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Apartamento de um quarto é tendência no mercado

Construções compactas e sem divisória têm demanda crescente.

Investidores também demonstram maior interesse por esse setor do mercado, devido à facilidade de alugar


Seguindo as mudanças na sociedade, os imóveis que não têm divisória ou com apenas um quarto vêm ganhando espaço na preferência dos consumidores nas grandes cidades brasileiras. E a perspectiva é de ampliar essa participação.

Os dados sobre a maior dessas metrópoles, a capital paulista, já mostram essa tendência.

Segundo o Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo, a fatia das moradias de até um dormitório passou de 1,7% das vendas em todo o ano de 2007 para 9,7% em 2010, considerando os números até outubro.

Para João Crestana, presidente da entidade, esse tipo de imóvel alia a vontade de ter logo a casa própria às facilidades de financiamento.

O público inclui executivos, solteiros, recém-casados e aqueles que pretendem manter a família pequena.

Entre 1999 e 2009, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, houve uma ampliação na proporção de casais sem filhos, passando de 13,3% para 17,1% dos arranjos familiares no país.

Os investidores também estão de olho nesse nicho. "Um dormitório é o imóvel de aluguel por excelência", afirma Crestana.


LOCALIZAÇÃO

As moradias bem localizadas, perto de escolas, faculdades, estações de metrô e corredores de ônibus, são as opções preferidas dos estudantes, garantindo uma procura constante e a consequente valorização.

"É o que tem o maior número de pretendentes", afirma o presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Cor- retores de Imóveis do Es- tado de São Paulo), José Augusto Viana Neto.

Na opinião dele, a localização é tão importante para quem opta por esse tipo de apartamento -para comprar ou alugar- que não é raro os moradores se submeterem a condições não tão ideais.

"As pessoas ganham em qualidade de vida mesmo com o desconforto interno", diz, lembrando que até cidades de médio porte já apresentam problemas no trânsito, o que justifica a escolha.


LANÇAMENTOS

Nos lançamentos, o salto desse tipo de imóvel foi ainda maior entre 2007 e 2010, indo de 1,4% para 11,5% do total.

Os imóveis sempre foram um objeto de desejo, destaca Sandro Gamba, diretor da Gafisa, mas agora, com as facilidades de financiamento no mercado, "eles se tornaram muito mais líquidos [mais fáceis de vender]".

Para ganhar mercado, as construtoras e incorporadoras tentam vislumbrar esses anseios do consumidor.

"A velocidade de venda é maior para apartamentos menores", contabiliza Dora Szwarc Hamaoui, diretora de operações da PDG Realty.

Uma das estratégias das empresas para diminuir os riscos de empreendimentos com um quarto tem sido mesclar apartamentos com diferentes tamanhos e plantas flexíveis no mesmo prédio.

"O [imóvel] de um dormitório tem acabado mais rápido, mas o de dois é importante para o mix", avalia Maurício Barbosa, diretor de incorporação da CCDI (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário).

Um exemplo do sucesso desse plano é o In Berrini, lançado em fevereiro passado, que teve as 216 unidades -96 delas com um quarto- vendidas em apenas um dia.

O empreendimento tinha como público-alvo quem trabalha na região da avenida Luis Carlos Berrini, na zona sul da capital.

O bom desempenho motivou o lançamento, em dezembro, do In Jardim Sul, com todos os cem apartamentos de 49 m2 vendidos já no primeiro final de semana.


 Áreas comuns de prédios ganham novos atrativos

A participação das moradias com até 45 m2 mais que dobrou, passando de 6,3% dos lançamentos na cidade de São Paulo em 2007 para 13,5% em 2010, contabilizado até o mês de outubro.

Considerando aqueles com tamanho até 65 m2, a fatia já passa da metade (55,7%), ante 36,5% anteriormente.

"As pessoas estão ficando cada vez menos tempo na própria casa", afirma João Crestana, presidente do Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo.

Por causa disso, as construtoras investem na diversificação das áreas comuns dos prédios. "É um diferencial importante pelo perfil de quem está comprando", diz Sandro Gamba, diretor da Gafisa.

Agora, não basta ter garagem, salão de festas, piscina, churrasqueira, playground e sala de ginástica. Para receber convidados, o conceito de "home" (lar) foi ampliado e já é possível ter home theater e home office (para reuniões de trabalho), além de salão gourmet e sala lounge, nesses espaços comuns.

Ou inclui lavanderia e ajuda de funcionários do condomínio para levar o cachorro para passear ou lavar o carro.

"Esses moradores precisam ter na área comum o que não podem ter em casa", diz Maurício Barbosa, diretor de incorporação da CCDI.


Renda em alta e crédito facilitam troca de imóvel


Crescimento econômico, elevação na renda, redução do desemprego e maior interesse dos bancos no financiamento habitacional dão ao consumidor a confiança de que o primeiro apartamento não precisará ser o último.

"Trocar de imóvel é sinal de amadurecimento do mercado", avalia Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Para Luiz Antônio França, presidente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), outro fator que deve impulsionar esse mercado é o aumento da mobilidade da população entre as cidades, com a diversificação de polos de trabalho no país.

Os números comprovam a expansão do financiamento imobiliário em 2010. Os empréstimos com recursos da poupança até outubro somaram R$ 44,9 bilhões, mais do que o dobro do valor contabilizado em todo o ano de 2007, de acordo com a Abecip.

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