Projeto do prefeito aprovado pela Câmara permite que empresas sigam em avenidas até aprovação do Plano Diretor.
GUILHERME CAMPOS
A Amor (Associação Moradores de Ribeirânia) entra na próxima segunda-feira com uma representação no Ministério Público Estadual de Ribeirão Preto para apurar suposta improbidade administrativa do prefeito Welson Gasparini (PSDB). A ação foi motivada pela aprovação de um projeto de lei de autoria do chefe do Executivo na última quinta-feira na Câmara, que autoriza temporariamente o funcionamento de estabelecimentos comerciais em avenidas nobres da cidade.
Na última semana a própria prefeitura notificou 197 comerciantes nas avenidas João Fiúza, Maurílio Biaggi, Presidente Kennedy e Costábile Romano, para que interditassem seus estabelecimentos, em cumprimento a uma determinação do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo. Destes apenas 26 tinham alvará de funcionamento. A decisão do tribunal foi baseada na inconstitucionalidade da lei municipal nº 1599 de 2003, que autorizava a atividade nas avenidas, por vício de origem. A lei deveria ter partido do Executivo e não do Legislativo.
O chefe do departamento de fiscalização geral, Vanderci Faustino, afirmou em entrevista à última edição, que os comerciantes que continuassem funcionando após o recebimento da notificação seriam levados, caso a caso, à esfera judicial.
Segundo o prefeito Welson Gasparini (PSDB), o projeto foi motivado devido a uma manifestação da ACI (Associação Comercial e Industrial) em respeito ao prejuízo e a quantidade de empregos extintos com o fechamento dos estabelecimentos. "O prejuízo destes comerciantes seria incalculável. Então me parece de bom senso aguardar até a aprovação do Plano Diretor, em outubro", disse. Segundo ele o projeto é abrangente e prevê que todas as avenidas sejam enquadradas como corredores comerciais.
Segundo o presidente da Amor, Ivens Telles, o projeto do prefeito feriu a constituição municipal na medida em que não consultou o artigo 159 da lei complementar nº 501 de 1995, o qual prevê que toda e qualquer alteração de zoneamento teria de ser feita por meio de audiência pública. "Ele deu preferência para quem desobedece a lei. O prefeito prefere atender comerciantes ao invés do cidadão, que é digno e cumpridor dos seus deveres."
Já o especialista em direito administrativo Evandro Grili disse que ao contrário do projeto anterior a atual lei não tem nenhum vício de origem por ter sido feita pelo Executivo. "A lei não exclui a supremacia do Plano Diretor. Quando ele for votado e aprovado, todas as leis anteriores serão revogadas. Daí será dito se o comércio será permitido ou não".
Segundo o vice-presidente da Associação dos Empresários da Avenida Costábile Romano, Gustavo Defina, com o projeto a associação não irá mais impetrar mandatos de segurança como dito anteriormente. "É uma solução que deveria ser tomada há muito tempo. Agora as pessoas que não tinham conseguido tirar o alvará vão conseguir tirar", disse.
O promotor da habitação Antônio Alberto Machado foi procurado, mas não foi encontrado até o fechamento desta edição.
Comur desaprova ação de Gasparini
Segundo ele, a ação não poderia ter sido encaminhada ao Legislativo sem antes um parecer técnico de engenheiros e arquitetos sobre o impacto nos bairros. "A questão da liberação do comércio deve ser muito bem discutida", disse.
Freire afirmou que vários aspectos devem ser levados em conta de acordo com a característica de cada avenida. "Isso vai interferir, por exemplo, no aumento do tráfego nos lugares onde há comércio, o que influencia também na vida dos moradores do em torno."
Segundo o presidente da Associação dos Comerciantes da Avenida João Fiúza e dono de uma panificadora na avenida, Lauro Cristaldo, o projeto do prefeito tranqüilizou os comerciante. "Tenho 35 funcionários que dependem de mim. Investi aqui no meu comércio cerca de R$ 450 mil. Se ficasse de portas fechadas até a aprovação do Plano Diretor iria a falência".
Segundo ele só na avenida são cerca de 30 empresas e 150 empregos diretos em jogo. "Muitas famílias iriam ficar desempregadas. É no mínimo sensato por parte do prefeito tomar esta atitude em nos deixar funcionar até que o impasse seja resolvido de uma vez com a aprovação do Plano Diretor", disse.