Anna Regina Tomicioli |
foto: Jefferson Barcellos/A CIDADE Terceirizar a construção da casa própria tem sido uma prática cada vez mais comum adotada por quem não tem tempo nem conhecimento técnico para tocar uma obra. Aliada à mão-de-obra especializada, contratar os serviços de um profissional da área pode evitar dor de cabeça e gastos desnecessários por parte do proprietário na hora de construir. Na opinião do engenheiro Antonio Botelho Neto, do escritório Botelho e Borges Engenharia e Construções, especializado em construções para terceiros, as vantagens de se procurar um engenheiro ou arquiteto que responderá pela obra são a qualidade, capacidade técnica e experiência do profissional no ramo. “A pessoa que é leiga, e vai construir, não sabe a dificuldade de uma obra, a quantidade de itens que compõem uma residência. Ela tem que tomar decisões e não sabe, por exemplo, se determinado piso é bom, se é resistente; o que é mais barato, o que é mais em conta”, destaca. Além da questão habilidade, ter um responsável técnico pela obra, seja arquiteto ou engenheiro, é uma exigência feita pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura). Esse profissional é quem irá ‘assinar’ a obra e ficará responsável pelo empreendimento por até cinco anos após sua conclusão. Qualquer defeito de ‘fabricação’, é ele quem tem que reparar. Taxa de administração A taxa de administração da obra cobrada pelos escritórios contratados varia de empresa para empresa e também conforme as características da obra. É sempre um valor fixo calculado em porcentagem sobre o valor estimado da obra. Em geral, a taxa oscila entre 8% e 12%. Na avaliação de Botelho Neto, essa taxa acaba sendo paga automaticamente pelos descontos que a categoria dos construtores consegue na hora de comprar os materiais. “Por terem muitas obras ao mesmo tempo, o preço do material para os construtores é menor do que para consumidor final. Eu consigo descontos de até 15%, dependendo do material”, calcula. ESTRATÉGIA Custo com material pode ser revertido para contratações Segundo engenheiros ouvidos pelo A CIDADE, com um valor que o dono do imóvel pagaria em material, ele acaba custeando o serviço do engenheiro ou do arquiteto. Para se calcular o custo da obra, é feito um cronograma físico-financeiro do imóvel a ser erguido. É uma descrição bem detalhada de todo o material, mão-de-obra, de todos os gastos necessários. Embora esse valor possa variar um pouco para baixo ou para cima por conta de variações de material e/ou mudanças na planta que venham a surgir no decorrer da construção, por esse cronograma é possível ter uma noção bastante aproximada do custo final da construção. “O que acontece é que muitas vezes o proprietário acaba escolhendo peças de acabamento mais caras do que as calculadas inicialmente; ou, então, escolhe um piso mais barato e isso dá variações no gasto estimado pra mais ou pra menos”, argumenta um dos profissionais ouvidos. OPÇÃO “Investimento vale a pena pela segurança e comodidade” A publicitária Marilena de Moraes Barcellos e o marido não pensaram duas vezes na hora de construir. Contrataram um escritório de arquitetura e engenharia indicado coincidentemente por dois amigos distintos e terceirizaram o serviço. “A gente não tem tempo nem conhecimento técnico para isso e decidimos que não iríamos encarar esse desafio sozinhos”, alega. Para ela, a terceirização é um investimento que vale a pena. “Você paga pela segurança e comodidade de ter alguém cuidando da obra. É um custo-benefício que traz retorno”, avalia Marilena. No caso de sua casa, construída em um condomínio residencial em Bonfim Paulista, a taxa de administração foi de 10%. Fiel Além da planta e da mão-de-obra especializada, para garantir que a construção ficasse bem fiel à vontade dos futuros moradores, o casal também fez uma maquete do imóvel. “A casa ficou bem fiel ao projeto”, diz Marilena. Os gastos, segundo ela, também ficaram dentro do estimado e o prazo de construção foi menor que o previsto. “A previsão era nove meses, mas ficou pronta antes, em oito meses”. O prazo de uma obra varia conforme as necessidades e disponibilidade financeira do cliente. “Eu tenho condições de finalizar uma obra em oito meses, mas é preciso ver se o cliente tem disponibilidade financeira para isso”. Em outros casos, há pessoas que não têm pressa e preferem a casa pronta para daqui dois ou três anos. Descontos Sobre os gastos com materiais, a publicitária diz que os descontos chegaram até a 30% uma vez que os produtos são adquiridos pelo escritório de construção e não pelo proprietário do imóvel. “As lojas costumam ter equipe de vendas especial para atender engenharia e construção”, explica Marilena. Embora o engenheiro e o arquiteto façam o papel de gerente da construção, a participação dos proprietários é constante no decorrer da obra e se intensifica na fase de acabamento. “Tem decisões que o proprietário precisa tomar já no início da construção. No final, vem a parte de escolha de todo o material de acabamento, que a gente orienta e acompanha na compra, mas é ele quem define tudo”, explica o engenheiro Antonio Botelho Neto. Mas para quem constrói, essa participação não costuma ser nenhum incômodo. “Pelo contrário, é um prazer. É onde você coloca dá a sua cara na casa, onde você escolhe o que tem a ver com você”, argumenta a publicitária. |