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Venda de imóveis cresce 80% em um ano e já provoca alta de preços

Este será um ano de recordes no mercado imobiliário. Os sinais são de que em 2010 serão vendidos na cidade de São Paulo 38 mil imóveis novos, a maior marca em 30 anos, segundo o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais de São Paulo (Secovi SP).


Impulsionados pelo crédito farto e longo, pelo crescimento da renda e do emprego, pelo programa habitacional do governo e também pela volta de investidores ao mercado imobiliário, os resultados de vendas, lançamentos e financiamentos atingidos nos primeiros meses do ano são surpreendentes. As taxas de crescimento já superam a casa de 80% na comparação com 2009.


"Foi o melhor começo de ano desde 2004", afirma o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. Com a ascensão social das classes de menor renda, primeiro o brasileiro comprou a TV de plasma, depois viajou de avião e agora está realizando o sonho da casa própria, diz.


Só em fevereiro foram vendidos 2.858 imóveis, um número 83,7% maior do que no mesmo mês de 2009 e 89,5% acima do de janeiro. No primeiro bimestre, as vendas somaram 4.366 unidades, com crescimento de 63,5% ante igual período de 2009 e 7% maiores na comparação com 2008, quando a crise ainda não tinha se instalado. Em todo o ano de 2009, foram vendidas 35.832 unidades na cidade de São Paulo, que é o termômetro do mercado imobiliário do País.


Lançamentos. Para atender à demanda aquecida desde a virada do ano, as construtoras e incorporadoras pisaram fundo no acelerador. O volume de lançamentos residenciais na Região Metropolitana de São Paulo no primeiro trimestre deste ano foi o maior da década para o período. Entre janeiro e março, foram lançadas 14.219 unidades, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). O volume é quase o triplo (4.925 unidades) comparado com igual trimestre do ano anterior e 32,5% maior que o de 2008, o último período de boom imobiliário.


"Os números são assustadores", afirma o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia. Ele observa que mais da metade dos lançamentos (56,7%) do primeiro trimestre são de imóveis de dois dormitórios, e só 4,5% se referem a habitações de alto padrão, com quatro dormitórios. "O programa do governo Minha Casa, Minha Vida é um dos principais fatores de aquecimento desse segmento e do mercado."


Preço. Apesar do grande volume de lançamentos, a procura por imóveis menores já provocou elevação de preço, sinal de que a demanda supera a oferta. A cotação média do metro quadrado dos lançamentos de dois quartos em São Paulo subiu 25% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009, aponta a Embraesp. Nos lançamentos de três e quatro dormitórios, os preços aumentaram 6% e 2,4%, respectivamente.


O quadro de aquecimento de vendas e de preços em alta se repete no caso dos imóveis prontos, usados ou novos. A corretora Fernandez Mera Negócios Imobiliários, por exemplo, vendeu 142 imóveis no primeiro trimestre na cidade de São Paulo, 85% residenciais e 15% comerciais. O volume é 38,9% superior ao comercializado no primeiro trimestre de 2009 e 28% maior que em igual período de 2008. "Foi o melhor primeiro trimestre em vendas desde que inauguramos o departamento de usados em 2006", afirma o diretor da imobiliária, Ricardo Carazzai.


Ele observa que os preços dos imóveis prontos, novos e usados subiram, em média, 10% no primeiro trimestre em relação a dezembro do ano passado. "Os descontos são cada vez menores na hora de fechar o negócio."


Um levantamento feito pela imobiliária Lello mostra que o preço dos imóveis usados vendidos pela empresa no primeiro bimestre aumentou 50% em relação às vendas feitas no mesmo período de 2009.


Roseli Hernandes, diretora da empresa, destaca que essa alta de preços não espelha integralmente a valorização dos imóveis. Ela argumenta que, com a maior oferta de crédito, o consumidor está comprando imóveis melhores, que custam mais.


"A maioria dos compradores quer um imóvel de melhor qualidade", confirma Alvaro Coelho da Fonseca, presidente da Coelho da Fonseca.    O Estado de S. Paulo - 25-04-10

 



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