Em bairros nobres, bens ficam até 8 meses à venda, mas têm boa liquidez.
Quem percorre zonas residenciais na cidade de São Paulo, em bairros como Alto de Pinheiros, Pacaembu ou Morumbi, encontra uma grande quantidade de placas de "vende-se" ou "aluga-se".
Engana-se, porém, quem pensa que aquelas casas, que chegam a ter área construída de 400 m² e preços que vão de R$ 500 mil a mais de R$ 3 milhões, costumam ficar às moscas por muitos anos.
Esses imóveis, fora de condomínios fechados e com um metro quadrado que varia de R$ 4.000 a R$ 6.000, atraem compradores que "valorizam sobretudo a localização e o tamanho do terreno", aponta Michael Bamberg, dono da consultoria imobiliária Bamberg.
As propriedades costumam levar de seis a oito meses, em média, para serem negociadas. "As mais baratas têm maior liquidez, principalmente se o entorno é bom", aponta Amilton Rosa, diretor comercial da imobiliária Coelho da Fonseca.
"O que influencia na liquidez é principalmente a localização. Casas mais próximas do estádio do Morumbi, por exemplo, apresentam esse problema [demoram mais para serem vendidas]", exemplifica.
O que afugenta os compradores, no caso, é a movimentação de pessoas e de veículos em dias de jogos ou de eventos.
Pela lógica da oferta e da procura, muitas casas vazias fora de condomínios sinalizariam preços em declínio --mas isso não corresponde à realidade.
Os preços não se alteraram nos últimos anos, afirma Bamberg. Um fator que dificulta a venda é a avaliação superestimada do bem; a má conservação também diminui a liquidez.
Perfis
Em relação aos compradores do Morumbi, foi percebido um outro tipo de mudança: a diminuição da faixa etária.
"Hoje quem compra essas casas são jovens que já têm uma vida profissional sólida", argumenta Bamberg.
O diretor de marketing da Local Imóveis, Hamilton Silva, afirma que os proprietários que colocam esses imóveis à venda estão em outra faixa etária.
"São pessoas mais velhas, que já criaram seus filhos. O imóvel fica grande demais para elas, que partem para apartamentos e casas menores no mesmo bairro."
Já Vicente Todaro, diretor administrativo da imobiliária Kauffmann, oferece uma descrição dos que procuram grandes casas no Alto de Pinheiros.
"Lá, os compradores, em geral, querem que seus filhos freqüentem a mesma escola em que eles estudaram", diz.
Para Bernd Rieger, consultor do mercado imobiliário, executivos que já moraram fora do país não sentem tanto o preço desses imóveis.
"Uma casa de alto padrão de 300 m² custa o dobro [das de São Paulo] em Paris ou Londres e chega a custar cinco vezes mais em Moscou ou Tóquio", calcula.
MARIANA DESIMONE
Colaboração para a Folha de S.Paulo 17/08/08