Os consórcios já representam 25% dos imóveis vendidos por financiamento no país, segundo o boletim econômico da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (ABAC) divulgado este mês. O setor registrou um crescimento de 18% em 2007 em relação ao ano anterior e a expectativa para este ano é ainda maior, de 20%. “O crescimento vem se mantendo nesse patamar há cerca de três anos. Hoje já temos uma carteira de 565 mil clientes na ativa em consórcios de imóveis no Brasil. Em 2006 fechamos com 470 mil pagantes”, afirma o presidente regional da ABAC- SP, Luiz Fernando Savian.
Uma mudança gradativa de postura do brasileiro, que está planejando de forma melhor os gastos, e a diferença nas taxas praticadas pelas modalidades do mercado são os fatores que justificam esse aumento na opinião do presidente. Mas o sistema só é vantajoso para quem não tem urgência em adquirir o imóvel. Foi essa diferença nas taxas que levou o vendedor de veículos Denis Alberto Higino a adquirir um consórcio de 120 meses, em 2004, quando decidiu se casar. “Na época fiz uma pesquisa de preços e o valor da prestação de um consórcio ficava bem mais baixa do que de um financiamento. Pago uma taxa de 0,41% de juros ao mês, incluindo a taxa de administração e o seguro de vida. Compensa muito”, conta.
No décimo mês ele foi sorteado e trinta dias já estava com a chave de seu imóvel em mãos. Como a carta de crédito era de R$ 30 mil, na época Higino vendeu o carro para comprar o apartamento de três dormitórios, no Jardim Irajá, escolhido por ele e pela mulher. “Isso pesou para que eu tivesse uma visão positiva do sistema de consórcio. Mas mesmo se não tivesse sido sorteado, optaria pelo consórcio pela vantagem financeira”, comenta.
De fato o custo final do consórcio fica cerca de cinco vezes mais baixo do que as outras modalidades de financiamento. A variação média de juros ao mês, já contabilizando a taxa de administração, o fundo de reserva e seguro de vida, varia de 0,17% a 0,20%, na maioria das administradoras, segundo Savian.Nos financiamentos tradicionais esse juro pode chegar a 2% ao mês. “Essa é a grande razão da descoberta dos consórcios por parte da população”, opina. Outro ponto, na sua opinião que leva a adesão é a possibilidade da cota representar 100% do valor do imóvel. “Contemplada, a pessoa terá o dinheiro em mãos para comprar à vista ampliando a possibilidade de negociar descontos no valor”, analisa.
O prazo médio de contemplação gira em torno de 60 meses, mas a pessoa pode antecipar através de um lance, um investimento de 40% sobre o valor do consórcio. “Muitas pessoas utilizam o FGTS para esse lance”, comenta Oliveira.
Carta de crédito
O valor médio da carta de crédito passou de R$ 55,4 mil em janeiro de 2007 para os R$ 70 mil atuais. No Estado de São Paulo, a ABAC estima que gire em torno de R$ 80 mil por conta do custo do imóveis.
E em Ribeirão Preto esse valor é ainda mais alto, por conta do boom no mercado imobiliário. “Em Ribeirão a demanda significativa é para carta de crédito de R$ 100 mil, por conta dos valores praticados na cidade”, comenta Ricardo Oliveira, gerente comercial de uma administradora de consórcio com mais de 20 anos no mercado.
Brasileiros estão aprendendo a planejar
Para o presidente regional da ABAC-SP, Luiz Fernando Savian. o lançamento de novas modalidades de financiamentos não vai interferir na expectativa de crescimento, por conta da mudança de postura do brasileiro e da diferença de juros que ainda é muito alto.
“São clientes com perfis diferentes. Quem opta pelo financiamento é aquele que não fez uma programação de compra, um planejamento e precisa adquirir de imediato o imóvel. O consórcio é uma poupança planejada para aquisição da casa própria. Nosso papel é impor uma disciplina para o grupo de consorciados”, explica Savian.
Postura
Reflete também uma mudança de postura. Uma pesquisa do Datafolha encomendada pela ABAC mostra que 50% da população economicamente ativa pretende comprar um imóvel nos próximos 3 anos.
“Na pesquisa constatamos que destes que pretendem comprar, 70% querem adquirir à vista através de uma poupança”, informa.
“Houve uma mudança de postura. Aquela frase de que se compra de acordo com as prestações que cabem no bolso está perdendo espaço”, completa.