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Famílias tradicionais.

Alto da Boa Vista e Sumaré têm casas grandes, algumas sem muros e portões, boa área verde e 7 mil moradores.



ANGELA PEPE
O Alto da Boa Vista e o Jardim Sumaré, na Zona Sul de Ribeirão, são bairros que abrigam famílias tradicionais com casas sem muros e portões e grandes áreas verdes.

O ambiente tranqüilo e a boa localização apresentam características propícias para moradia e estabelecimentos comerciais de prestação de serviço de alto padrão.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o Alto da Boa Vista e o Sumaré estão no primeiro sub-setor da Zona Sul e são dos mais antigos da zona, aprovados no fim da década de 40 e começo dos anos 50.

Esta é a vigésima segunda reportagem de "Bairros de Ribeirão" que a Gazeta faz em homenagem aos 150 anos da cidade.

De acordo com informações do Labgeo (Laboratório de Geotecnologias) da Unaerp, o segundo ponto mais alto da zona urbana de Ribeirão está localizado no Alto da Boa Vista, próximo à sub-estação da CPFL na avenida Presidente Vargas. São 625 metros de altitude na Zona Sul. O mais alto está situado próximo ao HC Campus, com 650 metros.

Para o arquiteto Eduardo Prado o ambiente e as praças urbanizadas - Antônio Lopes Velludo, Armindo Paione e João Luiz de Campos - são o ponto forte do bairro.

Ele conta que trabalha em casa e quando precisa relaxar pega seu cachorro e sai para uma caminhada. "Um puxa o outro", diz.

A empresária Carmen Sílvia Chammas conta que se mudou para a região quando suas filhas ainda eram crianças, há 15 anos. Diz que fez a escolha em busca da tranqüilidade que diz acreditar ser a fama do local e, por isso, nem tem portão em casa.

"O lugar em si tem alguma coisa especial que me faz amar morar aqui", diz Carmen. Além da "magia" para os moradores, na região estão situados estabelecimentos comerciais e de prestação de serviço de luxo.

São consultórios médicos, odontológicos e estéticos. Escolas regulares, de idiomas, bares e restaurantes.

O oftalmologista Paulo Antonio Barbisan montou sua clínica na região há três anos. Ele conta que a opção de abrir seu estabelecimento no Alto da Boa Vista é uma vantagem principalmente para seus pacientes.

O presidente da Associação de Moradores do Alto da Boa Vista, Ernesto Renan de Moraes, protesta e diz que na origem o bairro deveria ser estritamente residencial.

Mas afirma que, baseado em algumas leis municipais, esse perfil mudou e o comércio está legalizado em alguns pontos. Moraes declara que, há cerca de um ano, uma média de 75 estabelecimentos comerciais se instalaram na região.

Segundo o IBGE, os bairros do sub-setor Sul 1 são Jardim Sumaré, Vila Velludo, Alto da Boa Vista, Parque Independência, Jardim América, Jardim Aclimação, Jardim Eugênia, Jardim Francisco Gugliano e Jardim Santa Terezinha.

De acordo com o último censo (2000), eles moram aproximadamente 7 mil habitantes em quase 2,2 mil casas. Desse total 2,1 mil são chefes de família e cerca de 56% têm uma renda mensal acima de 15 salários mínimos, a partir de R$ 5,2 mil.

Bairros surgiram a partir de fazenda

O Alto da Boa Vista e o Jardim Sumaré foram parte de uma fazenda de posse de José Fernandes, conhecido como José Espanhol.

A informação é do volume cinco do livro História de Ribeirão de Rubem Cione.

Cione ainda relata que a região foi loteada pelo fazendeiro Godofredo Fiuza, auxiliado pelo advogado Rocha Lourenço e que o local foi projetado para ser um bairro nobre, estritamente residencial.

Segundo o escritor, a região foi fundada em 1948 por Nilton Ferreira da Rosa com colaboração de João Nuti.

De acordo com o livro e a confirmação da família de Nuti, ele construiu a primeira casa do Jardim Sumaré em 1951 e tem herdeiros na região até hoje.

Ela está situada na rua Marechal Deodoro, 1808, onde hoje funciona o escritório de advocacia da nora e neto de João Nuti.

A advogada Vera Lucia Meneghin Nuti, viúva de Raimundo Nuti - filho mais novo de João - conta que ela, o marido e os dois filhos moraram na casa até 2002. "Fizemos uma grande reforma, mudamos a fachada da casa e hoje apenas trabalhamos aqui", diz.

Vera conta que seu sogro foi corretor de imóveis e que seu marido viveu no bairro a partir dos nove anos. João Nuti foi casado com Maria Alice Torriani Nuti e tiveram 13 filhos. Nuti faleceu em 1964 e sua esposa em 1969.(Gazeta de Ribeirão)

PERSONAGENS

Elza Marques, balconista. Junto com o filho Leandro abriu quitanda 24 horas na avenida João Fiúsa há 3 anos. No estabelecimento trabalham apenas quatro pessoas da família que se revezam.

Fabrício Scaff Galvão, empresário e publicitário. Nas horas de lazer , entre o mestrado e o trabalho, costuma fazer mixagem de sons e descobrir novas músicas.

Cleusa Pacheco, comerciante. Abriu a livraria Bookstore no bairro há dois anos e também passou a morar na região.
"Depois que nos mudamos para aumentou a minha clientela".

Família Golfeto Farah. Há dez anos se mudou para o bairro. Guilherme diz que sente tranqüilidade para levar o irmão Ronaldo para passear todo dia. "Viemos deixar o bairro mais bonito", brinca Elias Farah.


Marilda Ferreira Kamla, professora aposentada. Trabalha como catequista na paróquia Nossa Senhora de Fátima há onze anos e diz ter experiência no trabalho com as crianças.

Casa se torna referência

A fama de casas de alto padrão e inovação fica comprovada com a estrutura de uma residência construída na década de 70 em frente à praça Engenheiro Armindo Paione.

No local funciona a academia de ginástica Cia do Corpo há cinco anos e já teria abrigado outros estabelecimentos.

De acordo com os donos da academia, Tânia e Marcos de Carvalho, a casa foi projetada pelo arquiteto Carlos Bratke. Tânia conta que a casa foi considerada um marco na arquitetura da cidade na época de sua construção e ainda é visitada por muitos estudantes para análises.

Carvalho informa que a casa é formada por 24 quartos em formato de pirâmides de 4x4 metros. No beiral de cada pirâmide, segundo Carvalho, exiis arejado.

"Acredito questem calhas que convertem a água da chuva para um reservatório.

Além disso, os empresários dizem que o chão é feito com concreto e madeira de pau-brasil. Os telhados são revestidos com tijolos refratários um sistema para deixar o ambiente ma essa casa seja mais funcional do que outra coisa. Penso que o arquiteto responsável por ela tenha viajado para o exterior e se inspirado em alguma tendência para essa construção" diz Tânia.(Gazeta de Ribeirão)

Paraguaio dá aula em igreja

O paraguaio Oscar Daniel Diaz Mareco é diácono da congregação Estigmatinos mora e trabalha desde 2005 no seminário no Alto da Boa Vista. Ele começou seus estudos teológicos no Paraguay, passou pelo Chile e se ordenou em Ribeirão, onde dá aulas de formação.

Mareco conta que seu trabalho está atrelado a ser missionário, por isso deve viver e reconhecer a realidade de comunidades diversas. "As pessoas daqui têm uma ligação muito forte com a igreja e isso é uma bagagem importante para que eu conclua a minha etapa como missionário", diz.

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