Ferraz Jr.
Comprar imóveis na planta é um risco que, para os investidores, vale a pena correr se forem resguardados todos os cuidados na hora de fechar o negócio. Ainda assim, o setor está conservador nas projeções futuras de curto prazo. As vendas não correspondem às expectativas do início do ano para algumas incorporadoras, mas ainda assim devem fechar o ano em alta. Segundo o protético Guilherme Villa Gomes, de 25 anos, arriscar na compra de um apartamento na planta faz parte do mundo dos negócios. “O risco faz parte de qualquer transação. É preciso se cercar de cuidados para não sair perdendo”, afirma.
Gomes pesquisou no mercado a idoneidade da construtora e da incorporadora do imóvel, conversou com corretores e se assegurou da solidez dos empreendedores para, então, decidir pela compra na planta de um duplex de três dormitórios no Jardim Iguatemi, em Ribeirão Preto.
O valor do imóvel sai por R$ 80 mil. “Quando ficar pronto deve valer uns R$ 120 mil”, aposta. Mas o que era para ser um investimento, pode acabar se transformando na residência do protético. “Estou morando com meus pais e pretendo sair para morar sozinho, talvez seja a hora quando o apartamento ficar pronto”, afirma.
Problemas
Quanto ao risco de ter problemas para receber o imóvel, ele lembra. “Também tem muito imóvel pronto que depois de meses apresenta problemas como rachaduras. É tudo um risco”, analisa. Um risco que o próprio irmão correu ao entrar num consórcio de veículos e ver a empresa falir deixando os consorciados até hoje sem solução.
Alguns cuidados podem ser tomados, além da pesquisa dos empreendedores. Segundo o Procon, por exemplo, ao notar que o cronograma não está sendo cumprido, pode-se recorrer à Justiça, amparado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) e pela Lei do Condomínio (nº 4.591/64), porque há meios de diminuir prejuízos.
Para minimizar os efeitos do trauma causado pela falência da Encol, a MRV Engenharia fez parceria com o Banco Safra para que no ato da compra do imóvel na planta, o cliente adquira uma apólice de seguro do banco que garanta eventuais prejuízos com falência.
“O cliente recebe todo o investimento corrigido porque o seguro está sendo feito por uma empresa de fora do grupo”, afirma Arthur Martine, superintendente de vendas da MRV.
Mercado
Investidores como Guilherme estão mais cautelosos nessa época do ano. “O momento é de saturação, de incertezas”, analisa Carlos Henrique Fortes Guimarães, diretor da Fortes Guimarães, que tem exclusividade na venda de 64 apartamentos na planta e 230 casas. Para ele, a disponibilidade de imóveis por várias construtoras, concentrada numa mesma área, tem diminuído o ritmo das vendas.
“Os produtos para a classe média alta têm boa saída e devem continuar assim nos próximos três meses, mas sem muitas expectativas”, projeta Márcio Villas Boas, da Perplan.
O problema que afeta a classe média é o acesso ao financiamento que exige, em média, renda familiar de R$ 7 mil. “Não é essa a renda da classe média hoje e isso afasta o cliente”, afirma Márcio. Para ele, a classe média alta ainda tem poder de compra.
Com 500 unidades na planta à venda, entre casas e apartamentos, a MRV não tem do que se queixar. “Nos oito anos que atuamos no mercado de Ribeirão Preto, sempre fechamos o ano com balanço positivo nas vendas”, garante Arthur.
Segundo o empresário, em função da característica regional de unir casa com área de lazer, as vendas de casas é cinco vezes maior que a de apartamentos.