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As ruas sem saída.

Com 4 mil habitantes, Ribeirânia tem também 2 universidades, 1 estádio e algumas das melhores vistas de RP.



ANGELA PEPE 
Com ruas sem saída, duas universidades, um estádio de futebol, algumas das vistas mais bonitas da cidade e padrão de classe média alta o bairro Ribeirânia, Zona Leste de Ribeirão, é considerado um dos locais com maior qualidade de vida no município.

O bairro é cortado por uma das avenidas mais arborizadas da cidade, a Costábile Romano, e em seu projeto urbanístico a maioria das ruas foram previstas sem saída como forma de segurança.

A Ribeirânia é o vigésimo na série "Bairros da Cidade" que a Gazeta faz em homenagem aos 150 anos que Ribeirão comemora em 19 de junho.

Até a data do aniversário a série ainda vai falar dos bairros industriais, Alto da Boa Vista, Sumaré, Bonfim e Centro.

De acordo com informações da Secretaria de Planejamento, a Ribeirânia foi aprovada em 1967 e a planta de seu projeto trazia uma proposta urbanística inovadora para a época.

Segundo o diretor do Departamento de Urbanismo da Secretaria de Planejamento, José Anibal Laguna, o bairro previa quadras de faixas verdes entre um quarteirão e outro e casas de alto padrão.

Ainda, diz que as servidões de água pluvial e esgoto foram planejadas de uma forma que pode ser econômica para quem constrói no bairro.

Na planta da Ribeirânia estavam previstas ainda áreas reservadas exclusivamente para a construção da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto) e o estádio Santa Cruz.

Além disso, o projeto prevê que o bairro seja estritamente residencial com apenas cinco áreas reservadas para a abertura de lojas de prestação de serviço.

A professora Vera Regina Paro Ferreira conta que se sente tranqüila com a vida que o bairro lhe proporciona e afirma estar perto das facilidades que precisa como o Novo Shopping e supermercados. "Além disso, acho que os vizinhos são muito amigos, se preocupam uns com os outros", diz.

Além das áreas verdes e o cultivo de algumas árvores pelos moradores, na Leão XIII existe um bosque de eucaliptos, na descida para a avenida Maurílio Biaggi.

Na rua Angelo Zanello, paralela a avenida Costábile Romano, existe um mirante para onde jovens casais iam, anos atrás, para ver o pôr-do-sol e namorar em uma espécie de jardim.

A delimitação geográfica da Ribeirânia fica entre a avenida Presidente Kennedy e as ruas Argeu Fuliotto, Abrahão Issa Halack e Pedro Pegoraro.

De acordo com dados do último censo (2000) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o bairro apresentava aproximadamente 4 mil habitantes em quase mil residências.

Segundo o IBGE, a Ribeirânia está no sub-setor Leste 6 ao lado da Nova Ribeirânia e parte da Lagoinha.

O bairro é de classe média alta e, dos 995 chefes de família da região, cerca de 55% deles recebem acima de 15 salários mínimos, a partir de R$ 5,2 mil.

PERSONAGENS

Sonia e Kenneth Swayze, aposentados. Ela é brasileira e ele, americano. Se conheceram no começo da vida adulta, se reencontraram após quase 40 anos e se casaram. "Aqui é o melhor lugar em que já morei", conta Kenneth.

Tania Monteiro, dona-de-casa. Na rua em que ela mora foi montado um espaço de convivência bancado pelos vizinhos. "Conseguimos um fato inédito que é reunir as famílias, cerca de 50 pessoas", diz.

Tadeu Bravo, farmacêutico bioquímico. Ele diz que a vantagem do local em que mora, a última casa da via sem saída, é não ter trânsito de carros. "Além de plantarmos nossas árvores, tem o canto dos pássaros", afirma.

Conceição de Maria Barbosa Marques, pedagoga. Conta que veio de João Pessoa aos 22 anos e criou as raízes acadêmicas e profissionais aqui. "Me sinto privilegiada, principalmente quando olho a vista da minha janela", diz.

Rita Carlucci, dona-de-casa. Diz que, apesar de estar em um bairro de classe alta, os vizinhos são pessoas bastante simples. "Aqui ninguém tem pose, todos se dão bem em comunidade, vivem tranquilos", diz.

Duas entidades especiais

No bairro estão sediadas duas instituições de atendimento ao aluno especial, a Egydio Pedreschi e a Apae (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais).

A Egydio Pedreschi, ao lado da Unaerp, é a única escola municipal de educação especial de Ribeirão.

Ela foi criada em 1991 por pais de alunos deficientes que precisavam de atendimento especial. Atualmente a Egydio atende cerca de 400 alunos com programas de ensino fundamental e educação profissional básica.

Além disso, também oferece projetos específicos por meio de convênios e parcerias.

A Apae está sediada em um terreno de doação com 19 mil metros quadrados na rua Coracy de Toledo Piza.

Em 2006 a associação faz 40 anos de atendimento pedagógico e terapêutico às pessoas portadoras de deficiência mental ou múltipla, sem restrição de idade.

Atualmente a Apae de Ribeirão atende cerca de 350 alunos em vários programa que visam, principalmente, a integração do aluno especial na sociedade. (Gazeta de Ribeirão)

Costábile foi prefeito

A avenida Costábile Romano, leva o nome de ex-prefeito que fez obras como o Mercado Municipal e o pavilhão do Museu do Café.

Romano esteve à frente do executivo de 1956 a 1959 e organizou a festa do centenário da cidade quando trouxe o então presidente Juscelino Kubitscheck.

De acordo com informações do arquivo público municipal, o prefeito foi quem criou a bandeira da cidade.

Ainda no centenário organizou um concurso popular para oficializar o Hino a Ribeirão. O vencedor foi o poema de Saulo Ramos que foi musicado por Diva Tarlá. (Gazeta de Ribeirão)

Comércio tem polêmica

Por lei a Ribeirânia não pode ter estabelecimentos comerciais construídos no loteamento, exceto em cinco áreas destinadas para esse fim.

De acordo com a Amor (Associação de Moradores da Ribeirânia), que existe há 35 anos, há 60 lojas instaladas no bairro e 40 delas estão sem alvarás de funcionamento.

Segundo o engenheiro e presidente da Amor, Ivens Delles Alves, a qualidade de vida no bairro só não é "excelente" por causa do comércio irregular. Moradores da rua João Nantes Junior afirmam concordar com a associação e dizem ser inaceitável a presença de comércio na Ribeirânia.

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