A variação, apurada pelo Secovi-SP (sindicato do setor), é bem superior à de qualquer índice de inflação no período, como a alta de 4,9% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e a queda de 0,65% do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado).
Qual a lógica, então, da elevação dos aluguéis? O diretor de locação residencial do Secovi-SP, Hilton Pecorari, explica que a alta não se deve à inflação, mas à falta de oferta de imóveis de até dois quartos em regiões centrais ou perto do metrô.
"Nos últimos cinco anos, as construtoras e as incorporadoras deram ênfase a imóveis de alto padrão. Isso resultou em menos locais pequenos para serem alugados hoje", assinala.
Além do aumento de preços, outra consequência desse cenário são as filas para conseguir um bem com o perfil desejado.
"O tempo em que esses imóveis ficam vazios diminuiu", observa Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. "Apartamentos e casas bem conservados, que há alguns anos ficavam 40 dias sem ocupação, hoje não chegam a 12."
"É difícil achar um dois-dormitórios com aluguel e condomínio baixos perto do metrô, da avenida Paulista ou em Perdizes, Pacaembu e Higienópolis", diz Eduardo Komatsu, gerente de gestão patrimonial da administradora Itambé. A alta de dois-quartos em bom estado nesses locais chegou a 7% entre dezembro e junho últimos.
À espera
"Se o locatário ainda faz questão de rua tranquila e de andar alto, com face norte, pode se preparar para esperar", completa Komatsu.
Foi o caso da "web designer" Shirley de Moraes, 36, que sabia exatamente o que queria: "Um apartamento com aluguel baixo, na Mooca [zona leste], em uma rua tranquila, de fácil acesso ao metrô", descreve.
Com tantos pedidos, Moraes demorou um ano para encontrá-lo. "Desisti de procurar. Aí fiz uma ficha na imobiliária e ela me ligou logo que o local desocupou", relata.
MARIANA DESIMONE
colabpração para a Folha 16-08-09