A opção de financiar a compra da casa própria por meio de linhas de crédito que não adotam correção das parcelas pela TR (Taxa Referencial) é, hoje, a mais atrativa para o bolso do mutuário, dizem especialistas.
Esse quadro é válido especialmente para os prazos de financiamento mais longos --15 ou 20 anos--, nos quais a possibilidade de variação do cenário econômico do país é maior.
"O plano de parcelas prefixadas contratado hoje será mais vantajoso se a TR subir ao longo do tempo, e menos vantajoso se ela cair", explica o economista Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac (associação de executivos de finanças).
A curto prazo --um, dois ou três anos--, diz ele, a tendência é que a TR caia, o que tornaria o financiamento sem correção menos atrativo, uma vez que suas taxas de juros são maiores por embutirem um reajuste previsto para os próximos anos.
Cenários
Por outro lado, "em dez, 15 ou 20 anos, muita coisa pode acontecer", prevê o economista. "Uma crise externa pode afetar o país, causando inflação e elevando o fator de correção."
Se isso acontecer, quem contratou o financiamento sem correção pela TR real, com as parcelas já conhecidas para todo o período de pagamento da dívida, estará resguardado contra as flutuações da economia.
Cálculos de Oliveira mostram que um eventual ganho na contratação de um plano com juros menores, mas que terá as parcelas corrigidas, não compensa o risco que se vai correr.
"O máximo que se conseguiria economizar, entre o total pago em um plano com correção e um sem, seria 4,43%, na melhor das hipóteses, que é a de a TR chegar a zero", analisa.
Se subir cinco pontos percentuais, por exemplo --"o que é totalmente possível"--, o imóvel pode ficar 10,89% mais caro pelo plano com correção.
Diferença de 2,5%
Vale lembrar, porém, que esse raciocínio só será válido se a diferença das taxas entre os dois tipos de plano estiver em torno de 2%, que é justamente o valor da TR hoje.
Foi essa a diferença que Oliveira usou em seus cálculos, e ela corresponde à TR prefixada que os bancos aplicam na modalidade de financiamento que utiliza esse recurso --projeta-se uma TR de 2% para reajustar antecipadamente as parcelas por todo o prazo do plano.
"Até a diferença de 2,5% [entre as taxas de juros], a opção deve ser pelo financiamento com parcelas prefixadas", crava João Teodoro da Silva, 55, presidente do Cofeci (conselho de corretores). "Acima disso, começa a ficar desvantajoso."