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A utopia necessária e o bom desenvolvimento.

Depois que caiu o muro de Berlim, start do processo de globalização acelerada, desapareceu a utopia comunista. Ou, como querem alguns, foi suspensa por algum tempo. Acabou a era das revoluções. Foram sepultadas as ideologias. Ficou mais claro que Economia é um híbrido de confiança com tecnologia.
Mas as utopias precisam de continuar. E devem continuar mas na mente dos atuais defensores do meio ambiente. É aí que se pode ver que, muitas vezes, com as boas intenções se pode fazer a má gestão, o mau governo. O esquerdista de ontem é o defensor do meio ambiente de hoje. Mas há também a direita escondida.
O presidente Tancredo Neves dizia: “não há nada mais demagógico do que um homem de direita fazendo discurso de esquerda”.
A Ecologia deve subordinar-se à Antropologia. O homem deve ser dono de seu futuro e não subordinar sua saga, seu destino, ao meio em que se situa. Basta ler o texto sagrado, se quisermos partir para o espiritual. Ou fazermos adentrar em campo o bom senso, se quisermos nos ater ao império da razão.
Alguns defensores do meio ambiente querem o contrário. São os sucessores das idéias marxistas. Precisam da utopia para viver. Sempre que possível, utopias financiadas com verbas públicas. Que ninguém é de ferro, não é mesmo? Difícil encontrar um adepto da utopia – seja ela qual for – no setor privado em que a luta pela existência é real, constante.
O assunto vem a propósito da discussão a respeito da ocupação de toda zona leste de Ribeirão Preto, por onde entra a água de chuva que reabastece o aqüífero Guarani. É a recarga.
O aqüífero Guarani localiza-se em quatro países: Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, os quatro fundadores do Mercosul. Portanto, não é nada pequeno. Mas o Brasil é o que tem sua maior parte. Ribeirão Preto, por sorte, situa-se sobre o aqüífero. Ou por falta de sorte porque agora, se forem seguidas as sugestões dos técnicos, toda zona leste não poderá mais ser loteada. Em outras palavras: a cidade pararia aí. E nem poderia voltar a ser construída depois. Ela teria que se desenvolver ou no sentido oeste ou no sentido norte-sul. No sentido norte há pouco o que se expandir. As construções praticamente já atingiram o rio Pardo. Bateram em Jardinópolis. Restaria a zona sul, a zona de maior valorização imobiliária. E restaria também a zona oeste. Desde, claro, que não se agrida o ambiente.
“O presidente Tancredo Neves dizia: “não há nada mais demagógico do que um homem de direita fazendo discurso de esquerda

O que precisa ficar claro é o seguinte: precisamos de ter desenvolvimento sustentado, sem avariar a natureza. É preciso agradar sem agredir. Mesmo que isto custe uma parada ou reduzida no já fraco desenvolvimento urbano de Ribeirão Preto. Fraco perto do que foi o desenvolvimento do passado. Ribeirão Preto não é a mesma. Nem o Estado de São Paulo o é.
O mundo precisa de utopias. Mais do que nunca.
Ribeirão Preto precisa mais ainda. Que tal construirmos um cordão sanitário em torno da zona leste? Ribeirão Preto poderia ser considerada, a partir daí, candidata séria a se tornar capital ecológica do mundo. A água será o mais precioso bem do século XXI. O aqüífero Guarani seria preservado. Parem todos os loteamentos. Pare o desenvolvimento econômico da zona leste. Urgentemente.
Ribeirão Preto precisa de parar.

VICENTE GOLFETO

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