foto: WEBER SIAN
Se ainda há expressivos vazios urbanos em Ribeirão Preto, hoje eles são proporcionalmente bem menores do que há 30 anos. E daqui mais 30 anos serão menores ainda. É o processo de mudança no perfil da cidade. Lento, mas contínuo. As causas até agora foram as alterações no comportamento dos investidores, por conta da economia vigente, mas, para frente, pode haver também influência da legislação. O Plano Diretor, que se espera seja aprovado este ano, deverá contribuir para a ocupação de áreas ociosas no perímetro urbano, considera o diretor do Departamento de Urbanismo da Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Ambiental, engenheiro José Aníbal Laguna, que cita como principais exemplos de vazios urbanos em Ribeirão Preto a fazenda da Fundação Educandário Quito Junqueira (mais de 100 alqueires) e a gleba localizada entre a Ribeirânia e o Iguatemi, perto do Parque Curupira.
Estes e outros vazios da mesma ordem (e sem considerar os terrenos baldios das áreas urbanizadas) somam área de 8,29 km2 dentro dos 149,16 km2 do perímetro urbano de Ribeirão Preto. Se fossem utilizados, só as áreas brutas de vazios urbanos poderiam acomodar cerca de 50 mil moradores.
Urbanização
Seria o mesmo processo que houve com a urbanização da Fazenda Baixadão, onde hoje se encontram vários conjuntos residenciais, acolhendo mais de 10 mil pessoas.
Até aqui não houve uma legislação de incentivo ao preenchimento dos vazios urbanos. Ocorreu tudo por conta da iniciativa particular. Um bom exemplo é a zona leste da cidade. Quando o bairro Lagoinha surgiu, havia um enorme espaço sem loteamento urbano dali até o Jardim Paulista. Depois é que surgiram o Castelo Branco, Vista Alegre do Alto, Jardim Lacerda e os condomínios fechados.
Mais de 50 mil terrenos baldios: uma área onde caberiam duzentos mil habitantes
Os técnicos da Secre-taria do Planejamento da Prefeitura de Ribeirão Preto não definem como vazios urbanos as dezenas de milhares de terrenos baldios dentro da área urbanizada. E são muitos espaços vagos no contexto de áreas residenciais.
São cerca de 14 km2, além dos 8,29 km2 dos vazios urbanos propriamente ditos. Nesse total de 22 km2 vazios, caberiam cerca de 200 mil habitantes.
Terrenos baldios
Para se ter idéia do que representam os terrenos baldios, basta citar o dado obtido junto à Secretaria Municipal da Fazenda: no lançamento da cobrança do IPTU deste ano, para 172.217 unidades residenciais, aparecem 52.627 lotes sem construção, o que corresponde a 23,4% do total de 224.843 lotes espalhados pelos bairros de Ribeirão Preto.
Se esses lotes vazios fossem ocupados com construção, a população de Ribeirão
Preto poderia crescer sem que houvesse necessidade de investir na expansão de redes de água e esgotos, de novas unidades de ensino e saúde (só precisaria haver ampliação das atuais), de pavimentação de novas vias e de outros serviços públicos prestados pela Prefeitura.
CARLOS ALBERTO NONINO
Especial para A CIDADE
Publicação 21/05/2006