O poder público local ou municipal não deve traçar os rumos do desenvolvimento urbano de uma cidade. Mas deve induzir a expansão.
São muitos os instrumentos que podem ser utilizados. Um deles é a construção de obras públicas. Unidades de saúde, escolas, centros recreativos e esportivos são exemplos de investimentos públicos que podem perfeitamente deslocar o eixo do desenvolvimento urbano de um rumo para outro, exatamente para aquele que se deseja. Entretanto, nenhum tem o apelo e a força de uma via, um caminho pavimentado ou mesmo uma avenida. A rua Caramuru, de Ribeirão Preto, não foi resultante de um traçado dos técnicos. Ela foi escolha dos pedestres. Antes de ser conhecida como avenida Caramuru, que nasce no início do bairro da República, vizinho da parte final do Centro, esta artéria foi um caminho escolhido pelas pessoas. Ela demandava o hospital psiquiátrico Santa Tereza. Construído na então zona rural de Ribeirão Preto, o caminho surgiu da sua busca. Ao demandar o hospital, o Homem produziu um caminho que hoje se constitui numa das mais importantes avenidas de Ribeirão Preto.
A avenida Independência explica boa parte do desenvolvimento urbano de Ribeirão Preto rumo à zona sul. O que fazem, no sentido centro-norte, as avenidas da Saudade, Costa e Silva e Paschoal Innechi, seqüência da Meira Júnior.
O nosso A Cidade, do dia 24/06 próximo passado, no seu caderno de Imóveis, trata do “crescimento desordenado de Ribeirão Preto”, realidade que explicaria a menor expansão relativa da zona leste, no final da qual se construiu o bairro de Vila Abranches. Este bairro começou a ser construído em 1965, iniciativa do então vereador Paulo Abranches de Faria, com apoio político da Edilidade da época. Ressalte-se também o trabalho do governo de então, à frente do qual se encontrava o atual prefeito da cidade, sr. Welson Gasparini. Ele estava no meio de seu primeiro mandato como prefeito municipal de Ribeirão Preto (1 964/1968).
Como foi viabilizada a Vila Abranches, em torno da qual foram construídos todos os outros bairros que lhe abraçaram? Resposta: pelo traçado, execução e pavimentação da então avenida Barão do Bananal, incompreensivelmente transformada em simples rua, suprimida que foi uma pista. A avenida – hoje uma simples rua – Barão do Bananal é o prolongamento da rua João Bim, antiga estrada do morro do Cipó.
Diz ainda o jornal que a Vila Abranches tem um único acesso, apresentando também falta de equipamentos sociais e de lazer, fatos que impedem, barram o desenvolvimento da zona leste da cidade. É correta a observação. É correta também a análise que, a partir dos fatos, se faz. De qualquer forma, é necessário acelerar-se o desenvolvimento da região leste. Evidente que, rasgar alternativas viárias à via Barão do Bananal, facilitando o acesso à área cujo bairro mais antigo é a Vila Abranches, representa uma imposição urbanística. Feito isto, os loteamentos e construções surgirão como conseqüência quase imediata. Dante Alighieri dizia claramente: “dêem a luz. E os homens encontrarão os seus próprios caminhos.” No caso, a luz é a infra-estrutura de transporte. Dada a parte da logística, o resto o povo faz. E melhor do que o setor estatal.
Desenvolver é desembaraçar, desenrolar.
Desenvolver é resolver problemas.
VICENTE GOLFETO