Imagine a seguinte situação: marido e mulher compram um apartamento logo ao se casarem e terão até as bodas de prata para terminar de pagar por ele. Pois essa possibilidade é viável, com o novo prazo de financiamento imobiliário oferecido por bancos privados.
Mas, como no casamento, a extensão do tempo máximo de contrato --de 20 para 25 anos, já viabilizada por Bradesco e Itaú e em estudo no Real-- tem também aspectos negativos.
De um lado, o tamanho das parcelas mensais viverá em lua-de-mel com o do bolso até que o fim do plano os separe: elas diminuem, dependendo do valor do bem e do período considerado, até 12 pontos percentuais em relação a um financiamento em 20 anos.
Mas, em contrapartida, uma das partes do acordo poderá se sentir traída após um quarto de século caso não analise, desde o princípio da união, que desembolsará, ao final do período, de 16,4% a 18,5% a mais no total pago se financiar em 25 anos e não em 20.
Os cálculos são do economista Miguel de Oliveira, 46, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade; confira números na tabela acima).
Segundo ele, a única vantagem, para o comprador, de alongar o período é a de encaixar uma parcela menor em seu orçamento mensal.
Essa possibilidade permite, inclusive, o aumento da faixa de público com acesso ao crédito --os bancos limitam em 30% o comprometimento de renda com o financiamento.
"Mas o ideal é privilegiar prazos mais curtos, que geram uma economia no total pago", orienta. "Em um período menor, o imóvel sai mais barato."
Mais clientes
Do lado dos bancos, observa o economista, os cinco anos a mais oferecem vantagens, como crescimento nas vendas.
"Estender o prazo faz aumentar o número de clientes", argumenta Oliveira.
"E, como a tendência na economia é a de queda de juros, por quanto mais tempo as instituições financeiras conseguirem segurar as taxas atuais, melhor para elas."
Na opinião de Carlos Kapudjian, diretor da imobiliária Lopes, "é uma tendência dos bancos estender os financiamentos, pois estão buscando formas mais criativas para atrair o consumidor", avalia.
"Concorrem entre si para oferecer as melhores condições de crédito", complementa.
O limite de idade para terminar de quitar um financiamento imobiliário não foi alterado --no Bradesco, ele é de 75 anos, e, no Itaú, de 75 anos e seis meses. Assim, os planos com o novo prazo máximo só podem ser contratados por quem tem até 50 anos.