foto: F.L.Piton/A CIDADE O movimento ainda é discreto mas existe. Aos poucos, profissionais liberais começam a escolher o centro da cidade para estabelecer seus negócios. Algumas imobiliárias ainda não sentem esse refluxo, mas há quem aposte numa lenta recuperação do centro como um novo foco de prestação de serviços para médicos e advogados, por exemplo. O presidente da regional da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Jorge Marcos Souza, é o mais novo integrante dessa turma que vê na região central da cidade uma boa oportunidade para aumentar a demanda de clientes. “A maioria dos meus clientes são de trabalhadores, por isso o centro da cidade é uma boa opção. É verdade que fico longe do Fórum, mas é um problema meu. Se eu me estabelecesse perto do Fórum, o problema seria dos meus clientes.” Há 15 dias, o advogado voltou para o conjunto de 100 metros quadrados que possui em um edifício no centro da cidade, que inclui seis salas. Ele ocupou o espaço até 2000 quando resolveu mudar o escritório para os Campos Elísíos, onde alugou uma casa espaçosa por R$ 500 mensais. Agora decidiu retornar. Ele aposta na localização para aumentar sua carteira de clientes, mas confessa que a questão do custo pela localização também pesou na decisão. A questão do custo para instalação do consultório também levou a dermatologista Silvia Derenzo a optar pelo investimento no centro da cidade. Ela atendia em uma sala alugada numa clínica instalada na Bernardino de Campos, em Higienópolis. Pagava R$ 300 e quando decidiu ter o próprio consultório fez pesquisa de mercado. Descobriu que em uma área nobre, perto do RibeirãoShopping, por exemplo, um conjunto comercial custa o dobro e com metragem menor do que a área que optou por comprar no centro da cidade. Instalada num conjunto que tem três salas e dois banheiros, ela investiu R$ 45 mil na compra e reforma do atual consultório. “A relação custo-benefício é muito melhor. O edifício é bom, tem porteiro 24 horas e circuito de tv nos corredores que dá uma segurança muito boa”. No mesmo prédio, o dentista Tabajara Sabbag Fonseca instalou seu consultório. Além da questão do preço tem também a facilidade de acesso dos clientes. “A região central tem muitos estacionamentos, o que permite o acesso de pessoas de todas as camadas sociais, que usam carro ou ônibus. Para nós, isso é muito bom”. A problemática do estacionamento é uma das principais questões que pesam na hora de escolher um ponto para montar um escritório ou consultório, na opinião de José Luiz Zanato, diretor da Magna Imóveis. Há nove anos, a própria imobiliária, instalada nas esquinas das ruas Florêncio de Abreu com a Barão do Amazonas, resolveu subir para a Barão, na altura do número 1562, em pleno Boulevard. “Nossos clientes simplesmente não conseguiam estacionar o carro e viemos para uma área em que eles param tranqüilamente”. Hoje, ele reconhece que o êxodo que ocorreu desde meados da década de 90 começa a reverter. “Ofertas no calçadão ainda estão caras. Nas ruas adjacentes, é possível encontrar imóveis a preços acessíveis”. Walter Roberto Maria, diretor da Dínamo Imóveis concorda. Segundo estimativa dele, no calçadão, o metro quadrado para compra custa em média de R$ 2 a R$ 3 mil. Fora do calçadão, mas no centro da cidade, o preço cai para algo em torno de R$ 600 a R$ 800 e no Boulevard, algo em torno de R$ 1 mil. “Naturalmente que o preço varia em função do que está construído sobre esse terreno”. |