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Estilo de vida do morador define opção entre imóvel novo ou usado

O preço do metro quadrado de apartamentos novos já não sobe no mesmo ritmo acelerado do ano passado.


Levantamento feito pelo Secovi-SP (sindicato da habitação) mostra que o valor desses imóveis aumentou 6,3% entre janeiro e maio deste ano --no mesmo período de 2011, a alta foi de 10%.


Ainda que a curva seja descendente, os preços dos novos permanecem altos --o valor médio do metro quadrado em São Paulo é de R$ 6.700, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). Os estoques continuam elevados, o que reduz a oferta de lançamentos.


Nesse cenário, os usados entram para competir. Apartamentos desse tipo são mais baratos -a diferença de preço pode chegar a 50% se o prédio tiver mais de 50 anos, segundo Luiz Paulo Pompeia, diretor da Embraesp.


Essa economia se reflete nas vendas: unidades usadas tiveram crescimento de 14% entre janeiro e maio, ante o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Lello Imóveis.


Por outro lado, imóveis novos têm uma vantagem: quando em construção, permitem parcelar a entrada, que pode chegar a 30% do valor. "Também é mais fácil e rápido conseguir financiamento", diz José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho dos Corretores de Imóveis).


Isso acontece porque, quando as incorporadoras lançam um empreendimento, o fazem em parceria com um banco, que agiliza a papelada referente à obra e à incorporadora. Ficam faltando apenas as comprovações de renda do comprador. Em alguns casos, o financiamento é aprovado rapidamente. Já para os usados, é preciso conseguir os certificados do proprietário do imóvel, o que torna o processo mais lento.


"O melhor negócio é encontrar um imóvel usado que tenha um defeito para os outros, mas não para você", diz Luiz Gambi, diretor de marketing do Secovi-SP (sindicato da habitação). "Minha tia comprou um apartamento em uma rua onde acontece uma feira. O imóvel estava desvalorizado por conta disso, mas ela adora a feira", conta.


ESCOLHA


Diante das condições, sobretudo no que diz respeito às facilidades de financiamento, muitas vezes o comprador termina comprando um apartamento novo, ainda que mais caro.


Foi a facilidade de poder parcelar a entrada que fez com que a professora Michela Totri, 31, e seu namorado, Bruno Skortzaru, 31, comprassem um apartamento na planta. Em agosto de 2009, eles adquiriram um imóvel de dois quartos na Aclimação (zona sul de São Paulo) e parcelaram a entrada por dois anos. "A possibilidade de parcelar foi decisiva para nós", diz Michela.


Agora, eles enfrentam um problema que costuma ocorrer com compradores de apartamentos na planta: o atraso na entrega das chaves. "A previsão inicial era dezembro de 2011 e, até agora, nada".


Há outro fator que pesa contra: apartamentos novos são entregues incompletos --sem pisos, gabinetes e armários. Por isso, Michela e Bruno terão de esperar ainda mais --demorarão cerca de dois meses para fazer acabamento e comprar móveis.


MUDANÇA IMEDIATA


Compradores apressados ou que pagam aluguel devem considerar adquirir um usado. Dependendo do estado do imóvel, a mudança pode ser imediata.


"Mesmo que seja necessária uma reforma, essas obras vão ser mais rápidas do que os três anos que a incorporadora demora para construir um prédio novo", analisa Luiz Fernando Gambi, do Secovi-SP.


Uma boa reforma pode transformar o apartamento usado no imóvel dos seus sonhos. Mas é preciso fazer uma mudança racional, sem excessos, modismos e personalizações. "Deve-se ter cuidado ao fazer uma reforma cara demais, pois isso pode inviabilizar a venda do apartamento no futuro", diz Gambi.


Reformas, como se sabe, podem ser sempre mais demoradas e caras do que se imagina inicialmente.


"Minha reforma empacou por conta de um problema do prédio", conta a diretora de arte Adriana Lago, 38. Em 2009, ela comprou com o marido um apartamento em Higienópolis (região central) em um prédio antigo, construído há cerca de 50 anos.


 

"Me apaixonei pelos janelões e pelo banheiro, que é enorme e tem uma banheira linda", diz. Eles optaram por reformar o mínimo e restaurar o máximo. Mantiveram o piso de taco, mas precisaram renovar as partes elétrica e hidráulica.


O apartamento é amplo, com 115 metros quadrados, mas não tem área comum. O que ela lamenta, no entanto, é o valor do condomínio. "Pagamos R$ 900. Acho caro, pois não temos área de lazer."


Para o arquiteto Lorenz Meili, 43, que mora em um apartamento antigo, a diferença no estilo entre novos e usados reflete uma mudança na maneira como as pessoas se relacionam com a cidade.


"As pessoas se viraram para dentro, estão cada vez mais de costas para a cidade, vivendo em apartamentos menores e com as opções de lazer no próprio prédio." Já apartamentos antigos, diz ele, são maiores, mais espaçosos e sem área de lazer --o que faz com que seus moradores aproveitem mais as opções que a cidade oferece.


 

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