A estudante Michelle Branzani, de 20 anos está mudando este final de semana de Ibitinga para Ribeirão Preto, para cursar Relações Internacionais na Unaerp. Um apartamento de um quarto no bairro Ribeirânia, bem perto da Universidade, será sua nova casa.
Como já teve uma experiência não muito positiva de dividir apartamento com amigas, ela decidiu morar sozinha. “Sou filha única e queria privacidade”, comenta.
Assim como Michelle, os milhares de estudantes de outras cidades que vêm estudar em universidades de Ribeirão, aquecem o mercado de locação de imóveis nesta época do ano.
“A procura começa em meados de dezembro e vai até março, por conta da divulgação da segunda chamada. Mas a maioria dos contratos é fechada entre janeiro e fevereiro”, explica o diretor de imobiliária Antônio Carlos Maçonetto.
De maneira geral, os imóveis mais requisitados são os kitchenettes e apartamentos de um dormitório, nos bairros onde ficam as universidades.
“Na minha escolha pesou a proximidade da faculdade, a segurança do prédio e o conforto”, conta Michelle.
A busca por esse tipo de imóvel chega a dobrar nesta época, segundo o diretor de imobiliária Roberto Alves Corrêa.
“O acréscimo geral na empresa cresce cerca de 30% a 40%. Mas imóveis para estudantes chega a faltar para atender a toda esta demanda”, comenta.
O corre-corre para encontrar uma moradia que satisfaça as expectativas e que encaixe no orçamento da família é tão intenso que as imobiliárias chegam a contratar temporários para o atendimento.
“Chegamos a ter fila de espera no atendimento. Além de contratar, remanejamos funcionários de outros departamentos para recepcionar estas pessoas”, fala.
Como dita a lei da oferta e da procura em janeiro não se consegue negociar o valor do aluguel.
“Apesar da época os proprietários não costumam aumentar o aluguel, para não ficar com o imóvel parado”, diz Maçonetto.
Em cima da hora
De ‘mala e cuia’ alguns estudantes chegam na cidade nas vésperas do início das aulas, para procurar um apartamento e acabam demorando para conseguir um dentro do perfil que procuram.
Com oferta menor, nestes casos uma outra opção é morar no Centro da cidade, devido a facilidade de transporte e acesso aos serviços. Deixar para última hora pode ser um problema.
Segundo Corrêa, o trâmite para a locação leva de 4 a 5 dias, por isso não adianta chegar com a mudança no carro.
“A pessoa vai ter de escolher o apartamento, levantar a documentação, passar pela análise do jurídico da empresa, vistoria, antes de fechar o contrato”, ressalta.
Localização
O preço do aluguel pode variar de acordo com a localização. Um apartamento de um quarto no Jardim Santana, segundo Corrêa um dos bairros mais procurados, pode ter o aluguel até 20% mais caro do que um no Centro, no mesmo padrão. “Os estudantes querem a facilidade de morar próximo às faculdades. Além da comodidade, economiza-se com transporte”, diz.
Este aquecimento e a característica da cidade de ‘centro’ estudantil tem provocado um reflexo no setor de construção. “As construtoras já estão investindo em edifícios de um dormitório, com área de lazer e lojas de serviços no térreo buscando atender a este público e tornar a locação atrativa”, comenta Corrêa. Maçonetto comenta que investidores compram vários apartamentos num mesmo edifício já com esta finalidade.
CUSTO
Taxa de condomínio pesa
Para morar em uma kitchenete próxima a uma das faculdades particulares de Ribeirão, o estudante vai gastar cerca de R$ 400 por mês entre aluguel e condomínio.
Se fizer a opção por um apartamento de um quarto o custo sobe para R$ 500 a R$ 600, incluindo o IPTU. “Em muitos prédios o que pesa é o valor da taxa de condomínio”, ressalta Maçonetto.
Ele comenta que hoje alguns já optam por um de dois dormitórios, pois a diferença do aluguel é pequena e o estudante poderá dividir os gastos com outra pessoa e ainda terá a privacidade de um quarto só para ela.
Já para viver num flat ele vai investir no mínimo R$ 500 a depender da estrutura.
CONTRATO
Dilema: fiador ou seguro como garantia
O ‘fantasma’ do fiador já não assombra como antes. Segundo os diretores, com a concorrência do mercado as imobiliárias estão procurando ser mais flexíveis no momento de aceitar um fiador.
“Em algumas situações colocamos o estudante como inquilino e os pais como fiadores”, afirma Corrêa.
Foi assim no contrato de locação de Michelle.
“Além de agilizar o processo, não precisei incomodar as pessoas”, fala.
Mas essa continua sendo a garantia locatícia mais usada no mercado e a principal dificuldade para fechar o contrato.
Entre as opções de garantia utilizadas pelas imobiliárias está o seguro fiança, em que a pessoa paga uma taxa anual que representa de 1,5 a 2 vezes o valor gasto mensalmente.
“Este valor pode ser parcelado em até 12 vezes”, explica Maçonetto.
Já no título de capitalização o locatário irá investir de 6 a 10 vezes o valor do aluguel, numa parcela única.
VALESKA MATEUS