São Paulo - A dilatação dos prazos para entrega das chaves está sendo adotada pela maioria das construtoras e incorporadoras, numa tentativa de evitar os desgastes com atrasos de obra, como os que vêm ocorrendo desde o fim de 2009. Um levantamento feito com dados do Tribunal de Justiça de São Paulo dá uma ideia da gravidade do problema: entre 2008 e 2010, o número de processos contra construtoras passou de 202 para mais de 500.
A pesquisa feita a pedido do Estado pela Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) mostra que, no primeiro trimestre de 2007, 25% dos empreendimentos lançados na Grande São Paulo tinham prazo de entrega entre 30 e 45 meses, o máximo praticado no setor. Entre janeiro e março de 2011, esse tempo já é estabelecido para 40% dos lançamentos. Até então, a maioria dos imóveis eram entregues em até 15 meses.
“As obras entregues com atraso foram contratadas com a cabeça de 2007, quando havia mão de obra, insumos e equipamentos disponíveis no mercado”, diz o diretor de economia do Sindicato da Construção em São Paulo, Eduardo Zaidan. Naquela época, com dinheiro em caixa para investir, houve uma corrida das incorporadoras para lançar empreendimentos. O resultado não poderia ter sido outro: o que havia em abundância começou a faltar. “Veio uma pressão enorme de falta de gente, máquinas, material e na hora de entregar o imóvel, simplesmente, ele não estava pronto. Não dá mais para prometer no mesmo prazo.”
A incorporadora paulistana MaxCap já acrescentou seis meses ao prazo previsto para a conclusão da obra. Além disso, incluiu no contrato uma cláusula em que orienta os compradores a não planejarem compromissos durante o prazo de “carência”, que garante à construtora a possibilidade de atrasar em 180 dias a entrega das chaves, por motivos fundamentados, como a incidência de chuva ou mesmo falta de mão de obra.
“Mesmo assim, os atrasos vão continuar, não tem saída”, diz José Paim de Andrade Junior, presidente da MaxCap. Dos 40 projetos que a empresa tem em andamento, 70% estão com atrasos superiores a três meses. “Estamos trabalhando com uma mão de obra menos qualificada e, portanto, menos produtiva.”
A PDG, maior incorporadora do País, também vai levar mais tempo para entregar seus empreendimentos. Com 200 canteiros de obras em execução atualmente, a companhia estendeu os prazos em quatro meses. “Estamos em regiões diferentes do Brasil que exigem planejamento diferenciado”, afirma Milton Goldfarb, presidente da Goldfarb, empresa da PDG.
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