O ano passado foi marcado pela grande valorização dos imóveis, mas 2011 caminha para a estabilidade dos preços, segundo o presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), João Crestana. O executivo acredita que os valores já atingiram o limite de alta em 2010 e a partir de agora devem acompanhar os índices de inflação e eventuais flutuações de procura em localidades específicas.
Para se ter uma ideia da valorização dos imóveis na cidade de São Paulo, nos últimos dez anos, o preço do metro quadrado dos lançamentos subiu 163% enquanto a inflação medida pelo IPCA foi de 89%. Só em 2010, entre janeiro e novembro, a valorização foi de 27,1% enquanto o IPCA, 5,25%.
A valorização dos imóveis foi puxada pelo aumento do emprego e da renda do brasileiro, diminuição das taxas de juros e o lançamento do programa habitacional do governo “Minha Casa, Minha Vida”. Como a procura por unidades foi muito intensa, houve uma redução do estoque, o que fez com que os preços subissem.
Mas em 2011 a situação deve ser diferente. A conclusão para a estabilidade tem como base a desaceleração do tempo entre lançamento e a venda dos imóveis. Esses dados são analisados em reuniões periódicas entre o Secovi-SP e construtoras e incorporadoras associadas ao sindicato. “Os lançamentos que antes se esgotavam em dois ou três meses agora estão levando de seis a sete meses para serem vendidos”, diz Crestana.
Perfil - Os empreendimentos lançados na cidade de São Paulo se adaptaram ao mercado, explica o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci. As unidades habitacionais com quatro dormitórios ou mais, que chegaram a representar 37,1% do total de lançamentos em 2006, caíram no ano passado para 8,7%. Em sentido contrário, os imóveis com dois quartos tinham 28,6% de participação em 2006 e hoje são 48,2%. Essa mudança está relacionada ao “Minha Casa, Minha Vida”. As construtoras passaram a investir em unidades com o perfil do programa, cujo valor da habitação não pode ultrapassar R$ 130 mil.
Mas justamente por causa desse limite e da escassez de terrenos a capital vem perdendo representatividade nos lançamentos de imóveis para outras cidades da região metropolitana. “Não dá para fazer uma unidade de R$ 130 mil em São Paulo devido ao custo do terreno, por isso, as construtoras procuram outros municípios na região”, explica Petrucci.
Em sua opinião, essa situação cria uma incoerência em termos de planejamento urbano ao levar as pessoas para morar longe do trabalho ou da escola. Por isso, o Secovi-SP aponta uma necessidade de readequação de valores dos limites enquadrados no “Minha Casa, Minha Vida” para acompanhar a atualização da renda do trabalhador.