Programa corta gasto de água em até 50%.
Responsável pela segunda maior despesa dos condomínios, atrás apenas da folha de pagamento, o consumo excessivo de água está com os dias contados na cidade de São Paulo.
As torneiras começaram a ser fechadas na última quarta- feira, quando o prefeito José Serra (PSDB) aprovou a criação do Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da Água e Reúso em Edificações.
Proposta pelo vereador Aurélio Nomura (PV), 50, a norma determina que torneiras, chuveiros e vasos sanitários de imóveis novos gastem menos água. Os existentes terão dez anos para se adequarem. Instalar arejadores (veja quadro) em torneiras, restritores de vazão em chuveiros e adotar vasos sanitários mais econômicos reduz o consumo em até 50%.
Apesar do prazo folgado para se adequar às novas regras, quem quiser começar agora pode fazer as adaptações gradativamente.
O primeiro alvo são os chuveiros, que gastam até 46,7% do total consumido na casa. Paulo Costa, diretor comercial da H2C Tecnologia e Atitude, especializada em consumo racional de água, explica que o restritor proporciona economia de 35% a 60%. "O volume fica levemente menor, mas o banho mantém a qualidade."
"O banho continuou confortável", diz o síndico João Favari, que adotou o programa de uso racional de água no condomínio em que mora, com 30 apartamentos. "A conta foi de R$ 3.700 para R$ 2.100, uma redução de 43%."
O investimento foi de R$ 15 mil (R$ 500 por apartamento). Em um mês, técnicos eliminaram vazamentos, instalaram arejadores e restritores e regularizaram o consumo de bacias sanitárias.
Resistência
Já o síndico Sérgio Trevisan preferiu não mexer nos chuveiros. "Sabíamos que enfrentaríamos resistência." Ele adotou o programa há seis anos em seu condomínio, que tem 64 unidades, e conta que o investimento de R$ 8.000 foi pago em cinco meses e gerou redução de 17% no consumo.
O segundo passo é instalar arejadores nas torneiras da cozinha e nas dos banheiros, que escoam 25,8% da água consumida em casa. Para colocar a peça, uma "peneirinha" que restringe o volume e acrescenta ar à água, basta retirar do bocal da torneira o arejador comum. Assim, a economia pode variar de 20% a 60%.
A terceira etapa é a mais cara: trocar vasos sanitários de alto consumo, já que são eles, e não as válvulas, que determinam o gasto (14% do total da casa). Isso pode representar redução de 50% a 55% do consumo.