são dúplex, têm varandas nos dois pavimentos - uma com piscina e outra com churrasqueira. Aliás, elas são interligadas, de modo que não é preciso entrar no imóvel para ir de uma área externa à outra.
publicado em 27/10/2010 - Fonte: O Globo