A venda de imóveis residenciais novos está retomando o ritmo de comercialização. Em junho, das unidades disponíveis na capital paulista, 21,5% foram vendidas, o melhor desempenho desde maio de 2008, segundo os dados divulgados nesta terça-feira pelo Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo.
Na média do primeiro semestre, 12,8% foram comercializadas, e a previsão para 2009 foi revista e deve atingir 13% --contra 12% da projeção anterior. O menor patamar de vendas sobre oferta foi contabilizado em outubro do ano passado, quando esse indicador chegou a 4,9%, o que levou as construtoras a reduzirem o ritmo de lançamentos.
Em junho, 1.715 imóveis foram colocados no mercado, ante 4.027 no mesmo mês de 2008. No acumulado do semestre, 8.150 foram lançados, menos da metade do registrado em igual período do ano anterior (16.812). A projeção da entidade para todo o ano também foi revista, de 28 mil para 25 mil unidades que devem ser postas à venda, impactada pelo resultado do primeiro semestre, patamar bem inferior ao de 2008 (34 mil).
"Não há como comparar o tempo de decisão dos consumidores com o dos empresários", respondeu João Crestana, presidente do Secovi-SP, ao ser questionado se a confiança dos clientes em potencial se recuperou mais rapidamente. Entre a compra do terreno e o lançamento do produto, ele contabiliza que se passam entre seis e oito meses.
Com a diminuição no número de lançamentos, os estoques ao final de junho chegaram a 13.028 unidades na cidade de São Paulo, ante 16.182 no mesmo mês do ano passado e 20.026 em dezembro. Já as vendas totalizaram 14.368 unidades no primeiro semestre, uma redução de 25,3% no comparativo com o mesmo período do ano passado.
Segundo Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), o valor dos imóveis na região metropolitana de São Paulo teve um aumento nominal (sem descontar a inflação do período) de 15%, em média, no primeiro semestre em relação a igual intervalo no ano passado. Ele pondera, no entanto, que a comparação pode estar sendo feita com produtos diferentes em locais diferentes.
Entre os motivos do aquecimento nas vendas na cidade de São Paulo estão o feirão realizado pela Caixa Econômica Federal em maio e o Minha Casa, Minha Vida, que deixou o setor em evidência, despertando o interesse por imóveis mesmo acima da faixa de valor determinada pelo programa federal (R$ 130 mil).
Das propostas de empreendimentos recebidas pelo banco até 31 de julho, último balanço disponível do plano habitacional que começou a funcionar em abril, 177 foram contratadas em todo o Brasil, o que representa 26.211 unidades e R$ 1,66 bilhão em investimento.
Os dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) divulgados ontem também apontam o início da recuperação do setor, impulsionada pela volta da confiança do consumidor e a redução dos juros. Em junho, foram financiados 25.840 imóveis com recursos da caderneta no país, a maior quantidade desde setembro do ano passado, quando houve o agravamento da crise econômica. No primeiro semestre, no entanto, o número (125.136) ainda apresenta leve redução, de 2,6%, no comparativo com os seis primeiros meses de 2008.
TATIANA RESENDE - 11/08/09