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Moradores resistem à invasão comercial.
J.F.PIMENTA DONA AURORA “Me acostumei com o movimento e não me sinto ilhada. Não saio daqui enquanto eu viver”
Apesar da invasão do comércio em avenidas tradicionais de Ribeirão Preto como a Nove de Julho e a Independência, algumas residências resistem às mudanças. E mesmo com propostas financeiras atraentes, por conta da valorização imobiliária, seus moradores não abrem mão do prazer de viver nelas.
“Não pretendo sair daqui enquanto eu viver, já tive boas propostas de compra e aluguel, mas não aceitei. Não compensa sair da minha casa confortável só pelo dinheiro”, afirma dona Aurora Ignácio Bitar, de 83 anos, 40 deles morando na avenida Nove de Julho.
Ela acompanhou todas as transformações pelas quais passou a avenida, viu o comércio chegar e ocupar quase todos os espaços. “Os vizinhos eram amigos, foram saindo e saindo. Só eu que fiquei”, fala. É apenas disso que ela sente saudades: da companhia dos vizinhos.
E não é apego sentimental que a impede de mudar. Questionada se sente ilhada entre lojas e estabelecimentos comerciais, logo responde: “O fato de ser comércio não me incomoda, me sinto muito bem aqui. Estou perto de tudo que preciso e até gosto do movimento, me acostumei com as mudanças. Sento na sala e fico vendo o movimento e as pessoas. Me sinto viva”, declara. Segundo dona Aurora, apesar de não ser como antes, a avenida continua tendo seu charme, “Sempre que volto de viagem fico feliz de entrar na Nove de Julho”, conta.
Já a filha Denise Bitar, que também vive na residência com o marido, mesmo gostando da casa, só não se muda por respeito ao desejo da mãe. “O comércio invadiu tornando o trânsito ruim. Adorava morar aqui na adolescência, a avenida era o ponto de encontro da cidade. Possuía postes maravilhosos que davam encanto”, diz. “Aceitaria uma boa proposta financeira e me mudaria para um bairro mais residencial, mas optei morar com meu pais”, afirma.
Rentabilidade
“A maioria das residências é patrimônio de família. São poucas pessoas que têm a possibilidade de escolher em continuar morando nessas avenidas ou não por conta do valor do imóvel. Apesar da alta rentabilidade financeira, permanecem pelo desejo e a tradição de morar nessas avenidas”, comenta o diretor de imobiliária João Paulo Fortes Guimarães.
Mas entre os poucos moradores dessas avenidas, alguns já se renderam às vantagens financeiras que a venda ou locação para fins comerciais pode render.
Como o casal Berta Maria e Teodomiro Uchôa, que há 15 anos se mudaram do Alto da Boa Vista para a residência na Nove de Julho, no número 707, onde permanecem até hoje. “É uma casa de família, herança dos pais dela. Minha esposa nasceu e foi criada nela. Mas isso não se tornou um impedimento, ela não tem esse apego todo e é preciso tornar a vida mais prática”, comenta o diretor de imobiliária.
A idéia de alugar o imóvel surgiu há dois anos, mas a decisão só foi tomada este ano. Segundo ele dois fatores pesaram: o movimento e o retorno financeiro com a locação do imóvel. O valor pedido de aluguel é R$ 6 mil. “Não é mais um lugar próprio para se morar, tem muito barulho e dificuldade para entrar e sair de casa por conta do trânsito. Além disso a casa de 350 m² se tornou grande para nós dois”, diz.
Mas assim como Dona Aurora, ele vê algumas vantagens. Na opinião de Uchôa viver em áreas estritamente comerciais significa ter fácil acesso a todo tipo de serviço e produtos. “A gente acaba se acostumando, além da facilidade de ter tudo perto, nas mãos”, afirma.
Tendência é de domínio pelo comércio
Uma das características da avenida é a presença de empresas que estão há mais de cinco anos no mesmo lugar. “Num curto período de tempo não haverá mais imóveis para locar”, ressalta.
Para João Paulo Guimarães, diretor de imobiliária, a oportunidade comercial empurra as pessoas a se mudarem desses locais. “Foi o que aconteceu, principalmente, na Nove de Julho com a entrada de empresas grandes.
Ele afirma que a liquidez é alta. “É um local desejado por muitos comerciantes, de diferentes ramos de atuação. Qualquer imóvel que se coloque para alugar ou vender, pelo preço real de mercado, se tem retorno”, afirma.
Na Nove de Julho, por exemplo os aluguéis, segundo ele, começam a partir de R$ 4 mil, mas não há como precisar o limite.
Em um ponto ele e outros entrevistados concordam: a tendência a curto e médio prazo é que os poucos imóveis que ainda sobrevivem como residências se transformem em comércio permanente.
“Não pretendo sair daqui enquanto eu viver, já tive boas propostas de compra e aluguel, mas não aceitei. Não compensa sair da minha casa confortável só pelo dinheiro”, afirma dona Aurora Ignácio Bitar, de 83 anos, 40 deles morando na avenida Nove de Julho.
Ela acompanhou todas as transformações pelas quais passou a avenida, viu o comércio chegar e ocupar quase todos os espaços. “Os vizinhos eram amigos, foram saindo e saindo. Só eu que fiquei”, fala. É apenas disso que ela sente saudades: da companhia dos vizinhos.
E não é apego sentimental que a impede de mudar. Questionada se sente ilhada entre lojas e estabelecimentos comerciais, logo responde: “O fato de ser comércio não me incomoda, me sinto muito bem aqui. Estou perto de tudo que preciso e até gosto do movimento, me acostumei com as mudanças. Sento na sala e fico vendo o movimento e as pessoas. Me sinto viva”, declara. Segundo dona Aurora, apesar de não ser como antes, a avenida continua tendo seu charme, “Sempre que volto de viagem fico feliz de entrar na Nove de Julho”, conta.
Já a filha Denise Bitar, que também vive na residência com o marido, mesmo gostando da casa, só não se muda por respeito ao desejo da mãe. “O comércio invadiu tornando o trânsito ruim. Adorava morar aqui na adolescência, a avenida era o ponto de encontro da cidade. Possuía postes maravilhosos que davam encanto”, diz. “Aceitaria uma boa proposta financeira e me mudaria para um bairro mais residencial, mas optei morar com meu pais”, afirma.
Rentabilidade
“A maioria das residências é patrimônio de família. São poucas pessoas que têm a possibilidade de escolher em continuar morando nessas avenidas ou não por conta do valor do imóvel. Apesar da alta rentabilidade financeira, permanecem pelo desejo e a tradição de morar nessas avenidas”, comenta o diretor de imobiliária João Paulo Fortes Guimarães.
Mas entre os poucos moradores dessas avenidas, alguns já se renderam às vantagens financeiras que a venda ou locação para fins comerciais pode render.
Como o casal Berta Maria e Teodomiro Uchôa, que há 15 anos se mudaram do Alto da Boa Vista para a residência na Nove de Julho, no número 707, onde permanecem até hoje. “É uma casa de família, herança dos pais dela. Minha esposa nasceu e foi criada nela. Mas isso não se tornou um impedimento, ela não tem esse apego todo e é preciso tornar a vida mais prática”, comenta o diretor de imobiliária.
A idéia de alugar o imóvel surgiu há dois anos, mas a decisão só foi tomada este ano. Segundo ele dois fatores pesaram: o movimento e o retorno financeiro com a locação do imóvel. O valor pedido de aluguel é R$ 6 mil. “Não é mais um lugar próprio para se morar, tem muito barulho e dificuldade para entrar e sair de casa por conta do trânsito. Além disso a casa de 350 m² se tornou grande para nós dois”, diz.
Mas assim como Dona Aurora, ele vê algumas vantagens. Na opinião de Uchôa viver em áreas estritamente comerciais significa ter fácil acesso a todo tipo de serviço e produtos. “A gente acaba se acostumando, além da facilidade de ter tudo perto, nas mãos”, afirma.
Tendência é de domínio pelo comércio
Uma das características da avenida é a presença de empresas que estão há mais de cinco anos no mesmo lugar. “Num curto período de tempo não haverá mais imóveis para locar”, ressalta.
Para João Paulo Guimarães, diretor de imobiliária, a oportunidade comercial empurra as pessoas a se mudarem desses locais. “Foi o que aconteceu, principalmente, na Nove de Julho com a entrada de empresas grandes.
Ele afirma que a liquidez é alta. “É um local desejado por muitos comerciantes, de diferentes ramos de atuação. Qualquer imóvel que se coloque para alugar ou vender, pelo preço real de mercado, se tem retorno”, afirma.
Na Nove de Julho, por exemplo os aluguéis, segundo ele, começam a partir de R$ 4 mil, mas não há como precisar o limite.
Em um ponto ele e outros entrevistados concordam: a tendência a curto e médio prazo é que os poucos imóveis que ainda sobrevivem como residências se transformem em comércio permanente.