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Comprador peca por mau planejamento.

Durante a busca por um imóvel, o comprador de primeira viagem dificilmente resiste a tentações como colecionar dezenas de opções para visitar, acionar mais de um corretor para agilizar a busca ou fechar o primeiro negócio que parecer atraente.

À primeira vista, essas saídas parecem agilizar a procura, mas quem peca por ansiedade ou falta de tempo sofre penitências como inflação do preço do imóvel, defeitos na casa nova e até problemas com os vizinhos.

O primeiro mandamento para evitar os percalços é traçar um bom planejamento. De saída, o ideal é focar um bairro ou região de preferência. Deve-se circular no local para verificar o que está disponível, diz José Augusto Viana Neto, 53, presidente do Creci-SP (conselho de corretores).

Um item que pesa na escolha do bairro é a análise de sua infra-estrutura, conforme explica Wilson Elias de Freitas, 71, diretor do Sciesp (sindicato dos corretores).

Paralelamente, recomenda-se uma triagem de anúncios de jornal e de sites. Na internet, é possível ver fotografias e analisar a condição da edificação, observa João Teodoro da Silva, 53, presidente do Cofeci (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis). Mas salienta que se trata apenas de uma antecipação, o negócio tem de ser feito in loco.

Ao escolher os imóveis para analisar, nada de ceder à luxúria. Em vez de passar semanas visitando dezenas de opções, restrinja-as a, no máximo, dez. Ver 30 ou 40 é cansativo e oneroso, lembra Silva. Cada visita requer a análise de fatores como a infra-estrutura do entorno, as condições do imóvel e o perfil dos vizinhos.

Na ansiedade de concluir um negócio, muita gente fecha os olhos para aspectos importantes. Se no apartamento de cima houver crianças, haverá um ruído incômodo, pondera Neto.

Inflação

Outro erro é acionar vários corretores, que podem se atropelar na busca. Podem levar o interessado a um mesmo imóvel, fazendo com que ele perca tempo, exemplifica a corretora autônoma e advogada Rosa Maria Eiras.

Isso também pode inflacionar os preços, especialmente se o dono notar o interesse de vários profissionais em seu imóvel.

Feita a escolha, não é recomendável assinar o contrato antes de analisar condições físicas e legais do bem. "Nem sempre os problemas são aparentes", diz Rosangela Martinelli, 36, delegada seccional do Creci-SP. "Para vasculhar defeitos estruturais, como os de hidráulica e de elétrica, leve um engenheiro."

Um dogma da fase pré-contrato é investigar a documentação do bem, passando por registro no cartório de imóveis, averiguação de dívidas de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) na prefeitura e de ações contra proprietários ou construtoras, que comprometem o investimento.

Pode haver penhora ou arresto [apreensão judicial] do imóvel, pontua Martinelli. Devem ser requisitadas as plantas originais.

A compra a prazo pede bom plano de despesas durante o período de financiamento. Às vezes, a transação não está de acordo com a renda do comprador, lembra Eiras.

A auxiliar administrativa Roberta Ferreira, 27, conta que, depois de três anos de financiamento, não tinha mais como pagar as parcelas nem juntando seu salário ao do marido. Pedimos uma revisão do contrato para que o bem não fosse a leilão.
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