foto: F.L. Piton/A CIDADE
Ferraz Jr.
A movimentação dos três shoppings centers de Ribeirão Preto gera uma economia no comércio instalado no entorno dos empreendimentos, pelo menos para a grande maioria das lojas que decidiram se instalar do lado de fora, e que têm no fluxo de consumidores dos shoppings seu grande público alvo. Isto valoriza os imóveis e os negócios.
A proximidade com os shoppings centers, principalmente os mais centrais como Santa Úrsula e RibeirãoShopping deixa as ruas ao redor desses empreendimentos praticamente sem imóveis comerciais para alugar. “O negócio é vantajoso porque o aluguel fora do shopping é muito mais barato”, garante o supervisor de rede da Drogaria São Carlos, Celso Antônio Rodrigues. Instalado na esquina das ruas Garibaldi e Campos Salles, a loja da drogaria ocupa um prédio grande, com estacionamento na porta e paga R$ 2,4 mil de aluguel mensal.
O horário de funcionamento acompanha o do Shopping Santa Úrsula, instalado na frente da drogaria. “Cerca de 90% do nosso movimento vem do shopping”, garante. Isso dá ao negócio uma vitalidade que não existiria de outra forma. “Os descontos que damos nos medicamentos são maiores que os oferecidos pelas farmácias do shopping porque pago aluguel menor e tenho mais margem para trabalhar”, analisa. Há um ano no local, Celso afirma que a rede acertou na estratégia. Antes, funcionaram no local uma padaria e outra farmácia.
Outra loja que se instalou nas imediações do Santa Úrsula, mesmo antes das obras do shopping terem início, foi a Maniglia Calçados, especializada em calçados Opananken, instalado na rua São José, ao lado do shopping. “Quando tive a notícia de que o shopping ia se instalar onde era o colégio, busquei um ponto para montar o negócio e tirar proveito do público consumidor que transita pelo Santa Úrsula”, analisa o comerciante Roberto Maniglia. Ele calcula que se não tivesse o shopping, seu movimento seria 20% menor.
Para atrair o consumidor, adotou estratégias como convênio com o estacionamento do Santa Úrsula e estampou na fachada a vantagem oferecida. “Já tive propostas para me transferir para dentro do shopping mas prefiro ficar onde estou, até porque o aluguel é bem mais barato”, afirma sem revelar quanto paga por mês pelo ponto.
De trás do balcão, de onde pode monitorar todo o movimento da loja, a vendedora Adriana Ferreira consegue ainda, dar uma espiada em quem entra e sai pela entrada principal do Santa Úrsula. A loja em que trabalha, a Artes Geraes, na São José esquina com a Campos Salles, tem uma visão privilegiada do movimento e com isso, consegue capitalizar alguns consumidores do shopping em busca de opções para presentes e decorações. “A loja estava situada no Boulevard e há quatro anos se mudou para cá. Valeu a pena”, garante. Ela diz que o movimento em relação ao antigo ponto dobrou ao longo do tempo.
Na mesma quadra, a Stela Maria Acessórios, loja de bolsas e acessórios femininos, não teve a mesma sorte. Depois de três anos instalada no local, a proprietária pensa em sair devido às vendas fracas. “O aluguel do ponto é R$ 1,5 mil por mês. É alto para o tamanho do ponto e não sentimos nenhum benefício devido à vizinhança do shopping”, diz Marica Campos de Sá, irmã da proprietária da loja.
Corredores
Diferentemente do Santa Úrsula, o movimento no entorno do RibeirãoShopping e do Novo Shopping se acentua devido ao comércio instalado nos corredores de acesso, como as avenidas Presidente Vargas e Costábile Romano, respectivamente. Segundo Valmir Ruiz, da J. Ruiz Imóveis, instalado a duas quadras do Santa Úrsula, esse segundo perfil cria uma demanda maior por lojas comerciais do que as ruas do centro que cercam o shopping do bairro Higienópolis.
“O maior problema do comércio no entorno do Santa Úrsula é a falta de estacionamento. Quem vai ao shopping a pé é o jovem, que não consome nas lojas do entorno”, analisa. Segundo Valmir, o valor do imóvel comercial nos corredores de acesso custa entre 15 e 20% mais barato que nos shoppings.
Já nos corredores de acesso aos outros dois shoppings, a situação é diferente. Pensando em captar o público classe A que deixa o RibeirãoShopping pela saída principal, a Corazza, loja de decoração e design de interiores se instalou há seis anos no local e não tem do que se queixar.
“Cerca de 70% dos clientes que atendemos nos finais de semana são os que chegam ou saem do shopping”, garante a gerente Sandra Zampiero. Ela revela que também recusou convite do shopping para se instalar no empreendimento. “É o tipo de loja que ainda é comércio de rua e não de loja, pelo tempo que damos ao atendimento ao cliente”, analisa. “Sem contar o valor do aluguel”, afirma.
Na Costábile Romano, já na esquina com a Presidente Kennedy, uma casa serve de loja para móveis de jardins. Inaugurada há pouco mais de um ano, a loja Star Design sente o fluxo de clientes se formar entre os que freqüentam o Novo Shopping. Estrategicamente instalada para ser vista pelo consumidor que chega da região, os resultados, no entanto, estão aquém do esperado. “Esperávamos um movimento 30% maior”, revela o comerciante Luiz Fernando Afonso Jr.