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Centro guarda história.

Centro é uma região que carrega, além da história do bairro, também parte fundamental do nascimento de Ribeirão Preto, quase 150 anos atrás. A região guarda a história da cidade, mostrada pelos prédios históricos ao redor, principalmente, da praça 15 de Novembro.

Moradores antigos, a maioria em edifícios construídos a partir do fim da década de 60, dão uma espécie de identidade própria à região. Eles adotaram o local pela facilidade de acesso e por não precisarem fazer uso de meios de transporte.

Por outro lado, o Centro congrega a diversidade social, cultural e racial, com os milhares de visitantes que passam diariamente por suas ruas, calçadas, praças e calçadões.

Por tudo isso o Centro foi escolhido para fechar a série de 24 reportagens "Bairros de Ribeirão", proposta da Gazeta em homenagem ao aniversário de 150 anos da cidade, no próximo dia 19 de junho.

Por ser a região central o bairro é referência para o resto da cidade e também, de acordo com a ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), local de convergência de moradores de municípios em raio de 100 quilômetros, que vêm em busca do variado comércio.

De acordo com o superintendente da associação, Lino Strambi, existem cerca de 2,5 mil estabelecimentos comerciais no Centro. "O fato de ainda recebermos pessoas das cidades vizinhas torna Ribeirão um pólo comercial extremamente forte no cenário nacional", diz.

Strambi afirma que em agosto de 2003 foi feita pesquisa que registrou que 500 mil pessoas passaram pelo calçadão naquele mês. No Natal do mesmo ano, quando foi feito o último registro, foram computadas cerca de 1 milhão de visitas no mês de dezembro.

De acordo com o último censo (2000) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a região central abriga cerca de 17,4 mil habitantes em quase 7 mil domicílios.

O Centro é delimitado por quatro das avenidas mais importantes da cidade: Jerônimo Gonçalves, Francisco Junqueira, Independência e Nove de Julho.

O início de Ribeirão, de acordo com o professor Fernando Gelfuso, teria sido no Jardim das Palmeiras, Zona Leste. Ali, anos antes da fundação oficial - em 1856 - foi erguida a igreja de São Sebastião, santo padroeiro da cidade.

De acordo com pesquisas do Arquivo Público e Histórico, na seqüência houve a demarcação definitiva do Patrimônio de São Sebastião. Uma capela foi construída próxima à praça XV, entre as ruas Barão do Amazonas, Cerqueira César, General Osório e Duque de Caxias.

Após 1861 foi feita doação em dinheiro para a construção de uma nova igreja, onde foi denominado de Largo da Matriz e hoje está a fonte luminosa da praça 15.

Gelfuso explica que o modelo de cidade como Ribeirão, que se desenvolveu em volta da igreja e da praça, é baseado nas organizações de cidades modernas estabelecidas após a Revolução Francesa (século 18).

PERSONAGENS

João Batista Faleiros, médico aposentado. Conta que já fez mais de mil partos e hoje faz da praça cenário de suas trovas e moradia. "Me inspiro no infinito azul dessa praça".

Catharina Mabtum Paterno, dona-de-casa. Acompanhou momentos de auge, incêndio e reconstrução do Pedro II, pois sempre morou ao redor do teatro.

Osonia e Angela Biagi. As irmãs moram em uma das poucas casas que ainda restam no centro, em frente à Catedral. "Nos mudamos para cá há cerca de 60 anos".

Alan Alex Andrade, mecânico-cênico. Mudou de carreira pelo amor ao teatro. "Estou dentro do Pedro II desde o restauro, há 12 anos. Minha vida mudou. Aqui tem magia".

Ophélia e José da Silva, dona-de-casa e aposentado. Moram no centro para não usar carro. "O que mais gostamos é da vida em comunidade que podemos levar dentro de um prédio".

Leila Teixeira Serio Miranda, aposentada. Foi primeira moradora do edifício Salles Pupo, nos anos 70, na General Osório. Tinha que contar com o porteiro para usar o elevador.

Alcemir Milani, gerente da Boutique Dirceu. É conhecido no centro como “Neném”. Ali, mora e tem duas lojas. "Estou aqui há vinte anos e não quero sair".

Lourdes Bertozzo Casquel, pensionista. A maior parte da vida morou no centro de Ribeirão. "Não sei morar em outro lugar, só aqui tenho o Pinguim e o Pedro II no quintal".

Área tem prédios históricos

O Centro reúne dezenas de prédios imponentes que são marcos da história e da arquitetura de Ribeirão.

Um deles é o quarteirão paulista, fruto da produção do café na cidade no começo do século 20.

Ele é formado pelo conjunto arquitetônico que engloba o Theatro Pedro II, o prédio do antigo Palace Hotel e o edifício Meira Júnior, onde funciona o Pingüim.

Ainda, na região também está situado o edifício Diederichsen, primeiro da cidade, construído com cinco andares pelo imigrante alemão Antonio Diederichsen para fins comerciais.

No centro também está o Palácio Rio Branco, sede da prefeitura, a catedral metropolitana, o mercado municipal, o museu de arte de Ribeirão, a biblioteca Altino Arantes e Padre Euclides, além de palacetes particulares.

O Secretário do Planejamento, José Wilson Laguna, conta que todos esses prédios traduzem a diversidade da arquitetura de diferentes décadas ao longo da história da cidade. (Gazeta de Ribeirão)

Calçadão alavanca comércio

A construção do calçadão em Ribeirão Preto, na década de 90, foi o marco que alguns lojistas dizem ter sido importante para o comércio local.

Lino Strambi, da ACI-RP e um dos primeiros lojistas da rua Barão do Amazonas, conta que a obra faz parte do que diz ser seu sonho. "A revitalização do centro e a transformação dele em um shopping a céu aberto", diz.

Para o lojista e presidente da Sincovarp (Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto), Pedro Além, o local é, além de de referência comercial, palco de comemorações e manifestações,

O Secretário de Planejamento, Wilson Laguna, trabalhava na prefeitura quando o local foi construído e conta que na década anterior a construção foi feito um estudo para a tentativa da viabilidade da obra.

"A análise foi feita e constatou-se que não havia necessidade da construção de calçadão na década de 80. Mas, após dez anos, a obra viabilizou mais o comércio local e o incremento dele", diz.


ANGELA PEPE

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