Piscina, quadra gramada, quadra poliesportiva, salas de musculação e de "fitness", spa, salão de festas infantil, brinquedoteca, "pet care": a lista parece interminável. A cada lançamento surge um "novo conceito em moradia" a partir de itens da área de lazer.
O clube no condomínio tornou-se importante ferramenta de marketing das construtoras. Mas como discernir entre equipamentos úteis ou não no momento da compra do imóvel?
"Toda pessoa quer itens de lazer [no condomínio]. Mesmo para o público econômico, desenvolve-se o mesmo conceito de condomínio-clube", conta Márcio Kawashima, que estudou o tema em sua pós-graduação no Núcleo de Real State da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).
Os mais desejados e freqüentados ainda são piscina, salão de festas, sala de ginástica e quadras esportivas. Contudo, a intenção interfere no custo.
"Se for dimensionar [conforme o número de moradores] para ter todo o conforto, chega-se a algo tecnicamente bom, mas economicamente inviável", explica Odair Senra, vice-presidente do SindusCon-SP (sindicato de construtoras).
Piscina e quadras esportivas exigem espaço no terreno para ter dimensões que satisfaçam os moradores --e, por isso, são as que mais costumam encarecer o condomínio e o IPTU.
"O consumidor deve ficar bastante atento a "lazeres" que podem aparentemente ser importantes mas custam muito no condomínio", alerta Senra.
O princípio usado deve ser o de possuir o maior número de itens de lazer úteis sem comprometer o custo condominial. Na hora da compra é essencial saber o valor estimado da mensalidade do prédio.
Renomeados
Em lançamentos voltados para a família, com apartamentos de dois e três dormitórios e dimensões pequenas, o espaço comum é mais valorizado.
"O morador não tem uma área social muito grande dentro de seu imóvel e encara o resto como uma extensão do seu apartamento", analisa Cyro Naufel, diretor de atendimento da imobiliária Lopes.
Novidades como espaço gourmet e "lounge" são evoluções do tradicional salão de festas. Spa e sala de "fitness" nada mais são do que a especialização da sala de ginástica.
Agregados como redários, spa, sala de lazer infantil, espaço verde e cinema a princípio não aumentam o custo de implantação. Mas, na escolha, seu uso deve ser ponderado.
Ao deixar seu sobrado por um apartamento, Marilsa de Oliveira, 46, procurou condomínios com ampla área comum. "Meu marido queria bastante área de lazer", conta.
Há quase um ano no novo imóvel, a comerciante utilizou poucas vezes o espaço. Trabalhando de segunda a domingo, não lhe sobra muito tempo.
"O morador gosta de ter [muito lazer], ainda que não o utilize. Onera o condomínio e o IPTU, mas também é valorizado na hora da venda", pondera Romeo Busarello, da Tecnisa.
CRISTIANE CAPUCHINHO
da Folha de S.Paulo -02/11/08