Os valores de reajuste das locações têm superado os índices de inflação, e essa alta passa pela lei da oferta e da procura.
Entre maio de 2007 e abril de 2008, o Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário) contabiliza um aumento médio de 7,76% dos aluguéis na cidade de São Paulo contra 5,04% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
O índice de reajuste de aluguéis da Aabic (associação de administradoras), por sua vez, aponta alta de 13,55% nos cinco primeiros meses de 2008, frente a 4,74% do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
"A falta de oferta é o principal fator para os aumentos dos aluguéis", sentencia o vice-presidente de locação do Secovi-SP, José Roberto Federighi.
"Há grande demanda por imóveis em bom estado em Perdizes [zona oeste], Higienópolis [centro], Moema, Aclimação e Vila Mariana [zona sul]", diz. Sofreram maior alta os que têm até dois quartos e ficam perto do metrô e de escolas.
"O aluguel de um apartamento com um quarto e garagem no Sumaré [zona oeste] custava em média R$ 800 [em 2007]. Hoje, vale R$ 1.000 por mês", exemplifica o dono de imobiliária Lucio Mugnaini. "Imóvel com esse perfil não fica vazio."
Em falta
Outra explicação para as elevações é um déficit de lançamentos de imóveis com o perfil descrito pelo presidente da Aabic, José Roberto Graiche.
"A população que buscava dois dormitórios não encontrava. Nos últimos cinco anos, a construção civil ficou focada em imóveis de alto padrão."
Para José Viana Neto, presidente do Creci-SP (conselho de corretores), há outro novo componente na equação: o maior poder de barganha do locador. "Há alguns anos, o inquilino tinha mais possibilidade de escolha", afirma. Para equilibrar essa negociação, uma dica para o locatário é cuidar bem do imóvel. Para o locador, é vantagem ter um inquilino de confiança.
Houve ainda um movimento migratório na capital, iniciado em 2003, explica Viana. "Inquilinos de áreas centrais foram em busca de moradias mais baratas nas áreas periféricas. Hoje, com maior poder de compra, estão voltando para o centro."
MARIANA DESIMONE
Colaboração para a Folha de S.Paulo