Quem está em busca de apartamentos para comprar na cidade de São Paulo encontra preços até 80% maiores do que há 12 meses, segundo estudo exclusivo feito para o JT pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base em dados do site de classificados de imóveis Zap. A pesquisa não inclui unidades na planta.
O maior aumento foi registrado em imóveis de 4 dormitórios na Vila Olímpia, cujo valor médio do metro quadrado subiu até 79,80% no mesmo período, de R$ 4,4 mil para R$ 7,9 mil. A segunda maior alta ocorreu com apartamentos de 3 quartos na região dos bairros da Luz e do Bom Retiro, cujo preço subiu 68,9% no período, de R$ 2,4 mil para R$ 4,1 mil o m².
“São bairros que vêm se valorizando de maneira abrangente. Na Vila Olímpia, imóveis não apenas de 4 dormitórios, mas também com 3 e 1 quartos estão entre os que mais se valorizaram na capital. O mesmo ocorre com a região do Bom Retiro e da Luz”, diz o coordenador do índice de preços de imóveis Fipe-Zap, Eduardo Zylberstajn.
O professor do núcleo que analisa o mercado imobiliário na Escola Politécnica da USP, João da Rocha Lima, aponta que a valorização destes distritos está ligada à facilidade de transporte. “A Vila Olímpia tem muitas unidades comerciais. Como há pouca oferta de imóveis residenciais na região, há uma valorização. Para se deslocar pouco até o trabalho, existe um preço. Já a região do Bom Retiro e da Luz começa a ser ocupada e encontra espaço para aumento de preços”, explica.
Outras regiões que tiveram as maiores altas são casos pontuais e estão geralmente ligadas à pouca oferta e muita demanda por determinado tipo de imóvel na região.
Já o preço de apartamentos com 1 dormitório na Vila Madalena e apartamentos com 4 dormitórios no Jaraguá, Mandaqui, Fazenda Morumbi – Jóquei Clube e Vila Formosa aumentaram, no máximo, 8,4% no período.
“São regiões que já se valorizaram muito e não encontram mais espaço para aumentos de preços. É o caso de apartamentos de 1 quatro na Vila Madalena, cujo preço médio está em torno de R$ 7 mil o m². Além disso, imóveis de 4 e 3 dormitórios perdem espaço para 1 e 2 dormitórios, que tendem a se valorizar mais por conta do preço menor e da tendência de famílias menores, que têm filhos cada vez mais tarde”, afirma Zylberstajn.
De 233 regiões da cidade analisadas no levantamento da Fipe, 33 tiveram crescimento acima de 36% e em 97 os preços subiram menos de 25%. Em 102 regiões, os valores médios tiveram aumento de 25% a 35%. Zylberstajn considera a alta, em média, expressiva.
“Nos últimos três anos há uma escalada dos preços, que mais que dobraram em algumas regiões desde então. Se a alta já passou do razoável não dá para afirmar, mas a tendência é que os preços em regiões que tiveram aumentos mais fortes tendam a ter uma acomodação, enquanto regiões que cresceram na média, até 30%, ainda encontrem espaço para aumento de preços.”