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Casas e indústrias.

Economista afirma que parque industrial do bairro projeta Ribeirão Preto no mercado externo.



ANGELA PEPE

O bairro é conhecido por abrigar uma das mais antigas regiões industriais da cidade e casas de alto padrão, na Zona Leste de Ribeirão, próximo à rodovia Anhangüera.

Oficialmente chamado de Parque Cidade Industrial Lagoinha, o bairro é cortado pela praça da Paz, uma das maiores implantadas na cidade, com cerca de 40 mil metros quadrados, onde há eucaliptos, parquinhos infantis e uma miniferroviária.

Na parte de cima da praça estão sediadas indústrias de diversos segmentos, 106 delas associadas à ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), que atendem não só o mercado brasileiro, mas o internacional.

Com a Lagoinha, a Gazeta completa a décima reportagem em homenagem ao aniversário de 150 anos de Ribeirão, em 19 de junho.

Para o economista Antonio Vicente Golfeto, existe uma relevante representação da Lagoinha por causa do parque industrial. Ele diz que, por causa das fábricas, o bairro projetou a cidade no mercado de importação e exportação.

"Isso aconteceu bem antes da moda da globalização, na década de 80. A Lagoinha foi a ponte que passou a ligar Ribeirão Preto ao comércio exterior. Além disso, o bairro concilia de forma pacífica o centro empresarial às residências", diz.

A Lagoinha foi instituída em 1967 como bairro e seus limites são a rodovia Anhangüera, a avenida Presidente Castelo Branco, a rua Francisco Otávio Pacca e a avenida Antônio Gomes da Silva Júnior.

A quantidade da população local, levantada pelo último censo (2000) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é de 5.267 pessoas em cerca de 1,5 mil casas.

Essa contagem é referente aos bairros do subsetor Leste 8, que engloba o Parque Industrial Lagoinha, Jardim Vista Alegre, Jardim Lacerda, Vila Fernandes e parte do Parque Industrial Anhangüera.

O perfil socioeconômico das famílias residentes nesse subsetor está acima da média da cidade. Cerca de 20% dos chefes de família da região recebem mais do que vinte salários mínimos mensalmente, enquanto que só 7,4% das famílias de toda a cidade recebem o mesmo.

Segundo o historiador José Antonio Lages, que estuda uma das hipóteses de surgimento da Lagoinha, o bairro existe desde 1830.

Os estudos de Lages apontam que o nome do bairro aparece em documentos relacionados a um dos lugares mais antigos de que se tem notícia em Ribeirão Preto.

Segundo ele, existiu um Libelo de Esbulho de Terras - nome dado a um documento de divisão de terras - dizendo que a Lagoinha teria sido alvo de disputa das famílias Dias Campos e Reis de Araújo, ambas de Batatais.

Bar é point de casais

O Parque Bar, de 36 anos, já teve nomes como Lanchorama Lagoinha, Barzinho da Lagoinha, mas sempre foi o point de encontro de namorados e amigos de várias partes da cidade.

O bar fica em frente à rotatória da praça Sir Winston Churchill e, além da cerveja e da música ao vivo, tem uma área verde remanescente do cerrado ribeirãopretano que encanta os freqüentadores fiéis.

De acordo com o administrador do bar, Haifis Chedick Junior, o local está sediado na extensão de um terreno que foi de um dos primeiros donos das terras do local, onde está a mata. Segundo Junior, isso faz o diferencial do bar.

Ele é responsável pelo empreendimento que foi realizado por seu pai em 1970. Junior lembra que a família era dona de dois restaurantes no centro e decidiu abrir o bar na Lagoinha por se tratar de algo inusitado e inexistente em Ribeirão. "O local não era só mais um bar cercado por quatro paredes, mas um espaço arborizado e agradável", diz. (Gazeta de Ribeirão)

Praça conta a história da ferrovia

A paixão do metalúrgico José Leonel Damasceno Filho, desde criança, é o trem e tudo que diz respeito à ferrovia.

Ele conta que o sentimento surgiu a partir de uma viagem que fez de Ribeirão para Franca aos oito anos, partindo da estação da Mogiana.

Por causa disso, Léo, como é conhecido, fez um projeto cultural e, desde 2002, instalou uma miniferrovia na praça da Paz, perto de sua casa.

O projeto inclui uma ferrovia de 400 metros em parte da área verde. Segundo Filho, essa é a primeira miniferrovia do Brasil e tem o objetivo de levar informações sobre o sistema ferroviário brasileiro às pessoas.

Aos domingos, das 9h às 13h, Léo e mais dois colaboradores se reúnem para fazer demonstrações da expedição e contar um pouco da história e da realidade dos trens no Brasil.

Quem vai ao local assiste à apresentação de graça. O maquinista, responsável pela locomotiva é Josué, um garoto de 8 anos, que usa uniforme e até um quepe para lembrar dos velhos tempos de quando existia transporte de passageiros nos trens da Mogiana.

O jardineiro da praça, aos domingos, se transforma em chefe da estação ao lado do idealizador da miniferrovia e a memória ferroviária é reconstituída.

O percurso do trem leva cerca de 15 minutos e, após a viagem, que passa por três estações nomeadas em homenagem a antigos ferroviários, é feita uma palestra sobre as ferrovias do Brasil.

"O meu propósito com esse projeto é simplesmente cultural.” (Gazeta de Ribeirão)

PERSONAGEM

Madalena Garcia Soares, 55, contadora. Ela mora numa casa com 22 cômodos. Ela conta que se mudou para lá quando os filhos ainda eram pequenos e queriam espaço para brincar.

Wellinton Rogério Pelegrino da Silva, 29, comerciante. Em ponto próximo às indústrias diz ter feito clientes fiéis com o comércio de brinquedos, bijouteria e mel.

Renata Cristina Silva Narozny, 32, comerciante. Por causa da quantidade de trabalhadores atraídos pelas empresas do bairro Renata viu uma possibilidade de comércio.

Francisco Leone Tincani Filho, 21, estudante. Ele conta que não deixa de passar na área verde do Parque Bar nem um dia sequer, além de aproveitar para namorar.

Aloysio José Velloso Teixeira, 65, juiz de casamento. Teixeira diz que a mudança para o bairro foi um ótimo acontecimento em sua vida. "Aqui não se precisa ter passarinho na gaiola.”

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