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Comércio no edifício.

Estudantes universitários fazem surgir um novo conceito em RP: prédios residenciais com áreas comerciais.



A tradição de Ribeirão Preto em receber, todo ano, milhares de estudantes universitários de outras regiões do Estado e até do país está fazendo surgir um novo conceito em empreendimentos imobiliários na cidade: edifícios residenciais agregados a estabelecimentos comerciais. No térreo dos prédios, são implantadas padarias, locadoras, restaurantes, salões de beleza, academias e lojas de roupas para jovens.

Um exemplo é o Residencial Villagio Belluno, lançado pela Construtora Maistro, a menos de 100 metros da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto). O lugar é novo. Vai completar um ano em maio. Mais de 90% dos moradores são estudantes ou profissionais liberais. De acordo com o zelador do edifício, Marco Antônio, a construção de uma área comercial em conjunto com o prédio visa atender, principalmente, os donos e locatários dos apartamentos."

Como a maioria das pessoas que reside aqui é de estudantes, que não têm tempo para ir a lojas no centro da cidade ou cozinhar, a presença de serviços de alimentação e vestuário, por exemplo, facilita muito a vida de todo mundo. Acredito que isso pode se tornar uma tendência daqui para frente", avalia. "Todos os apartamentos têm à disposição um interfone que serve para se comunicar diretamente com o comércio. Os moradores podem fazer o pedido e receber a entrega com comodidade", declara o zelador.

O Villagio Belluno tem 330 apartamentos, todos ocupados, e 19 estabelecimentos comerciais. É o segundo nos mesmos moldes em Ribeirão. O primeiro, o Villagio Modena, da mesma construtora, fica próximo à Unip (Universidade Paulista), com uma diferença: a área comercial é interna.

No Belluno, o comércio funciona das 6h às 2h do dia seguinte. Apesar de grande parte dos freqüentadores residir no próprio edifício, o local é aberto ao público. Estudantes de quase todas as universidades de Ribeirão marcam presença. Segundo o gerente de vendas da Maistro, José Carlos Rosa, a construtora apostou num novo filão, que deu certo. "Percebemos que construir perto das universidades daria resultado, ainda mais com serviços agregados, que permitem aos estudantes fazer compras onde moram", diz.

Uma das características do empreendimento é que a área comercial deve seguir as regras de comportamento e convivência vigentes no condomínio. O zelador explica que o som alto não é permitido. "Música, só ambiente, para não atrapalhar aqueles que precisam estudar para provas na faculdade", declara Antônio.

Para a estudante Ana Flávia da Cunha Azevedo, que terminou de fazer especialização em fisioterapia, o local é agradável. Ela diz que, no final do ano passado, pensou em ir embora de Ribeirão, mas mudou de idéia porque gosta do ambiente do edifício e pretende fazer novos cursos na cidade. "É um conceito diferente. No centro de Ribeirão, alguns prédios antigos tem comércio no térreo, mas lá existe uma característica diferente: o público-alvo são consumidores em geral. Aqui, o serviço prioriza a necessidade dos moradores".

Fabiano Bazan Cancian, que em meados do ano passado abriu uma videolocadora no edifício, afirma que, pelo fato de ter muitos apartamentos, a clientela é grande. Nas férias, quando os estudantes voltam para suas cidades, ele trabalha para atrair gente do bairro. "Aqui na redondeza, quase não existe locadora. Então, recebo pessoas que não moram no prédio em busca de filmes, apesar de ser a minoria. A maior parte é mesmo dos moradores daqui, que somam mais de 60% dos clientes".

Outro que investiu para implantar um estabelecimento no lugar foi Christiano Wakita, que em sociedade com o amigo Victor Hugo Brandani montou o Sushi Bar, especializado em servir comida japonesa. Eles apostam que os moradores do prédio podem colaborar na divulgação do produto. "Como há uma rotatividade grande, os moradores indo e vindo a todo momento, a propaganda acaba sendo boca a boca. Quem mora aqui traz amigos e movimenta o bar", afirma.


IGOR SAVENHAGO

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