A avenida mais antiga da cidade recebeu inicialmente o nome do ribeirão Preto.
LIVIA CEREZOLI
Um local de chegada. Um verdadeiro cartão-postal de Ribeirão Preto. A Avenida Jerônimo Gonçalves é a mais antiga da cidade. Além das águas que correm no ribeirão observadas pelas palmeiras imperiais, prédios e freqüentadores contam histórias que já aconteciam havia mais de um século.
Conhecida inicialmente como Rua Ribeirão Preto (nome popular devido ao ribeirão), a avenida recebeu a denominação de Jerônimo Gonçalves em 1897. As primeiras palmeiras plantadas no local datam de 1903.
Palco de grandes realizações, a avenida é hoje, para muitos, sinônimo de perdas. "Enchente tem aqui todo ano. Eu mesmo já fui vítima. Perdi o motor do meu carro", conta o taxista José Mendes Macedo Neto, de 58 anos, 15 deles na avenida.
Olhando para os imóveis que contornam a avenida, de um lado está o terminal rodoviário, antiga estação da Mogiana, do outro, o centenário Mercado Municipal. Quarteirões adiante, o antigo Hotel Brasil e a imponente Cervejaria Paulista, de onde hoje se escuta novamente a sirene tocando às 18h.
E como não lembrar da praça do coronel Schmidt e da Maria Fumaça que ainda deixa saudade em grande parte da população? "Hoje são poucos os viajantes que param por aqui. Tenho saudade daquela época movimentada que as pessoas chegavam de trem", lembra a recepcionista do hotel São José, Isolina Monessio Capuzzo, de 70 anos.
Na pesquisa realizada pela Gazeta no aniversário de Ribeirão, a avenida foi eleita a oitava maravilha da cidade não só pela beleza de suas palmeiras, mas pela importância que ela tem no desenvolvimento da cidade.
Para o arquiteto e urbanista Sílvio Contart, a Jerônimo Gonçalves tem uma monumentalidade interessante não só pelo verde que contorna o ribeirão. "A importância das palmeiras vai muito além da questão ambiental. Elas são históricas", afirma ele.
No entanto, segundo Contart, atualmente o cenário da avenida está divido entre essa beleza e a decadência de alguns imóveis localizados na região, principalmente por causa das enchentes.
"Hoje observamos prédios importantes como o Hotel Brasil desocupados, sem uso. Isso gera uma desvalorização para a avenida. Não diria que o correto é acabar com as enchentes porque isso é difícil, mas é preciso saber conviver de forma pacífica com elas", acredita o arquiteto.
De acordo com ele, é inevitável a realização de algumas obras estruturais para a contenção das águas no
período das chuvas. Contart explica que, pela lógica, o ideal seria evitar que a água que desce do centro da cidade e também da Vila Tibério caia no ribeirão Preto.
"Seria interessante a construção de um canal paralelo nas ruas ao lado da avenida. Assim, a água não chegaria ao ribeirão e isso diminuiria o risco de enchentes naquela área", afirma o arquiteto.
Outra solução, segundo ele, seria a criação de um grande parque no local, isso também diminuiria os prejuízos aos proprietários dos imóveis da região.
Nome é de almirante
Foi comandante do navio de combate conhecido como Cabral, na passagem de Curupaiti, em 1867, e também do Colombo, na expedição de Manduivirá, dois anos depois.
Ganhou destaque na Guerra do Paraguai e foi promovido a capitão-tenente por seus atos de bravura. Depois disso, passou a capitão de fragata e ainda capitão-de-mar-e-guerra.
Em 1874, com o fim da guerra, mudou-se para a Europa para continuar seus estudos. De volta ao Brasil, passou a comandar a III Divisão Naval, em Belém do Pará, entre os anos de 1881 e 1892. Foi reformado ao posto de chefe de esquadra.
Um ano depois, com o início da revolta armada em 1893, foi convocado pelo marechal Floriano Peixoto e retornou ativamente ao serviço militar. Durante a revolta, organizou a chamada esquadra legal e conquistou assim a vitória. Em 1894 passou ao posto de almirante. Morreu o Rio de Janeiro, em 1903, aos 68 anos(Gazeta de Ribeirão)
Palmeiras são do início do século 20
Max Bartsch e Cassiano Esteves, então funcionários da prefeitura no início do século 20, foram os responsáveis pelo plantio das palmeiras e ainda por toda a vegetação das praças Carlos Gomes, XV de Novembro, Schmidt e das Bandeiras.
De acordo com a pesquisa feita pelo historiador José Pedro de Miranda, as primeiras palmeiras foram plantadas em 1903.