Ferraz Jr.
Especial para A CIDADE
O Boulevard continua em alta. Empresários dos ramos de comércio e serviços não abrem mão de uma das mais sofisticadas regiões nobres de Ribeirão Preto na hora de escolher um lugar para instalar seus negócios. Segundo as imobiliárias que atuam na região, cerca de 80% dos imóveis estão locados para fins não-residenciais.
Situado na área compreendida entre o quadrilátero formado pelas avenidas 9 de Julho, Independência e Santa Luzia e a rua Conde Afonso Celso, o Boulevard aos poucos foi conquistando adeptos e segue avançando pela área residencial adjacente.
Hoje, é a preferida entre muitos empresários que buscam conquistar público A e B. Segundo Antonio Maçoneto, diretor da Maçoneto Imóveis, a região lidera a preferência dos que querem alugar imóvel para abrir um negócio.
“O problema é que na maioria das vezes o imóvel requer um investimento muito alto para reformas de adaptação”, afirma.
Valmir Ruiz, da J.Ruiz Imóveis, e presidente da Associação das Administradoras de Imóveis de Ribeirão Preto, concorda. “Quem não tiver alicerce fecha as portas antes de seis meses”, garante.
Outra questão que pesa na hora de decidir pela locação é o valor do aluguel.
A média no Boulevard, segundo as imobiliárias, varia entre R$ 400 para uma sala até R$ 3,5 mil para um sobrado com quatro dormitórios.
“Como é uma área intermediária entre os shoppings centers e a decadência do comércio da região central, o Boulevard surge como boa opção e se mantém até hoje”, avalia Antônio Vicente Golfeto, do Instituto de Economia Maurílio Biagi, da ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto).
Para Golfeto, o valor médio dos aluguéis no Boulevard está dentro dos padrões e chegam a concorrer com certos pontos comerciais dos calçadões do centro. “Os calçadões recebem o maior fluxo de consumidor a pé de Ribeirão Preto, bem maior que cada um dos três shoppings da cidade”, analisa.
O que atrai muita gente para o Boulevard é a infra-estrutura da região que ainda não está comprometida com o aumento do movimento. “É de fácil acesso à população e fácil de estacionar”, afirma Ruiz.
Expansão continua
Com 50 imóveis no Boulevard, a J. Ruiz não tem do que reclamar. Estão todos alugados para comércio ou serviços, segundo Ruiz. E, mesmo com muitas faixas de “aluga-se”, não foi difícil encontrar quem estivesse abrindo seu negócio no boulevard (ler ao lado). A chegada do Ribeirãoshopping, no início da década de 80, deu impulso ao Boulevard que, aos poucos, firmou-se como opção para quem queria sair do centro capitalizar o mesmo público dos shoppings com investimentos menores. Segundo Golfeto, o conceito do Boulevard, de unir comércio serviços e lazer, com bares e restaurantes, deu certo. “A sofisticação da região já atrai problemas de segurança e isolamento das residências durante à noite, já que a maioria do comércio e serviço do Boulevard funciona durante o dia”, conclui Ruiz.
A concorrida João Penteado
Em questão de minutos, ao andar pela rua João Penteado, coração do Boulevard, a reportagem deparou-se com duas empresárias apressadas em montar suas lojas. Elas pretendem inaugurá-las na próxima semana.
A artista plástica Ana Beatriz Giacomin aproveitou um ponto comercial de esquina para montar seu atelier com loja para expor seus trabalhos.
A loja vai se chamar Fatto a Mano e vai vender camisetas com pinturas personalizadas. “Na João Penteado, uma loja de esquina por R$ 1,5 mil não é de se perder a oportunidade”, diz. Ela pensa nesse empreendimento desde o ano passado e o primeiro lugar em que foi procurar foi o Boulevard. “É por onde circula meu público alvo”, justifica. Para ela, o valor do aluguel compensa pelo ponto estratégico. A menos de 50 metros, a empresária Rosemary Marzola Soeira limpava o espaço para abrigar a Passo de Dança, sua loja de artigos para dança, e a imobiliária nem sequer havia tirado a faixa de aluguel.
Ela está mudando sua loja instalada na rua Rui Barbosa, próximo à Cerqueira César, e não se incomoda em pagar R$ 900 por mês pelo novo ponto, cerca de R$ 400 a mais.
A escolha pelo Boulevard obedeceu a uma lógica: “Ao olhar minha mala direta, vi que todos os meus clientes moram na parte nobre da cidade então tive de vir para cá”, revela. “Meus clientes não atravessam a 9 de Julho para comprar na parte de baixo da cidade”, afirma.