Especulação imobiliária - Valor de loteamentos na Zona Sul de Ribeirão deve cair até 10% após euforia e excesso de oferta.
Depois de meses de euforia no mercado imobiliário, a Zona Sul de Ribeirão, área da cidade com maior valorização no setor, começa um processo de realinhamento de preços dos terrenos para loteamentos. Especialistas afirmam que a grande oferta de negócios saturou o mercado e que promoverá ligeira redução de preços nos próximos meses —que pode chegar a 10% dos valores praticados até o final de setembro.
De acordo com o presidente regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), José Batista Ferreira, esse comportamento já era esperado, uma vez que os preços praticados estavam inflacionados, motivados pela especulação de capital do setor na bolsa de valores. “O setor (da construção civil) ficou estagnado durante 20 anos, era considerado um investimento de risco. Porém, com a retomada do crescimento, em algumas áreas o mercado passou a praticar preços acima da realidade porque havia uma procura muito grande."
Batista ainda afirmou que, com o esgotamento da procura das classes mais altas pelos empreendimentos, faltam atrativos e fôlego à classe média para integrar-se à esse mercado. “É preciso criar políticas públicas de estímulo financeiro a essas classes.”
Corretor de imóveis em Ribeirão Preto há 20 anos, Paulo Márcio Sant’Anna disse que nunca viu preços tão altos na Zona Sul da cidade. “Vi áreas que antes eram vendidas a R$ 670 mil chegarem a custar R$ 1,5 milhão em menos de um ano.
Para o proprietário de imobiliária Jader da Fonseca Pinto, pode haver redução no preços das grandes áreas de loteamentos, mas o valor dos terrenos deve continuar em ascensão. “Faltam áreas nos bairros da Zona Sul para a construção de residências”, diz.
Crise pode ser motivo
O realinhamento de preços das grandes áreas da Zona Sul pode ser um indicador da crise financeira mundial, na visão do analista financeiro e coordenador do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), Edson Carminatti. “O momento é de sensibilidade na economia, no Brasil isso já repercute nas vendas de automóveis. Isso deve refletir também no mercado de imóveis e terrenos.” (GT)
GUILHERME TAVARES