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Conversa e tarefas evitam "aborrecências" .

Conviver com adolescentes em condomínios é tão ou mais difícil que dentro de casa ou na escola. Longe do olhar vigilante dos pais e dos professores, surgem problemas como namoro nas áreas comuns, bate-papo até altas horas, música em alto volume, desrespeito a funcionários, vandalismo e até consumo de drogas nas dependências do prédio.

Muitos síndicos encontram soluções simples para esses problemas, baseadas sobretudo no diálogo e na atribuição de responsabilidades ao adolescente. Foi o que fez a bancária Telma Fátima dos Santos, que gerencia um prédio na Vila Prudente (zona leste) com 600 condôminos, dos quais ao menos 50 são jovens.

"Tínhamos muitos casos de pequenos atos de vandalismo, como esvaziar extintores e quebrar o painel do elevador. Resolvemos fazer festas dentro do condomínio e chamar os jovens para participar da organização. Dessa forma, eles passaram a se sentir responsáveis pelo espaço." A iniciativa surtiu efeito, e as ocorrências de vandalismo diminuíram.

"Em alguns edifícios, fizemos uma eleição para síndico-mirim. Eles mesmos ajudam a criar e a manter as regras e vigiam uns aos outros", testemunha Vânia Dal Maso, gerente-geral da Itambé Administradora.

As próprias administradoras orientam os síndicos nessas questões. Rodrigo Matias, da Matias Imóveis, sugere o diálogo: "De preferência, primeiro com o adolescente, antes de envolver os pais. Há um caso de uma família que se mudou depois de todo mundo ficar sabendo que o adolescente havia praticado sexo na escada do edifício. Isso não é legal", conta.

O síndico Wanderley Diaconiuc tenta seguir o conselho de Matias no condomínio em que vive, na Vila Alpina (zona leste), onde há pelo menos cem adolescentes. Mas, como nem sempre dá certo, ele encontrou outra maneira de acabar com o excesso de intimidade nas escadas de emergência.
"Eu subo até o último andar de elevador e desço os degraus com uma lanterna e calçando só meias, para evitar que os adolescentes escutem meus passos", relata.

Suzana Panzoldo, especialista em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae e acostumada a lidar com adolescentes, explica que geralmente eles não incomodam os moradores por mal. "O adolescente está em formação e precisa aprender muito sobre o espaço dele e o espaço do outro", explica.

Diálogo

Panzoldo concorda que o melhor caminho é o da conversa. "Impor regras muito restritivas convida o adolescente a transgredi-las. A forma mais acessível de fazer com que ele as aceite é ganhar sua confiança, sem imposições autoritárias, e não exagerar nas proibições", sugere.

No conjunto de prédios onde o advogado Carlos Elias é síndico, no Tatuapé (zona leste), as ocorrências relacionadas a adolescentes não são poucas, mas facilmente contornadas. Pai de um adolescente de 14 anos e de um menino de oito anos, Elias costuma conviver com os jovens: "Jogo bola na quadra com os meninos. O relacionamento fica mais fácil, tudo é resolvido primeiro na base da conversa. Os pais só são chamados se a coisa é mais grave".

Ele conta que, certa vez, um adolescente pichou uma parede e foi identificado através das câmeras de segurança.

"Em vez de cobrar uma multa dos pais, fiz um acordo com o menino, pedindo que ele limpasse o local em um horário em que os outros pudessem vê-lo fazendo isso, para dar o exemplo. Ele topou, e ficamos amigos."

Para evitar essas dores de cabeça, as construtoras tentam cortar o mal pela raiz: "Se é um condomínio projetado para famílias, criamos áreas de lazer próprias para os jovens, de modo que não incomodem os outros moradores. Já há edifícios onde o salão de festas fica no subsolo", conta Ellen Sum, gerente de operações da administradora Hubert.
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