DICA A instalação do equipamento deve ser feita por especialistas
Sistema que pode gerar economia de até 70% nas contas de energia elétrica, o aquecimento solar é cada vez mais procurado. Tem capacidade para aquecer a água a uma temperatura superior a 60ºC.
O sistema consiste basicamente em um reservatório (boiler) que armazena água aquecida por placas instaladas no telhado da casa. O tipo do equipamento varia de acordo com o número de pessoas na residência. Em dias de chuva ou tempo nublado, um termostato garante água aquecida usando energia elétrica.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), as vendas de aquecedores solares no País devem totalizar 564,5 mil metros quadrados de área instalada, alta de 30% em relação a 2006.
Em sistemas (cada um equivale a 4 metros quadrados, em média), as vendas devem chegar a 125 mil, ante os 100 mil de 2006.
Atualmente, seis cidades brasileiras (Campina Grande, Porto Alegre, Belo Horizonte, Varginha, Birigüi e São Paulo) possuem leis municipais que exigem a instalação de aquecedores solares.
Em São Paulo, desde o dia 15 de outubro, prédios comerciais, indústrias ou residências com mais de três banheiros estão obrigados a utilizar a luz solar para aquecer água.
De acordo com o diretor executivo do departamento Nacional de Aquecimento Solar da Abrava, Carlos Faria, o custo do equipamento varia de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil para uma família com quatro pessoas. “Já existem linhas de crédito em bancos com condições especiais para facilitar as vendas de aquecedores”, conta.
Para uma residência com cinco pessoas, a gerente de vendas de uma loja especializada de Ribeirão Preto, Janiffer Carla da Silva, afirma que é necessário um reservatório de 250 litros, o equivalente a 50 litros por pessoa. “Caso a família possua banheira de hidromassagem, pode acrescentar mais 50 litros à conta”. Para não faltar, Janiffer sugere um boiler de 300 a 400 litros.
Para essa configuração são necessários, no mínimo, três coletores de 1,5m x 1,0m. O custo desse sistema é de aproximadamente R$ 2,35 mil. A instalação não está incluída. De acordo com Janiffer, o valor da mão-de-obra especializada para montagem do equipamento não sai por menos de R$ 450.
“Cuidado na hora de escolher o instalador. Sempre procure referências”, aconselha.
Desde 2002, a empresária Vilma Gil possui um equipamento apropriado para servir quatro pessoas, no Alto do Ipiranga. A cada oito meses, faz uma limpeza nas três placas coletoras. “Com essa simples manutenção periódica, nunca tive problemas com o equipamento. Basta limpar a sujeira para que a captação da luz seja mais eficiente”, conta.
Piscina
Este ano, Vilma resolveu investir no aquecimento da água da piscina. O sistema é diferente. Não necessita de boiler, mas em compensação não economiza nos coletores. São 19 placas compridas, de 3,75m x 30cm, capazes de manter em 34ºC a temperatura da piscina de 3,5m x 7m.
“É fundamental o uso da capa térmica, que deve cobrir a piscina à noite para evitar perda de temperatura”, conta.
O sistema para aquecimento de piscinas utiliza um motor elétrico para bombeamento da áqua que serpenteia pela tubulação nos coletores. Vilma desembolsou R$ 3.135, além dos R$ 465 para instalação. Há também o sistema que usa placas circulares, com 1,8m de diâmetro. O custo de cada coletor é de R$ 390. Para uma piscina de 4m x 8m, são necessárias oito placas.
Sistema garante água quente por R$ 230
Desde 1999, a ONG Sociedade do Sol sediada no Cietec (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas), no campus da USP, pesquisa sistemas de aquecimento solar de baixo custo (ASBC). O mais simples, do tipo “faça você mesmo”, custa R$ 230.
O coordenador do projeto ASBC na região de RP, Cláudio Luiz da Silva, afirma que o sistema pode gerar uma economia de 30% a 50% na conta da energia elétrica. O ASBC é desenvolvido em PVC, material facilmente encontrado em casas de material de construção, além de pequenos conectores e adaptadores. O sistema é capaz de aquecer 100 litros de água, o suficiente para atender a demanda de duas pessoas.
O princípio é simples. Placas de forro (divisória em PVC) são pintadas de preto para absorver maior calor do sol e esquentar a água que circula dentro da peça. O circuito funciona naturalmente, sem necessidade de bomba para mandar água quente ao reservatório. Para regular a temperatura da água, que pode chegar 60ºC, é necessário que haja um misturador, sistema que recebe água quente por uma tubulação e fria por outra.
Academia comemora a economia de eletricidade
O empresário Luca dos Santos Simoni, 22 anos, abriu uma academia de ginástica no Centro de Ribeirão Preto há quatro meses. Optou pelo sistema de aquecimento solar para garantir a temperatura da água da piscina, entre 27ºC e 31ºC.
A piscina de 12m x 4m e 1,6m de profundidade é usada para hidroginástica. Segundo Luca, a temperatura da água fica na faixa ideal para prática de exercícios. “Mais do que 31ºC, só para fisioterapia”, diz. O sistema utiliza placas coletoras de 3,75m x 30cm e custou R$ 6 mil.
De acordo com o empresário, se a piscina fosse aquecida usando energia elétrica a conta de luz passaria dos R$ 1.000. Atualmente gastamos em média R$ 750 por mês, considerando o consumo de equipamentos eletrônicos e iluminação.
Na casa do aposentado Waldemar Jenssen, o sistema funciona há seis anos, segundo ele “sem nunca ter dado problema”, para aquecer um reservatório de 500 litros.
“É muito bom e aquece demais. Precisamos usar o misturador, senão fica difícil agüentar a temperatura alta”, conta. A filha e vizinha de Waldemar, Maira Angélica Jurado, aderiu ao sistema. “Aqui em casa a conta de luz era de R$ 120 a R$ 130. Agora pagamos metade disso”, conta.
Alexandre Carolo
Especial para A Cidade