São Paulo - O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse hoje que, apesar de o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) interromper em setembro um período de seis meses consecutivos de quedas mensais, a tendência para a taxa acumulada do indicador em 2009 ainda é de deflação no final de dezembro. Se a previsão de Quadros se confirmar, será a primeira vez que o índice de inflação criado em 1989 fechará um ano em declínio.
Com a alta de 0,42% de setembro anunciada hoje pela FGV, o IGP-M acumulou nos primeiros nove meses de 2009 uma taxa negativa de 1,61%. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, a taxa acumulou queda de 0,40%. “As chances de fecharmos o ano com IGP-M negativo realmente são boas”, opinou o coordenador. “Será a primeira vez na história do índice, que tem 20 anos”, destacou.
Tradicionalmente bastante comedido para informar projeções para o índice da FGV, Quadros reconheceu que a tendência é o IGP-M fechar o ano com este comportamento inédito. Tudo isso basicamente por causa do provável comportamento futuro da taxa de 12 meses, que, em dezembro, será a acumulada de 2009.
Segundo ele, há uma tendência natural de recuperação dos preços do atacado, num reflexo do início da recuperação da atividade industrial do País. Ressaltou, porém, que, dificilmente o índice mostrará taxas mensais muito mais elevadas que a de setembro no restante do ano e que isso favorecerá a permanência da taxa acumulada no terreno negativo.
Já para outubro, Quadros lembrou que a taxa de 12 meses expurgará do cálculo a forte inflação de 0,98% registrada pelo IGP-M de outubro do ano passado. Como a tendência, de acordo com ele, é uma taxa positiva, mas em um nível bem menor para o próximo mês, o resultado acumulado deverá ser até mais negativo que o número atual de 0,40%. Para novembro e dezembro, a tendência é uma leve diminuição da taxa negativa, mas ela ainda deve permanecer neste terreno de declínios, segundo o coordenador.
Para Quadros, um IGP-M negativo inédito em 2009 seria importante para os índices de inflação ao consumidor do próximo ano, já que ainda existem vários contratos, de aluguel e de tarifas públicas, que utilizam parcialmente ou integralmente o indicador como base para reajustes. “Já seria uma ajuda e tanto, já que algumas tarifas e serviços ainda mostram indexação em relação a este índice”, disse, citando, como exemplo, preços de pedágios, de planos de saúde mais antigos e de algumas tarifas de água e esgoto de municípios brasileiros.