O lançamento de imóveis na capital caiu cerca de 52% na comparação entre o volume do primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Sindicato da Construção Civil (Secovi-SP), de janeiro a abril de 2009 foram lançadas 4,2 mil unidades ante 8,7 mil oferecidas no mercado nos primeiros quatro meses de 2008.
Segundo Celso Petrucci, economista chefe do Secovi-SP, um dos principais motivos da redução está no fato de que 2008 e 2007 foram dois anos “excepcionais” para o setor imobiliário (veja quadro). Ele afirma também que as construtoras e incorporadoras foram diretamente afetadas pela crise de crédito que se abateu sobre o mercado no fim de 2008. “Como consequência, diz, diversas companhias que tinham projetos para apresentar ao mercado em 2009 resolveram esperar um melhor momento para fazê-lo”, comenta.
Petrucci afirma que, apesar da redução, o setor espera fechar o ano com 28 mil unidades lançadas e aproximadamente 29 mil comercializadas. “O restante é parte do que foi lançado em 2008, mas entrou 2009 em estoque”, observa. Segundo o Secovi-SP, em 2008 foram vendidas 32,8 mil unidades na capital.
Luiz Paulo Pompeia, diretor de Estudos Especiais da Empresa Brasileira de Análise de Patrimônio (Embraesp), reitera que os anos de 2007 e 2008 foram “pontos fora curva” para o setor, isto é, a demanda ficou bem acima da usual. Na avaliação dele, o número de lançamentos deve fechar o ano próximo de 2006, quando chegaram ao mercado 26 mil novas unidades. “Seria considerado um desempenho normal do mercado”, afirma.
CUSTOS - Pompeia também atribui o arrefecimento dos lançamentos ao custo dos empreendimentos. Ele explica que a nova lei de zoneamento da capital, em vigor desde 2004, reduziu a parcela da área total que pode ser destinada à construção, o que diminui o número de unidades que podem ser erguidas e eleva o custo de cada uma delas. “Isso fez com que muitos consumidores fossem buscar alternativas em cidades vizinhas”, afirma.
Osmane de Oliveira Filho, coordenador do curso de pós-graduação em Negócios Imobiliários da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), afirma que outro agravante foi a elevação do preço dos terrenos por conta da procura para novos empreendimentos, principalmente em 2007 e 2008.
Na opinião de Oliveira Filho, em bairros como Moema e Itaim, os imóveis novos tendem a ficar mais caros porque, segundo ele, já há escassez de espaço para empreendimentos. “Em compensação em pontos como Ipiranga e Mooca isso não deve acontecer”, analisa.
José Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP), não acredita num eventual aumento generalizado nos preços dos imóveis por conta da diminuição de lançamentos. “Isso afugentaria os compradores e traria mais problemas”, diz.
USADO É OPÇÃO - Viana Neto afirma que na falta de imóveis novos, os usados são uma alternativa. “Não raro, proporcionam melhor negócio, pois, muitas vezes, o preço não é o mais importante”, diz. Ele lembra que muitos proprietários de imóveis usados recorrem à venda para investir o dinheiro em outro negócio ou colocá-lo em algum investimento.
Flávio Panhoni, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista, no entanto, alerta para o fato de que a compra de imóveis usados pode acarretar mais gastos com reformas e taxas ou impostos em atraso.
O Estado de S. Paulo - 25/06/2009