Preços de imóveis novos disparam, com alta de até 43% em um ano em SP
Alta dos preços do metro quadrado superou de longe a valorização de outros ativos, como CDI e poupança, perdendo apenas para a bolsa.
Os imóveis residenciais novos, tanto os de classe média como os empreendimentos de alto padrão, tiveram forte valorização este ano na cidade de São Paulo, com grande aceleração de preços nos últimos meses. Pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) revela que o preço do metro quadrado de imóveis de dois dormitórios subiu 42,86% no 1.º quadrimestre, na comparação com o mesmo período de 2009. No 1.º bimestre, havia subido 25%.
No caso dos imóveis de 2 e 3 dormitórios, o movimento foi semelhante. Em ambos os casos, houve aumento de 27% nos preços no primeiro quadrimestre na comparação anual, depois de o metro quadrado desse tipo de produto ter se valorizado 6% e 2,4%, respectivamente, no primeiro bimestre.
A alta dos preços do metro quadrado entre janeiro e abril superou de longe a valorização obtida em outros ativos. Segundo cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo, o capital investido no período em certificados de depósito interbancário (CDI) se valorizou 9,19% e na caderneta de poupança, 6,68%. Já os recursos aplicados em ouro tiveram desvalorização de 6,84% e, no dólar, houve uma retração de 23,83%.
Apenas as aplicações na bolsa, sustentadas pelo bom desempenho da economia, tiveram valorização superior à dos imóveis (74,17%). Os cálculos foram feitos a pedido do Estado, com base na cotação dos investimentos do último dia útil de fevereiro deste ano, comparada com a mesma data de 2009.
"Os preços dos imóveis em São Paulo estão chegando ao topo", afirma o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia. Ele aponta alguns fatores que, na sua opinião, estariam sustentando a surpreendente valorização dos preços dos apartamentos e casas novas. O primeiro deles é a escassez de terrenos na cidade de São Paulo em razão de mudanças no Plano Diretor, que, pelas novas regras, reduziu pela metade a disponibilidade de áreas para erguer edifícios.
Além disso, como a maioria das construtoras abriu recentemente o capital e arrecadou grandes somas de dinheiro no mercado, a corrida dessas companhias para fazer um grande banco de terrenos inflacionou os preços.
O ambiente econômico, com crescimento da renda, do emprego e do crédito, especialmente o imobiliário, também contribuiu para a aceleração das vendas de imóveis novos. Nas contas do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Sergio Watanabe, entre recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da caderneta de poupança, serão injetados perto de R$ 70 bilhões de crédito para compra de imóveis neste ano, uma cifra recorde.
Investidores. Diante da grande valorização, Pompéia observa que está havendo um forte movimento de investidores no setor imobiliário residencial, o que de certo modo contribuiu para a manutenção de preços dos ativos em níveis levados. "São investidores nacionais e estrangeiros que compram imóveis na planta visando a uma valorização até o término da construção, isto é, em 18 meses em média."
Na Fernandez Mera Negócios Imobiliários, um terço das vendas de imóveis novos neste ano foram para investidores, conta o diretor Fabio Soltau. Ele observa que a mudança na Lei do Inquilinato, que prevê a retirada do inquilino inadimplente em 90 dias, recuperou o valor dos aluguéis e fez do imóvel um bom investimento.
Soltau diz que a sua empresa registrou crescimento superior a 50% nas vendas de imóveis de 1 e 2 dormitórios entre janeiro e maio deste ano em relação a igual período de 2009. Neste ano, a imobiliária vai ampliar em 70% o número de lançamentos ante 2009.
A construtora Gafisa ampliou em 495% o número de unidades lançadas em todo o País no primeiro trimestre. O diretor de incorporação da companhia. Sandro Gamba, conta que a empresa decidiu antecipar lançamento do 2.º para o 1.º semestre. "Em apenas um fim de semana, vendemos 100% de um empreendimento com 500 apartamentos, com valor médio de R$ 400 mil."
Já Fernando Sita, diretor da Coelho da Fonseca, diz que vendeu no fim de semana 30% de um empreendimento de alto luxo, cujo metro quadrado custa R$ 9 mil. "Depois da crise, os investidores começaram a encarar os imóveis como um porto seguro."
O Estado de S. Paulo - 18-06-10
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