Moradores de Ribeirão deixam de usar metais após sequência de furtos em vários bairros da cidade.
M
Os números de metal são alvos constantes de furtos na cidade, muitas vezes com objetivo de troca por pequenas porções de droga. É comum encontrar moradores de Ribeirão que já passaram pelo inconveniente de terem as peças levadas.
As peças de metal são vendidas a casas de fundição ou ferros-velhos, que chegam a pagar até R$ 8,50 peloo quilo de alumínio e até R$ 7 pelo quilo de latão - os materiais mais comuns que compõem as peças.
O artista plástico Rinart di Romano, 38, produz os números de mosaico em sua oficina e eles são uma opção contra a ação dos ladrões. Ele conta que é possível ganhar até R$ 400 por mês com a venda das peças "quando o movimento está bom”. Cada algarismo custa R$ 6.
Há cinco anos ele trabalha com esse tipo de produção, além dos vasos, bandejas e quadros que também vende. "Completo minha renda com todo o tipo de arte que faço, assim como aerografia e malabarismo na porta de bares e restaurantes", afirma.
Romano diz que já perdeu as contas de quantos números de mosaico já colocou nas casas dos bairros onde mora - Monte Alegre. "Aqui, esse tipo de ação é comum e as pessoas dão preferência para esse tipo de material." O artista também desenvolveu um chassi de ferro que coloca os números para serem fixados melhor nas fachadas das residências - que ele vende por R$ 10 cada (sem os números).
Nas lojas de Ribeirão, cada algarismo de metal pode ser encontrado pelo preço médio de R$ 2,50 (alumínio) e R$ 5 (bronze), mas podem chegar a R$ 50 dependendo do tamanho e do material.
A moradora do Jardim Independência Márcia Ferreira, 30, teve que buscar esse tipo de alternativa. Há oito meses o número 389 da frente de sua casa foi levado - eram feitos de bronze. No lugar, ela teve que colocar azulejos com a identificação, e gastou cerca de R$ 40. "Assim evito que eles sejam levados novamente", afirma. Ela conta que não viu a ação dos ladrões e também só notou a falta dos algarismos dias depois.
A falta de identificação nas residências podem gerar uma série de inconvenientes. Há três meses, uma placa de bronze com o número 258 marcava o endereço da residência de Maria Amália dos Santos Boaretto, 55, moradora do Jardim Independência há 34 anos. Hoje um buraco na parede denuncia o furto da peça de metal. Ela conta que tem que dar instruções para os entregadores de pizza ou de farmácias. "Peço para entregarem na casa que tem um buraco na parede", afirma. Ela diz ter comprado novos números de azulejos para colocar no local e deve instalá-los na próxima semana.
Moradora do Jardim Paulistano há mais de 20 anos, Aparecida Zuchermaglio Pinto, 60, também foi vítima de furto. As peças de bronze que marcavam o número 1.351 na porta de sua casa desapareceram durante um feriado prolongado que a família esteve viajando. "Vou ter que colocar algo que não chame a atenção, senão serei roubada novamente." Ela está pensando em colocar peças de madeira - que não podem ser trocadas ou vendidas pelas mesmas finalidades dos furtos dos algarismos de metal.
A polícia aponta principalmente duas situações para explicar esses casos: pessoas que furtam as peças de metal para conseguir dinheiro - para diversas finalidades, inclusive para comprar drogas - e atos de vandalismo praticados por jovens.
A polícia afirma que essas situações são difíceis de serem identificadas, principalmente pela falta de denúncia. "Na maioria das vezes os furtos ocorrem e os moradores não tomam conhecimento imediato, só percebem depois de alguns dias e não acionam a polícia", afirma o tenente Eliabe Guedes Furtado, relações públicas da Polícia Militar de Ribeirão Preto. Ele diz que a polícia faz trabalhos preventivos para combater as ações de furtos, mas pede para que os moradores acionem a polícia através do 190 se perceberem algum tipo de atitude suspeita.
O tenente ainda orienta os moradores a utilizarem materiais que não sejam de metal, como madeira ou porcelana. No caso de preferirem a utilização dos números de metal, é melhor instalá-los em locais mais altos, de difícil acesso.
GUILHERME TAVARES