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Construtoras devem voltar à Bolsa, mas com ânimo contido

São Paulo - Empresas do setor imobiliário listadas na BM&FBovespa deverão recorrer ao mercado de capitais a partir de agosto diante da expectativa de expansão da construção civil e da necessidade de recursos para fazer frente ao crescimento esperado, afirmam especialistas.


Profissionais descartam, contudo, um novo “boom” de ofertas de ações do setor e apontam que a participação das construtoras na retomada do mercado acionário deve ser mais tímida do que a observada em 2007, ano histórico para a Bovespa.


Com investidores mais seletivos em razão da crise financeira, empresas cujas ações possuem mais liquidez e que atuam no segmento de baixo e médio padrão deverão encontrar melhor aceitação em Bolsa.


Como pano de fundo para a aposta em tais companhias aparece a retomada das vendas de imóveis no segundo trimestre, conforme sinalizado por prévias operacionais divulgadas recentemente.


“A forte valorização das ações do setor neste ano impõe cautela, mas ainda haveria espaço (para emissões) por companhias com mais liquidez e maior porte, se o setor mostrar crescimento no segundo semestre”, afirma o analista Eduardo Silveira, da Fator Corretora.


No ano até segunda-feira, os papéis das três construtoras que integram o Ibovespa –Cyrela, Gafisa e Rossi Residencial– acumulam ganhos de 105,5 por cento, 136 por cento e 188,4 por cento, ante valorização de 45,3 por cento do principal índice da Bolsa paulista.


Em 2009, MRV Engenharia e BR Malls já realizaram ofertas de ações.


A Gafisa, que tinha planos para uma nova oferta primária, suspendeu a operação que levaria para seu caixa de 600 milhões a 700 milhões de reais, em razão de “condições do mercado”.


Ainda assim, para especialistas, a Gafisa ainda seria candidata a uma nova oferta de ações. O que teria sido o principal fator de pressão sobre os preços do papel na operação suspensa –o descumprimento de um compromisso financeiro estabelecido junto a debenturistas –já foi contornado.


“Com a renegociação do covenant (de limite de endividamento), tudo indica que a Gafisa poderia conseguir um preço mais atraente na oferta”, diz Silveira, da Fator.


Outra companhia indicada como potencial candidata é a Cyrela. Conforme circulou no mercado recentemente, a empresa poderia acessar a Bolsa por meio de uma nova oferta de papéis de sua emissão ou ainda via oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da Living, empresa do grupo para baixa renda.


A Cyrela, contudo, nega por meio de sua assessoria de imprensa planos de listar a Living na Bolsa paulista.


De acordo com o diretor-geral da Brazilian Mortgages, Fábio Nogueira, algumas das 21 construtoras e incorporadoras que abriram capital em 2007 –movimentando mais de 14,5 bilhões de reais– já previam um “follow on” naquela ocasião.


“Já teve início a nova onda de ofertas de ações do setor”, diz Nogueira. “As empresas precisam de caixa para tocar projetos e investidores voltam a mostrar interesse no setor.”


VOLTA DO ESTRANGEIRO - A perspectiva aos negócios para a clientela de baixa renda com o programa do governo “Minha Casa, Minha Vida” e a exposição exclusiva das construtoras ao mercado interno devem ter apelo junto ao investidor estrangeiro, que teve participação expressiva nas ofertas do setor em 2007.


Lançado em março, o “Minha Casa, Minha Vida” prevê 34 bilhões de reais para a construção de 1 milhão de moradias para famílias com renda de até 10 salários mínimos.


“As companhias com foco em baixa e média renda e as que se preparam para um crescimento de 5 a 6 por cento ao ano do setor imobiliário poderão ir a mercado em busca de recursos”, diz o presidente do sindicato imobiliário Secovi-SP, João Crestana.


“Desta vez, será um movimento mais sólido, não apenas movido a entusiasmo”, prevê.


A Tecnisa observa com cautela a oportunidade de realizar uma nova oferta de ações.


“Vamos começar a gerar caixa no início do ano que vem e estamos em uma situação bastante confortável em termos de endividamento”, aponta o diretor de Relações com Investidores da companhia, Leonardo Paranaguá.


No caso da Tecnisa, que atua em imóveis mais voltados às rendas média e alta, o dinheiro de uma eventual captação via ações seria, neste momento, mais caro, já que os papéis da empresa estão abaixo do valor patrimonial, segundo Paranaguá.


Informações da Reutters

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