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Interior supera Grande São Paulo e vira maior mercado consumidor do País

Consumo dos domicílios do interior chega neste ano a 50,2% do total do Estado seguindo tendência de desconcentração do crescimento. 


O interior do Estado de São Paulo ultrapassou neste ano a Região Metropolitana de São Paulo e ganhou o posto de maior mercado consumidor do País. Esse resultado consolida a tendência de desconcentração do crescimento econômico observada nos últimos cinco anos, com a perda de participação das capitais dos Estados no consumo total das famílias brasileiras.


O consumo dos domicílios das cidades do interior paulista neste ano deve somar R$ 382,3 bilhões, ou 50,2% do total do Estado de São Paulo. Já a Região Metropolitana de São Paulo, que inclui a capital e 38 municípios, vai movimentar R$ 379,1 bilhões ou 49,8% do total gasto com alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário e educação, revela estudo da IPC Marketing.


A consultoria, especializada em mapear o potencial de consumo dos lares brasileiros, projeta essas cifras com base nas contas nacionais e na estrutura de gastos da população medida pelo IBGE. Os dados são cruzados com informações paralelas, de outras fontes de pesquisa.


"Realmente esse é um fato inédito: o interior paulista, que era o segundo maior mercado consumidor do País, ter ultrapassado a Região Metropolitana de São Paulo no âmbito do consumo das famílias", afirma Marcos Pazzini, diretor de IPC Marketing e responsável pelo estudo.


Segundo ele, o movimento do avanço do interior paulista não é um caso isolado. As capitais de todos os Estados têm perdido ao longo dos últimos anos participação no consumo brasileiro. Dez anos atrás, 36,7% do consumo das famílias estava nas 27 capitais. Em 2007, essa participação caiu para 33,1% e, neste ano, recuou para 32,4%.


Custo menor. Ele argumenta que um dos fatores que desencadearam essa mudança de perfil de concentração de gastos é a migração de empresas. Preocupadas em reduzir os custos de produção, as companhias deslocam fábricas para cidades do interior.


Esse é o caso da Prado Alumínio, fabricante de esquadrias de alumínio, que acaba de se mudar do bairro do Butantã, na capital, para Iperó. Duilio Ishao Okudaira, diretor comercial da empresa, conta que decidiu sair da capital por causa dos custos elevados, especialmente de transporte dos empregados. Ele ressalta que a empresa, interessada em mais que dobrar a sua capacidade de produção, de 40 toneladas para 90 toneladas por mês, não encontrava uma área do tamanho necessário para construir a nova fábrica. Foi no município de Iperó que o empresário achou um terreno ideal, onde investiu R$ 10 milhões.


Próximo dos fornecedores de alumínio de Itu e Sorocaba e com a redução de gastos de transporte, tanto de mercadorias como de funcionários, Okudaira conta que, com a nova fábrica, conseguiu reduzir em 8% os custos de produção das esquadrias de alumínio e ser mais competitivo. Na nova fábrica, o número de empregados quase dobrou: em São Paulo eram 100 trabalhadores e em Iperó, 190.


Emprego. "A migração das empresas fez com que as cidades do interior se transformassem em polos de atração de pessoas em busca de emprego", diz Pazzini. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmam essa tendência. Em 2007, 58% do saldo de postos de trabalho com carteira assinada do Estado de São Paulo estava na região metropolitana e 42% no interior paulista. No ano passado, a participação do interior subiu para 65,6% e a da capital recuou para 34,4% no saldo da abertura de vagas formais.


Segundo o professor da Unicamp e diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), Anselmo Luis dos Santos, a migração das empresas para o interior paulista aparece não só nos números da geração do emprego, mas também na renda.


Rendimento. Entre 2006 e 2011, o rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas na Região Metropolitana de São Paulo cresceu 8,7%, a menor variação entre as seis regiões metropolitanas do País. "Esse dado reflete a saída dos investimentos de São Paulo para outros municípios", diz o professor da Unicamp.


É exatamente nos municípios do interior paulista, onde o ritmo de crescimento da renda é maior, que os empresários estão de olho para abrir novos negócios. A construtora Kallas, por exemplo, que sempre atuou no setor residencial, vai estrear no fim 2013 no segmento de shopping centers e a cidade escolhida foi Pindamonhangaba.


Roberto Gerab, diretor executivo da empresa, diz que houve dificuldade para encontrar um terreno na capital paulista, onde o número de shoppings já é elevado. "Apareceu uma chance de investirmos nessa cidade", diz ele, animado com a ideia de empreender o primeiro shopping do município. A empresa pretende construir mais dois shoppings, ambos no interior: um em Campinas e outro em Santos.


Gasto per capita é 25% maior no interior paulista


Cada vez que um consumidor do interior paulista vai às compras de alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza, ele desembolsa R$ 18,77, cifra 25% superior ao gasto de quem que vive na Região Metropolitana de São Paulo (R$ 15,02).


A população do interior do Estado de São Paulo gasta mais levando um número maior de itens para casa: 4,7 produtos a cada ida ao supermercado, ante 4,2 itens comprados pelos paulistanos. O preço médio por item a cada compra feita nas cidades do interior é ligeiramente menor, R$ 2,80 ante R$ 2,92 na capital.


Os números são da Kantar Worldpanel, empresa de pesquisa que visita semanalmente 8,2 mil domicílios em todo País para tirar uma fotografia do consumo dos bens não duráveis. Os resultados se referem ao consumo dos últimos 12 meses até março deste ano.


De acordo com a pesquisa, o consumidor do interior de São Paulo expandiu em 11% os gastos no período, com uma cesta de 130 categorias, entre itens de alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza. Ele também ampliou em 1% os volumes comprados. No mesmo período e para a mesma cesta de produtos, o desembolso de quem vive na Região Metropolitana de São Paulo aumentou bem menos, 5% em valor, e caiu 4% em volume.


"O consumo de bens não duráveis nas cidades do interior do Estado de São Paulo cresceu mais, comparado ao da Região Metropolitana de São Paulo (inclui a capital e 38 cidades), porque nas cidades do interior há uma concentração maior de domicílios da classe C", diz David Fiss, diretor responsável pela pesquisa. E os consumidores da classe C gastam mais com bens não duráveis, alimentos e itens de higiene e limpeza.


Entre 2007 e 2011, a participação dos lares da classe C nototal das cidades do interior paulista saiu de 39% para 47%. No mesmo período, a fatia da classe Cnos lares da região metropolitana foi de 37% para 42%,


Carros. Dados da Fenabrave mostram que a Região Metropolitana de São Paulo respondeu em 2011 pela maior parcela de carros emplacados (52,42%), ante (47,58%) no interior. Mas em cinco anos a fatia do interior cresce continuamente. Em 2007, ela respondia por 43,21% e a região metropolitana por 56,79%. No primeiro semestre de 2012, as participações foram de 48,52% e 51,48%, respectivamente.


Jundiaí atrai empresas de tecnologia e PIB dispara

 

Consumo na cidade é alavancado pelo PIB per capita que mais que dobrou em 6 anos.

Jundiaí ficou mais rica na última década, e essa é a principal explicação para o aumento do consumo na cidade. Um bom indicador é o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que subiu de R$ 19,7 mil, em 2002, para R$ 43,4 mil, em 2008. Na prática, investimentos como o de um grande shopping center, que vai gerar mais de 4 mil empregos e injetar R$ 300 milhões, servem de exemplo para entender a dinâmica da economia local.


Estrategicamente localizada entre a Grande São Paulo e a Região Metropolitana de Campinas, Jundiaí só cresce. Entre 2002 e 2008, o PIB do município passou de R$ 6,5 bilhões para R$ 15,1 bilhões - nono maior do Estado. Hoje, são 359 mil habitantes.


Boa parte desse crescimento se deve a atração cada vez maior de empresas de tecnologia, interessadas em mão de obra qualificada, em regiões com infraestrutura sustentável e com boa localidade de logística.


A principal novidade nesse segmento é o início de produção do iPad da Apple, na Foxconn, com uma geração de mais 5 mil postos de trabalho na cidade.


A proximidade com São Paulo e os bons índices de qualidade de vida (Jundiaí tem o quarto melhor Índice de Desenvolvimento Humano do Estado, 0,857) têm atraído também gente que trabalha na capital e escolhe a cidade para morar.


Guillermo Bloj, superintendente do Jundiaí Shopping, que vai ser inaugurado em outubro, explica que o potencial de consumo, principalmente das classes A e B, e a localização da cidade foram os principais fatores que levaram a rede Multiplan (a mesma do Morumbi Shopping, em São Paulo) a escolher a cidade para abrir uma unidade.


"Verificamos que Jundiaí tem atraído muitas empresas de tecnologia e centros de logística. A cidade tem crescido não só por quem opta por morar aqui por causa do trabalho, mas também por quem vem morar aqui em busca de qualidade de vida, fugindo de São Paulo. É uma cidade com perfil de consumo muito elevado, principalmente no segmento A e B, que é o público do nosso shopping", explica Bloj.


"A vinda das empresas de ponta e a instalação do shopping são reflexos dos nossos índices de saneamento, da qualidade da educação, da saúde e de vida. Com isso, muita mão de obra qualificada opta por morar aqui e isso aquece o mercado local", diz o prefeito Miguel Haddad (PSDB).


Com a economia aquecida, a estrutura local de comércio foi também se profissionalizando. O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Jundiaí, Ricardo Diniz, diz que a cidade é polo de referência da região.


"Com isso, os comerciantes conseguiram chegar ao mesmo nível de qualidade de São Paulo e Campinas, cidades para onde o pessoal migrava para consumir", ressalta Diniz.


Shoppings.Outro indicador do crescimento de consumo do interior pode ser medido por um fenômeno que vai ocorrer a partir de dezembro de 2012. Pela primeira vez, cidades do interior de São Paulo terão mais shopping centers que a capital e região metropolitana. Até o fim de 2011, 51% estavam na capital e região metropolitana, mas a proporção vai se inverter. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers, em 2012 serão inaugurados nove shoppings no interior, dois em São Paulo e um em São Bernardo do Campo. Em 2013, serão 11 no interior, três em São Paulo e um em São Bernardo.


Ribeirão Preto atrai vizinhos e vira polo de consumo


A alta do consumo em Ribeirão Preto pode ser observada nas ruas pelo movimento nos corredores comerciais e nos três grandes shopping centers. Mesmo quando a cidade sente alguma desaceleração econômica, os moradores de dezenas de municípios próximos garantem os bons negócios no comércio e serviços.


Responsáveis por 70% do Produto Interno Bruto (PIB) da região, eles são apontados como o grande atrativo para manter sempre aquecida a economia da chamada "Califórnia Brasileira".


O economista Marcelo Bosi Rodrigues, do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), diz que pesquisas mostram que o consumo cresceu muito na cidade nos últimos anos, em níveis acima da média do País. Ele atribui isso à boa renda média da região, já que Ribeirão depende muito das cidades em seu entorno.


A expansão do consumo também pode ser percebida na venda de veículos. Na Avenida Costa e Silva, ponto tradicional de lojas revendedoras, comerciantes dizem que os compradores estão cada vez mais exigentes e não ligam de pagar mais por isso. Adriano Gomes, responsável pelas vendas em uma dessas lojas, diz que até poucos anos atrás vendia cerca de dez carros por mês, mas agora chega a passar de 20.


São José do Rio Preto registrou aumento de consumo de70%


Em 5 anos, a população cresceu 5,6%, a pirâmide ganhou uma faixa social e o agronegóciodobrou a sua participação no PIB


Os moradores de São José do Rio Preto devem gastar R$ 8,78 bilhões em consumo de bens e serviços em 2012. O valor é 70% maior que em 2007, quando a economia local iniciou uma fase de crescimento e o consumidor gastou naquele ano R$ 5,15 bilhões. Neste período, a população cresceu 5,6%, a pirâmide ganhou mais uma classe social, os ricos ficaram mais ricos e o agronegócio mais que dobrou sua participação na economia local.


Os dados são da Conjuntura Econômica, estudo anual com os indicadores econômicos do município, divulgado pela Prefeitura de São José do Rio Preto.


Para Marcos Nascimento, dono da Cia. doFranchising, empresa especializada em franquias, um ciclo virtuoso, gerado por uma "interiorização dos negócios", foi responsável pela expansão do consumo. Instalada em São Josédo Rio Preto, a empresa, uma das três maiores do País no segmento, viu seus negócios mudaremde direção nos últimos anos.


"Deixamos de implantar franquias nas capitais para fazer isso no interior." Das 410 franquias instaladas pela Cia. do Franchising entre 2001 e 2005, 307 delas (76,6%) ficavam nas capitais e 103 (23,4%) nas cidades do interior. "Mas de 2006 para cá essa tendência se inverteu." Entre 2006 e 2012, a empresa implantou 775 franquias, mas apenas 15% (117) em capitais, enquanto 84,9% (658) foram no interior.


Zona urbana. Os índices degastos per capita com consumo também cresceram em cinco anos, segundo os dados da prefeitura. Na zona urbana, foi de R$ 12,5 mil em 2007 e deverá ser de R$ 21,7 mil em 2012 (73,6%). Na zona rural, foi de R$ 5,3 mil em 2007 para R$ 11,15 mil em 2012 (110%), graças ao agronegócio, setor que teve o número de empresas ampliado em 213% no período. Em 2007, oconsumo total de famílias do meio rural foi de R$ 117 milhões, em 2012 deverá ser de R$ 291,4 milhões, com aumento de 149% no período. Os salários da agropecuária cresceram 71%, de R$ 488,06 para R$ 835,64.


As classes B1 e B2 - que representam 41% dos lares rio-pretenses e cuja renda média mensal é de R$ 3,1 mil e R$ 6,4 mil, respectivamente - devem gastar R$ 4,45 bilhões (53,4% do total) em consumo em 2012. O poder de compra dessa parcela mais que dobrou no período.


As classes A1 e A2, que representam 6,8% dos lares, com rendas de R$ 10,9 mil/mês a R$ 18 mil/mês, devem gastar R$ 1,98 bilhão em consumo - ou 23,4% do total e 43% mais que em 2007.


A classe C continuou a ter o maior número de famílias, mas teve crescimento de consumomenor que a B e semelhante à A. Em 2007, estava em 38,5% dos lares, com gastos de R$ 1,22 bilhão no ano.


Em 2012, subdividida em C1 e C2, com renda mensal de R$ 1,9 mil e R$ 1,3 mil, respectivamente, está em 44,2% dos lares e deverá gastar R$ 1,98 bilhão, 48,3% mais que em 2007.


 

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