Déficit habitacional. Agendamento para inscrição dos 224 apartamentos no João Rossi começou ontem e teve quem dormiu na fila.
A diarista Luciene Santos Chagas, 29 anos, passou a noite em uma fila para fazer o agendamento de inscrição nos 224 apartamentos da CDHU, no João Rossi, que devem ser sorteados em março. Ela foi a primeira a chegar, no domingo, às 19h. Levou café e água congelada. Ela mora no Jardim Marchesi e tem quatro filhos. Ontem, 2,8 mil pessoas agendaram a inscrição. Segundo a Cohab, há uma fila de 12 mil pessoas que ganham de zero a três salários mínimos.
Os apartamentos que serão entregues precisarão passar por uma limpeza e pequenas reformas antes de receber os moradores. Prontos há pelo menos três meses, os imóveis não foram entregues porque esperavam a aprovação da lei de regularização de construções —conhecida como "Lei do Puxadinho"— e agora acumulam, do lado de dentro, poeira e, do lado de fora, mato alto, que impede a entrada no local.
“Preciso muito de uma casa. Moro em um cômodo, no fundo da casa do meu pai. Vou rezar até no dia do sorteio”, afirmou Luciene. Ela não sabia que não precisava chegar cedo, porque o atendimento não foi por ordem de chegada, mas apenas um agendamento para a inscrição.
O auxiliar de enfermagem Fernando Expedito Pereira, 37, também não sabia que poderia chegar de manhã. Foi à 1h da madrugada e já encontrou uma fila de 30 pessoas. Pai de duas filhas, ele também mora no Jardim Marchesi. “Pago aluguel e tenho inscrição na Cohab há mais de quatro anos, mas até agora não consegui uma casa”, disse.
ATENDIMENTO. O atendimento foi rápido nos 22 postos de atendimento montados. Para o agendamento foi necessário apenas a apresentação da carteira de identidade. Para a inscrição, novos documentos serão exigidos. O agendamento das inscrições vai até sexta-feira, no Poliesportivo do Botafogo, das 9h às 17h.
A Prefeita Dárcy Vera (DEM), que esteve no local ontem de manhã, disse esperar mais de 8 mil pessoas até sexta-feira.
Conjunto foi regularizado por lei polêmica
Os 224 apartamentos da CDHU estão prontos e só não foram entregues antes porque precisava de regularização, pois faltam 90 vagas de estacionamento de veículos. A Câmara demorou a aprovar o projeto de regularização, que ficou conhecido como “Lei do Puxadinho”, em função da polêmica criada por outras regularizações.
O diretor regional da CDHU em Ribeirão Preto, Evaldo Jardim, disse que não há um critério para definir quem terá ou não vaga de estacionamento. “Fizemos uma otimização e todas as vagas possíveis foram disponibilizadas. Agora caberá ao condomínio organizar a distribuição ou um possível rodízio”, afirmou.
Os apartamentos possuem dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço em 44,89 metros quadrados de área construída. “Todos com piso frio e azulejos”, disse Jardim. Os apartamentos podem ser financiados em até 300 meses. (GS)