Bombeiros interditam calçada de edifício no Higienópolis devido a risco de queda de material; faxineira se feriu.
LIVIA CEREZOLI
Um impasse judicial coloca em risco a vida de pessoas que precisam passar pelo cruzamento das ruas Campos Sales e Sete de Setembro, no bairro Higienópolis.
Desde fevereiro deste ano, a calçada ao redor do edifício Unique, da construtora Egydio dos Santos, está interditada porque placas com pastilhas de revestimento começaram a cair das paredes na área externa do prédio.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a calçada foi interditada a pedido do próprio condomínio. "Isolamos o local em caráter emergencial para que ninguém corresse o risco de ser ferido. Foi feita também a orientação para que as devidas providências fossem tomadas", explica o tenente da corporação, Rodrigo Thadeu de Araújo.
Com a medida, as pessoas precisam caminhar pela rua, driblar o trânsito intenso do local. Um carro já foi atingido com as placas que se despregam da parede e foi danificado.
A última vítima foi a própria responsável pela limpeza do condomínio. Maria Elza dos Santos Rodrigues foi atingida por uma das pastilhas que se soltou no último dia 24.
"Eu até tentei fugir e não consegui. Machucou um pouco minhas costas", conta ela. Com o boletim de ocorrência nas mãos, Maria também aguarda uma solução para o caso.
Segundo Cláudio Murilo Miki, advogado que representa os moradores, o processo judicial existe porque os condôminos entendem que a responsabilidade pelo imóvel ainda é da construtora.
"O problema apareceu quando o prédio tinha três anos. Foi feito apenas um reparo, mas até hoje, quase dez anos depois, as pastilhas continuam caindo", afirma Miki.
Legalmente, a construtora responde pelo imóvel por cinco anos depois da construção. A empresa não quis comentar o assunto.
De acordo com Carlos Boreli, responsável pela Master Condomínios, empresa que administra o imóvel, várias negociações já foram feitas, mas nada teve resultado. Uma nova reunião deve acontecer nesta sexta com os moradores. O prédio tem 52 apartamentos.
O superintendente da Defesa Civil da cidade, Erick Cunha Junqueira, tomou conhecimento do problema na última terça e afirmou que deve levar o caso para o Departamento de Obras Particulares da Prefeitura.
Construtora evita falar
A Gazeta entrou em contato com a construtora Egydio dos Santos. O departamento jurídico informou que por enquanto nada podia ser dito porque o caso está na Justiça.
As pessoas que precisam passar pelas ruas localizadas no entorno do prédio se sentem prejudicadas. "Passo por aqui todo dia e sou obrigada a andar pela rua porque a calçada está fechada", reclama a funcionária pública Railda Souza Gomes, de 49 anos.
O auxiliar de escritório Douglas Martineli, de 24 anos também se sente incomodado. "No início, pensei que estava interditado porque fariam alguma obra no local. Mas há mais de três meses continua assim. Tenho medo de deixar meu carro estacionado aqui na rua", diz . Regina Caldas Martins, professora também questiona a segurança do local. Para ela, a situação soa como falta de respeito à população. (Gazeta de Ribeirão)