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Os cinco pecados ambientais.

O jornalista Adriano Quadrado, na edição de 28/10/2007 deste A Cidade, trata de matéria com título “Ribeirão comete cinco pecados ambientais”. O quarto pecado é a falta de árvores. Em Política, crime é mais do que pecado mas erro é mais que crime. Lembrando Talleyrand, ministro das relações exteriores antes, durante e depois da Revolução Francesa – portanto, inclusive de Napoleão Bonaparte – dizia que “na boa política, é preciso evitar os erros muito mais do que os crimes”.
Logo, mais do que um crime, mais do que um pecado, a insuficiência de árvores no panorama urbano de Ribeirão Preto é um erro. E um erro que atinge, diretamente, a qualidade de vida da cidade, marcada por boas expectativas quanto ao futuro do ponto de vista do desenvolvimento econômico. Construída sobre a cratera de um extinto vulcão, Ribeirão Preto – literalmente – localiza-se sobre um buraco. O que faz com que seus habitantes suportem uma temperatura média bem acima, inclusive, daquela que se sente na maior parte das cidades da região. O plantio de árvores seria, portanto, uma boa atenuante para amenizar o calor que marca a cidade. Diz a matéria que “o tamanho do déficit verde de Ribeirão Preto equivale a 5,57 milhões de metros quadrados. A cidade precisaria mais de um campus da USP em áreas verdes ou 573 estádios de futebol. O município foi planejado para ter 17,4 m2 de áreas verde por habitante mas tem apenas 4,4 m2.”
Não há possibilidade de se pretender que apenas a sociedade cuide e encaminhe a solução do problema. Porque a insuficiência de verde é um problema que representa o rompimento do equilíbrio ambiental. É necessário um trabalho conjunto dos setores público – notadamente o municipal – e privado. No passado, com a reserva florestal do que atualmente nós conhecemos como bosque Fábio Barreto, cuidou-se mais da questão. Inclusive de maneira pioneira. Atualmente, o valor da terra tem aumentado na razão direta do desenvolvimento imobiliário, que é parte da expansão econômica. E, por conseguinte, tem dificultado e até impedido a tomada de medidas de preservação das reservas residuais. Mas a valorização do hectare de terra na zona rural, na esteira da expansão do agronegócio, igualmente tem impedido medidas que tentem cortar no presente, agravamento de maiores problemas no futuro.
O poder público municipal tem que declarar de utilidade pública, para fins de desapropriação, áreas que representam parte do residual de reservas florestais. Mas tem sobretudo que cuidar da grande quantidade de terras que já possui, conseqüência das áreas que os loteadores doam no momento em que o projeto de parcelamento do solo é apresentado e aprovado. Se estas áreas forem somadas, se receberem o plantio de árvores, sem dúvida que 5,57 milhões de metros quadrados – tamanho do déficit estimado – será reduzido sensivelmente.
Mas o setor privado terá que ser chamado à colação. E ser incentivado a destinar, unilateralmente, mais verdes nos novos loteamentos. O incentivo não deve necessariamente partir do setor público. Deve partir da consciência ambiental do comprador de novos lotes. Eles formam a procura. E esta tem o poder de ser o útero de onde nasce a necessidade. Sendo a mãe da criação e a força do desenvolvimento econômico, a necessidade – âmago da procura – impõe o ajustamento da oferta.
“O que é a cidade senão o seu povo”? pergunta William Shakespeare. O povo – no caso os adquirentes de lotes em novos lançamentos – deve impor a cidade nova, a Ribeirão Preto mentalizada no século 21 como a que também cuida de um dos mote destes tempos: a conciliação do desenvolvimento econômico com a preservação da qualidade de vida.


 

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