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Palace Hotel vai abrigar um Centro Cultural

Jucimara de Pauda

Os pedreiros trabalham a todo vapor para terminar as obras do Palace Hotel que dentro em breve vai se tornar um Centro Cultural e receber as manifestações artísticas de Ribeirão Preto e região.
O prédio que estava abandonado há vários anos já ressurge com a beleza e esplendor do início do século quando foi construído por Adalberto Oliveira Roxo com o nome de Central Hotel para receber políticos e compradores de café europeus.
“Na década de 40 passa a ser chamado de Palace Hotel porque existiam vários hotéis no país que traziam o nome Palace, então para a época representava imponência”, afirma Cláudio Henrique Bauso, do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto. “Descobrimos o nome quando fomos mexer na parte de cima do prédio. Está gravado com cimento na parede. Para tampar colocaram um latão cobrindo. Quando retiramos percebemos e deixamos o original”.
Com o declínio do setor cafeeiro em 1929, o hotel começou a ficar decadente. Mesmo assim continuou a receber personalidades famosas e na década de 60 passaram pelo prédio a cantora Ângela Maria e os integrantes da Jovem Guarda.
Em 1927, Roxo vendeu o prédio para a Cervejaria Paulista, que em 1972 passou para a Antártica, que recebeu o prédio.
Com o surgimento de novos hotéis na cidade, o Palace começou a ficar sem clientes e teve que fechar em 1992.
A parte térrea do prédio, que foi usada para locação, recebeu vários inquilinos que se cansaram de pintar e quebrar paredes modificando todo o visual do local que depois de muitos estudos foi recuperado em sua forma original.
Na parede, em dois quadros, pode ser vista como era a cor original. Parece madeira e foi feita à mão. Quem for visitar o Palace pode até nem perceber este detalhe, mas vale a pena chegar perto e observar a riqueza dos detalhes do artista que pintou o Hotel.
Neste local, segundo Cláudio Henrique Bauso, do Conppac, vai funcionar um café durante 24 horas.
Em 1993, foi feito o tombamento do Palace Hotel e a permuta com a Antártica aconteceu em 1996. De lá para cá começou a luta para a restauração do prédio e com a ajuda da iniciativa privada já foram gastos na obra R$ 3,740 milhões.
A reforma levou em conta a necessidade de preservação das características originais com base no projeto elaborado pela Secretaria Municipal da Infra-estrutura e aprovado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo).
Os trabalhos de restauração exigiram a contratação de um especialista do Rio de Janeiro, com larga experiência em prédios históricos. O prédio do Palace teve a reforma iniciada em outubro de 2001, a partir de um projeto básico que previa a demolição de paredes internas, novo telhado, substituição das redes hidráulica e elétrica e restauração.
A restauração resgatou os apliques de gesso e podem ser vistos neles o desenho, em alto relevo, do cacau e do café, as grandes riquezas da época. “Eram feitos em fôrma e depois eram trazidos para serem colocados na parede”, afirma Bauso. Os florões do lustre também são originais.
O mezanino, onde as orquestras do século XX tocavam para chás beneficentes, está à espera de novas apresentações e pronto para relembrar os velhos tempos.
Segundo Bauso, o prédio tem estilo arquitetônico eclético, com traços neogótico e da bele époque. “O prédio representa a transição entre o barroco e o modernismo”.
A cozinha do Palace virou uma sala com espelhos e própria para dar apoio aos grupos que forem se apresentar no local.
As salas da parte de baixo do Palace são espaçosas e próprias para receber eventos sociais. Já os quartos do hotel, que ficam na parte de cima, são pequenos e na época de funcionamento das acomodações, devia ter apenas uma cama. Os corredores são estreitos e o banheiro coletivo.
Quem entra no Palace se depara com uma escadaria de mármore Carrara legítimo italiano. Algumas portas estão com os vidros franceses originais e até algumas fechaduras foram restauradas.
As madeiras da janela são de pinho de riga alemão e o rodapé foi feito de marmorino. “Eles não tinham como transportar o mármore, por isto transformavam o produto em pó e traziam para o Brasil. Quando chegava aqui era misturado com a cal e fixado na parede”.
A porta do Palace Hotel, que foi feita sem soldas e inteiramente a mão com rebites e vidro francês, em breve estará aberta para que a população possa entrar e conhecer um pouco da história de Ribeirão Preto.
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